Vocês acham que só artistas usam dublês? Que nada! Muitas personalidades históricas tinham sósias que as representavam nas mais diversas aparições públicas por aí. Josef Stálin, o ditador que comandou a União Soviética com mãos de ferro por mais de três décadas é uma das figuras mais famosas que fazia uso de dublês. Ele era descrito como alguém que quase nunca dormia e que trabalhava muito, um verdadeiro workaholic. Com dublês fica mais fácil ser assim, né?
Na política, o dublê é usado principalmente para desviar a atenção do verdadeiro alvo. Em aparições públicas de risco, Stálin quase nunca estava presente de verdade. Em 2008, Felix Dadaev, um dos sósias do ditador, veio à público ao lançar sua autobiografia, aos 88 anos. Ficou calado por quase meio século (mesmo após a morte de Stálin e até mesmo da queda da URSS) por temer uma sentença de morte caso botasse a boca no trombone, afinal, tal tema era mantido sob o mais completo sigilo.
A autobiografia de Dadaev explica que ele foi um dos quatro homens empregados para representar o líder supremo da URSS. Dadaev nasceu nas terras altas do Cáucaso, perto da atual Geórgia. Ainda novo, sua família se mudou para a Chechênia, onde ele começou a ter aulas de balé. Durante a juventude, trabalhou como malabarista, dançarino e ilusionista. Quando a Segunda Guerra Mundial começou, Dadaev foi obrigado a servir o Exército Vermelho e, gravemente ferido, foi quase dado como morto, mas conseguiu se recuperar. No entanto, os sofrimentos da guerra fizeram com que ele ficasse com a aparência de um homem bem mais velho do que a sua idade. A sua semelhança com o sexagenário Stálin logo chamou a atenção dos agentes de inteligência soviéticos, que o recrutaram para trabalhar como dublê em cerimônias públicas.
Ele passou por meses em treinamento, sob os olhos da polícia secreta soviética. Assistia a filmes de Stálin para aperfeiçoar os gestos, os movimentos e a entonação do ditador. A vontade de Stálin de parecer um líder onipresente fez com que Dadaev trabalhasse bastante. No entanto, os dois só se cruzaram uma única vez, segundo Dadaev, nos anos 1950, momento em que Stálin apenas sorriu e acenou para o dublê.
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Calcula-se que Stálin tenha sido o responsável pela morte de mais de um milhão de pessoas durante seu regime ditatorial – entre inimigos declarados, oponentes políticos, supostos traidores e gente inocente. Mas o número de vítimas do stalinismo fica muito maior se contabilizados todos aqueles que foram perseguidos, torturados e enviados para campos de trabalhos forçados na Sibéria.
O verdadeiro Stálin morreu em 1953. A história oficial conta que o ditador teve um derrame em casa e foi atendido por seus auxiliares mais próximos. Mas, há teorias que apontam envenenamento… Nem com dublês Stálin conseguiu escapar do fim trágico.