Integrante do Comitê Internacional da Cruz Vermelha atende feridos no terremoto recentemente ocorrido no Haiti (crédito: ©ICRC/M. Kokic/ht-e-00543)
por Fábio Brandt
"Recebemos um monte de mensagens de pessoas que queriam ir para o Haiti. Mas não trabalhamos assim", diz o francês Dominique Delley, coordenador de recursos humanos da ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF) no Brasil. "Fazemos recrutamento e as pessoas entram para um pool de reserva. Então escolhemos por perfil e oferecemos a missão, que pode ser aceita ou não", explica.
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Para participar de uma missão da MSF, deve-se cadastrar currículo e carta de motivação no site da instituição e passar pela triagem de perfis – mecanismo similar ao usado pela Cruz Vermelha na convocação de voluntários. Os escolhidos pela MSF participam de entrevistas e atividades práticas de recrutamento que, no Brasil, ocorrem no Rio de Janeiro. As provas, explica Delley, tentam reproduzir situações estressantes. "Pra nós é interessante ver como [o candidato] vai se comportar dentro de uma missão mesmo".
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Caso aprovado, o candidato espera propostas de missões. Se aceitar uma proposta, torna-se voluntário e assina um contrato a tempo determinado – que lhe garantirá salário e cobertura de necessidades básicas (como alimentação, transporte, moradia, vacinas e visto) durante a missão.
PERFIL
Mas quem deseja rendimentos acima da média brasileira e tratamento especial por ser formado em Medicina terá dificuldades em trabalhar numa organização humanitária. "Se quer fazer dinheiro, vai se arruinar, porque não vai conseguir economias", adverte Delley. Além disso, "a MSF não tem hierarquia, o médico não fica acima. Uma enfermeira de 25 anos tem o mesmo valor de um médico de 35 e o coordenador do médico pode ser alguém não médico. Ninguém vai chamá-lo de doutor", acrescenta.
Além de experiência profissional de pelo menos dois anos e de conhecimento de línguas estrangeiras, a MSF prioriza candidatos com experiências de vida alinhadas ao seu trabalho. O mesmo ocorre com outras das principais organizações humanitárias, como o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) – braço da Cruz Vermelha dedicado exclusivamente a situações de conflito armado.
"Procurei o CICV em busca de satisfação, para ajudar as pessoas que necessitam e por curiosidade de conhecer melhor o ser humano", conta o médico venezuelano Andrés Vera, funcionário do Comitê desde 2001. Vera nunca trabalhou em catástrofes naturais (como o terremoto que assolou o Haiti recentemente), mas já participou de missões do CICV em conflitos da Guiné, Uzbequistão, Quirguistão, Iraque e Geórgia. Há um ano, ele se mudou para o Rio de janeiro, onde é consultor de um projeto do Comitê ligado à violência urbana.
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