por Fábio Brandt
Quem se prepara para os vestibulares deve aproveitar as férias para descansar e voltar em forma para a maratona de estudos. Isso não quer dizer que o período de descanso é improdutivo. Pelo contrário: aproveitar a pausa para dar mais atenção a detalhes do cotidiano pode ajudar, por exemplo, a fixar melhor os conteúdos de biologia.
– Confira formas alternativas de estudar outras disciplinas
Uma questão frequente nos vestibulares e que os alunos podem treinar em casa é classificar as plantas em monocotiledôneas ou dicotiledôneas. “O jeito mais fácil de ver é pelas folhas. Se elas tiverem nervuras paralelas, como a palha do milho, é monocotiledônea. Se tiverem nervuras em rede, como o feijão, é dicotiledônea”, explica Marcelo Alex Leal, médico e professor de biologia do colégio e cursinho Objetivo.
Contar o total de pétalas da flor também ajuda a constatar a diferença. Nas monocotiledôneas, esse número sempre será múltiplo de três. Nas dicotiledôneas, será múltiplo de quatro ou de cinco. “Se houver 15 pétalas, é múltiplo de três e de cinco. Aí tem que ver a nervura das folhas também”, comenta Marcelo.
A divisão entre “mono” e “dicotiledôneas” só existe para as angiospermas, grupo (ou filo) mais evoluído do reino vegetal, adverte o professor. O grupo mais primitivo é o das briófitas, representadas pelos musgos, facilmente reconhecidos no ambiente doméstico como “aquele veludo verde que escorre pelo muro de casa”, diz Marcelo.
Depois das briófitas, vêm as pteridófitas, famosas plantas ornamentais muito usadas para enfeitar a casa – como a samambaia. Na sequência, aparecem as gimnospermas, antecessoras das angiospermas na escala evolutiva dos vegetais.
Quem aproveitar as férias no sul do país, indica o professor Alex Leal, verá muitas gimnospermas, principalmente o pinheiro do paraná, também chamado de Araucaria angustifolha. “Ela dá o pinhão, que é uma semente comestível, não um fruto”, ressalta o professor. Fruto só seria possível em angiospermas.
Aliás, o reconhecimento de frutos verdadeiros e falsos (pseudofrutos) é outro ponto importante para os vestibulares que pode ser melhor fixado durante as refeições diárias. Itens de sobremesa como morango, pera, maçã e caju não são frutos, alerta Marcelo. “Eles não se originam no ovário da flor, mas em outras partes. O fruto é o ovário que cresce e se desenvolve”. Frutos reais, por incrível que pareça, são o tomate, o pepino e o pimentão.
MUNDO ANIMAL
Mas o cotidiano não oferece apenas aprendizado sobre o reino vegetal. “Durante as férias, em casa, o aluno talvez possa obervar diferenças entre insetos, aracnídeos e crustáceos”, sugere o professor Marcelo. As três espécies integram o filo dos artrópodes, grupo com maior número de espécies do reino animal.
“Se tem formiga em casa, um inseto, repare: ela tem seis patas, duas antenas e o corpo dividido em três partes, a cabeça, o tórax e o abdome”, aponta o professor. “Sempre que tem um bichinho andando na parede e não se sabe o que é, chega lá e conta as perninhas. Se forem seis, é inseto”.
Caso a conta der oito, o bicho não possuir antenas e tiver o corpo dividido em dois – abdome e cefalotórax, que conjuga cabeça e toráx -, então é um aracnídeo, como as aranhas. Já os crustáceos, como o camarão, têm dez ou mais patas, quatro antenas e o corpo dividido também em cefalotórax e abdome.
“Aquele filme, Vida de Inseto, embora seja feito de forma bem humorada, para leigos, tem um rigor científico muito bom. É mais que uma diversão, é uma aula”, opina o professor, ressaltando que o mesmo não ocorre com Mickey Mouse – famoso personagem de Walt Disney. “Ele sé tem quatro dedos, mas o rato é mamífero e todo mamífero tem cinco dedos”, argumenta.
EVOLUÇÃO
Os artrópodes, no entanto, são o terceiro filo mais evoluído dos animais. Para apresentar os outros filos aos vestibulandos, o professor Marcelo começa com um exemplo marcante de porífero, grupo animal menos evoluído: “nas férias, quem ligar a televisão e vir o Bob Esponja, lembre-se que a esponja é um animal, pertencente ao filo dos poríferos”.
Na sequência da escala evolutiva, surgem os celenterados (ou cnidários). É o filo das medusas, águas-vivas e anêmonas, vistas com frequência no litoral. “Têm uma célula, o cnidoblasto, que nos queima quando a gente encosta nela”, detalha o professor de biologia. A primeira cena do desenho Procurando Nemo, lembra ele, destaca um celenterado: Nemo e seus pais são perseguidos por tubarões e se escondem sob uma anêmona para se proteger. Isso acontece porque peixes-palhaço têm um revestimento protetor contra queimaduras, o que não ocorre com os tubarões.
Depois dos celenterados, vêm os platelmintos, classicamente representados pela planária e pela solitária, seres incomuns no ambiente residencial. Na sequência, aparecem os nematelmintos, como a lombriga. “Se for pro interior, cuidado pra não andar descalço. Os vermes nematelmintos podem penetrar na pele do pé, ir pro intestino e causar amarelão”, descreve Marcelo, referindo-se ao Necator americanus e ao Ancylostoma duodenale. Os vermes são conhecidos como “vampiros”, porque se alojam no intestino e sugam tanto sangue da pessoa, que ela fica com anemia, perde a cor vermelhinha e fica branco-amarelada – daí o nome “amarelão”.
O próximo grupo, dos moluscos, pode ser até experimentado pelos estudantes. São as ostras, lulas, polvos e mariscos – caracterizados pelo corpo mole. Já o grupo seguinte, dos anelídeos, desperta de nojo à curiosidade na moçada. Quem quiser conhecê-lo melhor pode “fuçar” na terra e procurar uma minhoca – hermafrodita e com a boca em uma extremidade do corpo e o ânus na outra, como todos os anelídeos. “Se chegar perto da minhoca, vai ver que uma região de seu corpo é mais clara, chama-se clitelo. Ela está sempre mais perto da extremidade da boca e é fácil de ver”, afirma o professor.
Os próximos são os artrópodes, já apresentados. Chega então a vez dos equinodermas, filo da estrela do mar, do ouriço do mar e do pepino do mar. “Quase todos tem mar no nome”, observa Marcelo, destacando que esses seres tem grande capacidade de regeneração. “Se você quebrar um braço da estrela e jogar na água, ela vai fabricar um braço novo. Mas o braço também vai formar uma estrela nova”, diz.
Por fim, o professor apresenta o filo dos cordados, o mais evoluído entre os animais e que engloba as espécies vertebradas. Para nunca se esquecer quem são os vertebrados, Marcelo dá a dica: basta se lembrar da sigla PAREM (peixes, anfíbios, répteis, aves e mamíferos).
– Leia notícias sobre vestibular