Esteticamente, o Auto da Barca do Inferno, de Gil Vicente, é uma peça teatral do humanismo português. “Isso significa que é uma obra do período de transição entre a cultura medieval e a renascentista”, esclarece Fernando Marcílio Lopes Couto, professor de literatura do Sistema Anglo de Ensino. Por isso, os vestibulandos devem saber diferenciar os elementos do livro característicos da Idade Média e os do Renascimento, destaca Couto.
As referências religiosas, as imagens de Deus e do diabo, por exemplo, são medievais. Já o antropocentrismo e o interesse de Gil Vicente em abordar questões da sociedade humana, construindo os tipos, são do Renascimento, exemplifica o professor.
A estrutura do texto, em versos, era muito comum na Idade Média, e está presente em toda a obra de Gil Vicente, lembra Fernando Couto. “A peça progride com estrutura repetitiva: uma personagem chega ao local onde estão duas barcas, uma que vai para o céu e outra para o inferno. E entra em uma das barcas. Depois, chega outra personagem e faz o mesmo. E assim por diante”, acrescenta Couto.
Sobre as personagens, o professor alerta que é “interessante saber quem é punido e quem é glorificado, porque cada personagem é uma alegoria pra um pecado”. Ele explica que todas as almas têm diversos pecados, mas são punidas de acordo com um único pecado mais simbólico (como a vaidade ou a soberba). Essa exaltação de um só aspecto caracteriza a construção dos tipos, marcantes no Auto da Barca do Inferno.
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