Ano de vestibular. Um minuto perdido pode não alterar seu desempenho nos exames, mas uma pequena distração de 60 segundos pode transformar algo em 20 minutos, uma hora, três horas … ou o resultado pode ser muito prejudicial.
Descansos fazem parte da rotina até do mais empenhado estudante, é óbvio. Dar uma olhada no celular, assistir a um filme, fazer uma caminhada podem melhorar sua energia, inclusive. O problema ocorre quando o limite e a falta de compromisso permanecem do lado e uma pequena distração tira totalmente o seu foco.
É importante ficar atento a certos sinais de excessos e hábitos que podem prejudicar sua concentração e transformar um dia de estudos em um dia perdido. Para ajudar nessa missão, conversamos com Vitor Ricci, coordenador do Curso Poliedro Campinas, e com Marcelo Dias, coordenador do Curso Etapa.
Redes sociais, celular e música
Segundo Vitor, para uma geração que vive conectada, redes sociais são a principal distração. O estudante tem quase toda a sua vida no celular. “O aparelho guarda suas redes, seus amigos, algum jogo que custa.” Estar ‘antenado’ com mensagens e notificações desvia o foco de estudos e reduz o tempo de pesquisa “, diz.
Ele explica que, inconscientemente, alguns estudantes usam o celular como válvula de escape: uma forma de fugir de uma matéria da qual não gosta muito ou da frustração por não conseguir resolver um problema. Mas é importante ter disciplina.
“O estudante pensa que não tem problema olhar apenas uma mensagem que acabou de chegar. Mas depois que chega a primeira, vêm as outras. Para se concentrar, ele precisa estar dedicado àquela atividade e a mais nenhuma outra”, completa Marcelo.
A dica dos especialistas é deixar o celular em outro cômodo para que não haja perda de concentração. Para os que não têm esse autocontrole, existem aplicativos para bloqueio das notificações e que limitam o uso do dispositivo por períodos determinados.
Outro fator que gera dúvidas nos estudantes é se a música atrapalha a concentração ou pode ajudar. A verdade é que isso é algo muito pessoal.
Alguns sentem-se incomodados quando estudam em ambientes de silêncio absoluto. Por isso, se a música não for uma distração, não há problemas. “Uma dica: se ele percebe que está cantarolando durante o seu estudo, é melhor desligar a música e voltar ao silêncio”, diz Vitor.
Saiba intercalar
Uma técnica indicada para quem tem dificuldade de se concentrar por tanto tempo é chamada “Pomodoro”. “Ela permite aumentar o foco em tarefas, reduzindo distrações e ansiedade”, explica Vitor. De forma bem simples, a ideia desse método é dividir e intercalar o tempo em intervalos de esforço (estudo) e relaxamento (recompensa).
Por exemplo: um estudante define que vai estudar por 40 minutos uma determinada disciplina. Nesse período, o foco total está em estudar, 100% da atenção nos livros, sem qualquer tipo de interrupção. Quando conclui essa tarefa, faz uma pausa de 5 ou 10 minutos para mexer no celular, tomar um café, ir ao banheiro… E, dessa forma, ele vai intercalando momentos de estudo com pausas para descansar.
O descanso também precisa acontecer
Seu desempenho nas provas irá depender muito da sua dedicação, mas não é por isso que ela precisa ocorrer em tempo integral. Ou melhor, saber a hora de descansar é, afinal, uma forma de se dedicar. O estudo intenso, sem qualquer tipo de descanso, é prejudicial.
“Além da queda de produtividade que ocorre naturalmente, o estudante sofre com o estresse físico e mental com esse tipo de rotina. Um ano de preparação para o vestibular é uma maratona, e não uma corrida de 100 metros”, diz Vitor.
Ou seja, o ideal é manter um ritmo de estudos constante, guardando energia para a arrancada no final do ano, quando os estudantes serão mais cobrados.
Marcelo explica que muitos estudantes acabam desistindo de estudar um determinado conteúdo por causa do cansaço. Então é melhor descansar antes disso acontecer. “Se começou a estudar, mas percebeu que está muito mal, para um pouquinho, descansa, relaxa”, diz.
Dicas
Tudo começa com a escolha de um local de estudos adequado. É importante ter um ambiente confortável para estudar (tomando o cuidado para não ser confortável demais e perder o seu foco) e sem distrações. “Esse local precisa ser organizado e ter tudo o que o estudante vai utilizar: cadernos, livros, estojo… para evitar interrupções buscando materiais que não estão ali”, diz Vitor.
Para os estudantes que têm dificuldade para focar é bom começar com poucas horas de concentração. “Em vez de estudar cinco horas, por exemplo, comece estudando duas. E se isso render, pode esticar um pouquinho mais. O importante é encontrar uma quantidade de horas que ele suporta ficar bem concentrado”, explica Marcelo.
Para quem estuda em casa, também é importante conversar com os familiares e fazer alguns combinados. A família pode ajudar de forma simples, impedir interrupções ou deixar as tarefas domésticas para depois dos estudos, se possível.