Iracema, obra de José de Alencar publicada em 1865, é tipicamente romântica, classifica Fernando Marcílio Lopes Couto, professor de literatura do Sistema Anglo de Ensino. “O romance foi escrito para representar a origem da raça brasileira”, diz.
Ao contrário de Memórias de um Sargento de Milícias (1854) que tem um anti-herói, vagabundo e largado, Iracema possui um típico herói romântico: o europeu Martim, que mistura sentimentos e valores nobres, como amor e honra. Além disso, a heroína é a índia Iracema, “que coloca o amor acima de todas as coisas”, afirma Couto.
O filho dos protagonistas, Moacir, representa o início da raça brasileira, analisa o professor. Ele explica que Iracema é um romance alegórico, cheio de simbologias. Martim, o branco, significa a cultura. Iracema, a índia, significa o amor pela terra. “Essa mistura dá a raça brasileira”, interpreta Couto.
Outra união presente no texto de Alencar é a da prosa com a poesia. “Ele conseguiu agregar ao seu estilo elementos próprios da poesia. É a prosa poética, caracterizada por elementos mais próximos do poema, como ritmo e criação de imagens sugestivas, com metáforas. Alencar cria uma atmosfera mítica, desligada da realidade e próxima da mitologia”, descreve o professor.