No final do século 19 e começo do século 20, não houve cidade no mundo que reuniu mais artistas e intelectuais do que Paris, na França. Um simples passeio por bares, salões e cafés era suficiente para esbarrar com grandes nomes das artes. Nas ruas se respirava cultura e modernidade.
Com “Meia-Noite em Paris”, filme do diretor americano Woody Allen, dá para viajar um pouco no tempo e conhecer essas grandes personalidades históricas que viveram por lá.
O protagonista é Gil, um roteirista de cinema desiludido com o trabalho que visita a cidade com sua noiva. Apesar de estar no século 21, Gil sonha em viver nos anos 1920, época em que esses grandes artistas circulavam pelos cafés da cidade.
Eis que, passeando pela cidade, ao relógio anunciar meia-noite, o rapaz misteriosamente realiza este sonho. Nesse “delírio”, encontra escritores, poetas e pintores e conhece uma Paris que via a popularização do cinema e o surgimento do automóvel, do telefone, do avião e da fotografia.
O GUIA listou alguns movimentos literários e artísticos que fervilhavam pela Paris daqueles anos e seus personagens mais marcantes que ganham vida no filme. Confira:
1. Literatura modernista
Gil encontra-se com grandes nomes da literatura modernista norte-americana, marcada por mais liberdade de estilo e que já retratava o homem diante das novas condições impostas por um mundo mais urbano, industrializado e “acelerado”.
Um deles é o poeta e dramaturgo T.S. Eliot, considerado o maior poeta de língua inglesa do século XX. Outro personagem é o norte-americano Ernest Hemingway, que antes de se mudar para Cuba, onde viveria até morrer, passou alguns anos em Paris. Ambos ganharam o Prêmio Nobel da Literatura.
F. Scott Fitzgerald, sempre acompanhado de sua mulher, Zelda, é outro grande escritor dos EUA a dar as caras.
2. Impressionismo
Quando Gil conhece a Paris do final do século 19, no período conhecido como “belle époque”, ele se depara com grandes nomes do impressionismo, vanguarda artística que renegou os preceitos clássicos do realismo e da academia de belas-artes francesa.
Preocupados com o movimento da cena e com a relação luz-cor, os impressionistas retratavam o cotidiano da vida urbana, coisa impensável na arte clássica. No filme aparecem Edgar Degas, grande pintor e escultor impressionista, famoso por retratar bailarinas. Gil também conhece pintores considerados “pós-impressionistas”, como Paul Gauguin e Henri de Toulouse-Lautrec.
3. Cubismo
Outra vanguarda foi o cubismo, que buscava a representação com ângulos e dimensões múltiplos, o predomínio da linha reta e o desenho tridimensional em um ambiente bidimensional. O grande nome do movimento foi o pintor espanhol Pablo Picasso.
Picasso marcou o mundo das artes com “Les Deimoselles D’Avigon”, quadro que mostra cinco prostitutas nuas sob traços cubistas, e com “Guernica”, imenso mural retratando o terror da Guerra Civil Espanhola. Picasso chegou jovem à França e logo conheceu diversos outros pintores, como Henri Matisse, que também aparece no filme.
4. Surrealismo
O movimento explora o inconsciente e tem grande influência dos estudos de Sigmund Freud sobre a mente humana.
No filme, Gil se encontra com o pintor catalão e principal nome do surrealismo, Salvador Dalí. Você já deve ter visto um de seus quadros. O mais famoso é “A Persistência da Memória”, que mostra relógios derretendo e escorrendo pelo cenário.
Outro surrealista é o cineasta Luis Buñuel, amigo de Dalí e que colocaria as teorias da vanguarda em filmes como “Um Cão Andaluz” e “A Idade do Ouro”. Outro que não poderia faltar no time dos surrealistas é o fotógrafo americano Man Ray.
Curiosidade: a seguir, um registro da Paris dos anos 1920. Dá para ver como era, de verdade, as ruas nas quais passeavam artistas e escritores.