Inscrições para vestibulares de medicina podem passar de R$ 1.600
A elitização do curso já começa antes mesmo da matrícula. Confira quanto um estudante tem de desembolsar para participar dos vestibulares
Medicina é o curso mais concorrido do país, isso já se sabe há tempos. Além de concorrida, a carreira tem fama de elitizada: geralmente quem é aprovado nas provas passou anos estudando, muitas vezes em um ritmo incompatível com um trabalho remunerado.
Uma vez dentro do curso, o investimento financeiro segue alto: aparece nas altas mensalidades (que podem variar entre R$ 5.000 e R$ 12.000), no custo do material de estudo, nos gasto com moradia, alimentação e transporte – além, é claro, do tempo de dedicação necessário, por se tratar de uma graduação em tempo integral.
Mas há um outro custo invisível que recai sobre quem quer seguir carreira na Medicina: as taxas de inscrição para os vestibulares, que geralmente passam dos R$ 100. Um estudante do estado de São Paulo, por exemplo, que deseja se inscrever nas principais universidades do estado, pode desembolsar mais de R$ 1600 – apenas em taxas de inscrição.
Quem se deu conta dos valores abusivos foi a estudante Melissa Toledo, de 21 anos, que está na quinta tentativa para o vestibular de Medicina. Ela pretende prestar seis das principais universidades do estado de São Paulo – e então notou o preço que as inscrições somavam.
Para ela, arcar com os custos das taxas de inscrição não é uma questão, mas ela sabe que é exceção. “Para mim, 90 reais não faria uma grande diferença na compra do mês ou em qualquer conta de casa, mas existem pessoas para a qual esse dinheiro faria diferença. Acho que, em parte, o valor das taxas de inscrição contribui para a elitização do curso”, diz Melissa.
De fato, nem todos os estudantes têm acesso ou direito ao pedido de isenção das taxas, seja por um desconhecimento das possibilidades de isenção que as universidades oferecem, seja por não se encaixarem exatamente nos critérios necessários exigidos. Normalmente, os critérios para isenção total são: ter cursado todo o ensino médio em escola de rede pública, possuir renda familiar per capita mensal de até 1,5 salário mínimo e/ou estar em situação de vulnerabilidade econômica. Já para a isenção parcial, exige-se a comprovação de renda familiar per capita mensal de até 3 salários mínimos.
Para comprovar que se encaixa em todos os critérios exigidos, o estudante ainda precisa apresentar documentos como um holerite familiar ou a declaração do Imposto de Renda, o que pode dificultar o pedido de isenção.
“Acredito que existam pessoas que tem direito e não conseguem por falta de documentos ou outros motivos, como não ter acesso a internet em casa e afins”, completa a estudante Melissa.
Selecionamos aqui os valores das taxas de inscrição dos principais vestibulares de Medicina do estado:
Santa Casa: R$ 330 na modalidade Ampla Concorrência; R$ 120 na modalidade Cota Social
Unifesp: R$ 144 (com possibilidade de pedido de isenção total)
Fuvest: R$ 191 (com possibilidade de pedido de isenção parcial ou total)
Unesp: R$ 192 (com redução de 75% para alunos do ensino público paulista, e possibilidade de pedido de isenção parcial ou total)
Unicamp: R$ 192 (com possibilidade de pedido de isenção parcial ou total)
Enem: R$ 85 (com possibilidade de isenção total)
PUC-SP: R$ 180
FAMERP: R$ 165 (com possibilidade de pedido de isenção parcial)
FAMEMA: R$ 180 (com possibilidade de pedido de redução parcial ou total)
TOTAL: R$ 1659