O início do movimento LGBT contemporâneo se deu a partir dos anos 1960. Mas, desde então, diversos termos nasceram ou mudaram com o objetivo de tornar o movimento mais representativo. Ainda que alguns termos estejam em constante revisão, os debates sobre gênero e sexualidade acontecem diariamente, seja em plataformas digitais ou fora delas. Além disso, entender as palavras que fazem parte dessa discussão ajuda a avançar seus conhecimentos sobre a causa.
LGBTQ+: um dos termos usados para se referir a todo o movimento de pessoas que contestam as formas naturalizadas de gênero e sexo. Em ordem, significa: lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, queers e o símbolo de “+” representa toda e qualquer outra manifestação de gênero que não está delimitada. As diversas variações têm como especificar o grupo da qual está se falando.
Sexo biológico: é designado por características fisiológicas de machos e fêmeas, como no caso de outros animais. Incluem cromossomos, genitália, composição hormonal, etc. Em alguns casos (mais comuns do que imaginamos), o filhote ou bebê tem características de ambos os sexos e, em alguns casos, essa ambiguidade é classificada como intersexualidade.
Gênero: é determinado por construções sociais moldadas ao longo dos anos sobre o que se espera do comportamento de uma pessoa a partir do seu sexo biológico. Esse conceito se distancia das determinações binárias da Biologia e, muitas vezes, está relacionado ao julgamento do que constitui a “feminilidade” e a “masculinidade”. Por exemplo: quando dizem que a agressividade é parte constituinte do ser masculino ou o cuidado com a cria, do ser feminino.
Identidade de gênero: é o gênero com o qual uma pessoa se identifica. Essa identidade pode ou não estar em consonância com o sexo biológico, os órgãos genitais. Está relacionada a como a pessoa se vê e como se percebe no mundo.
Orientação sexual: refere-se à sexualidade de uma pessoa, ou seja, por qual sexo alguém se sente atraído. As orientações são comumente definidas entre “homossexualidade” (pessoa que sente atração pelo mesmo sexo), “heterossexualidade” (pessoa que sente atração pelo sexo oposto), “bissexualidade” (pessoa que sente atração pelos dois sexos) e “assexualidade” (pessoas que não sentem atração sexual ou não têm interesse na atividade sexual).
Queer: com origem na língua Inglesa, “queer” era um termo pejorativo para identificar pessoas que não eram aceitas socialmente ou que viviam à margem da lei (como prostitutas, devassos ou desempregados). Mais tarde, essa palavra começou a ser usada como ofensa para pessoas que se desviavam da norma cisgênera (ver abaixo). A partir da década de 80, começa a surgir a Teoria Queer, que foi consolidada por Judith Butler na obra Problemas de Gênero. O queer, então, começou a ser entendido como aquilo que é, por essência, “estranho”, ou seja, fora dos padrões sociais. Não existe uma forma apenas de ser queer. Na verdade, o termo é usado para questionar ideias sobre gênero que são impostas pela sociedade.
Cisgênero: Uma pessoa cujo sexo biológico e anatomia estão alinhados com sua identidade de gênero. Por exemplo: uma mulher que nasceu com o sexo biológico feminino e se identifica como mulher é cisgênera.
Transgênero: Esse termo é usado como oposto ao conceito de cisgeneridade. São pessoas trans aquelas que não se identificam com o sexo biológico com que nasceram. De modo geral, elas transgridem e transcendem os padrões sociais. De acordo com o Canal das Bee, entende-se, hoje, que essas pessoas têm “identidades divergentes”.
Entenda a diferença entre transgêneros, transexuais e travestis no vídeo do Canal das Bee:
Nome social: é usado pelas pessoas transexuais ou pelas travestis para se identificar com sua identidade de gênero enquanto ainda não houve alteração formal nos seus documentos civis.
Drag queen: homem que se “monta” com roupas, acessórios, maquiagem, partir de características do sexo oposto para performances artísticas. A drag não está associada a uma identidade de gênero ou orientação sexual, ela é usada apenas como forma de expressar uma arte. A drag queen Pabllo Vittar e a Gloria Groove são nomes populares atualmente na cultura brasileira. Apesar de não serem tão comuns, também existem os “Drag Kings”, mulheres que se produzem como homens.
Agênero: pessoa que tem identidade de gênero neutra ou não se identifica com nenhuma identidade de gênero.
Não-binário: essa identidade de gênero é usada quando uma pessoa acredita que sua expressão de gênero não se limita às definições binárias de “masculino” e “feminino.
Gay: homem que sente atração por homens.
Lésbica: mulher que sente atração por mulheres.
Bissexual: pessoa que sente atração por ambos os sexos não necessariamente ao mesmo tempo.
Pansexual: pessoas que sente atração por outras pessoas independentemente do sexo, do gênero e de como se apresentam para o mundo.
Intersexual: o termo define as pessoas que, naturalmente (sem intervenção médica), têm características sexuais consideradas masculinas e femininas.
Assexual: pessoas que não sentem desejo sexual.
Heteronormatividade: O termo é usado para apontar a norma socialmente imposta sobre gênero e orientação sexual. Ele descreve a forma como outras formas de expressão e identificação são marginalizadas ou perseguidas por normas institucionais, políticas ou crenças religiosas.
O youtuber Sam Santos explica mais sobre heteronormatividade nesse vídeo:
Pink Money: termo para designar a comercialização de produtos e serviços para o público LGBTQI+. Muitas vezes, também é usado como termo pejorativo para indicar marcas e empresas que usam o discurso social esvaziado para arrecadar dinheiro da comunidade LGBTQI+, sem de fato contribuir para os seus direitos.
Leia mais
Ainda que entender os termos seja importante, para se aprofundar na discussão de sexualidade e gênero, é importante conhecer teóricos e se manter atualizado. Essa lista reúne conteúdo de acadêmicos, teóricos, YouTubers para você se aprofundar nos estudos.
- Problemas de gênero, de Judith Butler
- O Segundo Sexo, de Simone de Bevouir
- Sexo e Temperamento, de Margaret Mead
- A Reinvenção do Corpo: Sexualidade e Gênero na Experiência Transexual, de Berenice Bento
- YouTube: PAPEL DE GÊNERO, do Canal Tempero Drag
- YouTube: Wallace Ruy: entendendo o transgênero, binário e não-binário para o Canal GNT
- Documentário: Laerte-se, da Netflix
- Documentário: A Morte e Vida de Marsha P. Johnson, da Netflix
- Artigo Sexualidade, Cultura e Política: A Trajetória da Identidade Homossexual Masculina na Antropologia Brasileira, de Sérgio Carrara e Júlio Assis Simões