“Todos deviam conhecer esse livro, independentemente de estar na lista”, afirma Fernando Marcílio Lopes Couto, professor de literatura do Sistema Anglo de Ensino há 20 anos. “Machado era um mestre da ironia, como o Eça de Queirós. Mas o principal de Dom Casmurro é que o livro permite ao leitor fazer diferentes leituras e concluir que não tem leitura definitiva do romance, porque não tem leitura definitiva da vida humana”, argumenta Couto.
O livro, publicado em 1899, é narrado por Bento Santiago, o Bentinho, que conta a história de sua vida, focando-se no período dos 15 aos 30 anos, “quando ocorrem as coisas mais importantes para ele”, explica o professor Couto. Santiago recorda de quando abandona o seminário para viver com sua amada, Capitu, e de quando se separa por acreditar ter sido traído.
“Ele conta a história para entender o que o fez perder a crença nas pessoas e porque se tornou amargurado. E conclui que foi traído por sua esposa e pelo melhor amigo, Escobar, as pessoas que mais amava”, sintetiza Fernando Couto. O professor acrescenta que a conclusão pode ser questionada, pois o texto não dá elementos para comprovar a traição.
ANALOGIA
Assim como Memórias de um Sargento de Milícias é uma obra romântica excêntrica (por ter um anti-herói como protagonista, oposto ao ideal do romantismo), Dom Casmurro destoa do realismo convencional, estética predominante na obra de Machado. Na contramão dos realistas, Dom Casmurro “questiona a noção de verdade e a possibilidade de alcançá-la”, conclui o professor.
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