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Como escrever uma boa carta para o vestibular

Entenda o que é esse gênero, que pode aparecer nos vestibulares

Por Patrícia Giuffrida
Atualizado em 30 abr 2025, 10h06 - Publicado em 30 abr 2025, 10h00
[matéria] carta de apresentação
 (Kelly Sikkema/Unsplash/Reprodução)
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Você acha que escrever carta é coisa do tempo da sua avó? Pois está enganado! Esse gênero textual está vivíssimo nos vestibulares — inclusive na Fuvest, que resolveu inovar e passou a cobrar diversos gêneros seguindo os passos do processo seletivo da Unicamp. Então, bora entender direitinho como funciona?

O que é uma carta?

O primeiro passo é entender o que é uma carta. É um texto em que você escreve para se comunicar com alguém — seja para desabafar, cobrar uma resposta ou até pedir um favor. No vestibular, a lógica é parecida, mas com mais estratégia. Nesse caso, a carta é um gênero textual argumentativo, com uma estrutura específica, tom direcionado ao interlocutor e um objetivo claro.

Ela pode ser pessoal, do leitor ao jornal, aberta, entre outras. E dependendo do vestibular, você pode ter que defender um ponto de vista, expressar indignação ou sugerir soluções para um problema social — tudo isso com educação, coerência e argumentos sólidos.

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Principais elementos de uma carta

O texto deve seguir direitinho um roteiro básico. Em uma carta exemplar para uma prova de redação de um vestibular, deve ter os seguintes elementos:

  1. Data e local (às vezes opcionais, mas ajudam a compor a estrutura).
  2. Vocativo: a forma de se dirigir ao destinatário. Exemplos: “Prezado editor”, “Querido amigo”, “À comunidade escolar”.
  3. Introdução clara: apresente o motivo do seu texto.
  4. Desenvolvimento com argumentos: organize suas ideias de forma lógica e coesa.
  5. Conclusão com fechamento adequado.
  6. Despedida e assinatura: sim, isso importa! Pode ser um nome fictício ou não, depende da proposta da redação.

Argumento é tudo!

Na hora de escrever uma carta no vestibular, tem uma coisa que não pode faltar de jeito nenhum: a argumentação. Você precisa defender um ponto de vista com bons argumentos, igualzinho na dissertação (mas lembre-se: não é uma dissertação!).

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Muita gente escorrega aqui: esquece que a carta tem interlocutor — ou seja, alguém para quem você está escrevendo. E isso muda tudo! O tom, o nível de formalidade, o tipo de vocabulário e até os argumentos vão depender de quem vai receber sua mensagem.

Está escrevendo para o diretor da escola? Use um tom respeitoso, direto e bem estruturado. É uma carta a um amigo? Dá para ser mais leve, sem perder o foco no tema. O segredo é construir bem quem escreve e para quem se escreve — esse jogo de papéis é a alma da carta!

E se a proposta disser exatamente quem é o destinatário, não vale só dar um “Oi” no começo e esquecer o resto. A carta inteira precisa manter esse diálogo com o leitor. Mostre que você está realmente se comunicando com ele até o fim.

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Clareza é fundamental

Mais uma dica: nada de escrever e deixar o leitor tentando adivinhar qual é a sua ideia central. Seja claro no que você quer dizer, defenda seu ponto com argumentos bem amarradinhos e evite rodeios. Lembre-se: você está se comunicando com alguém — e essa pessoa precisa entender o que você pensa!

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Use (bem) a primeira pessoa

Na carta, você deve usar o “eu” ou o “nós”, sim! Isso é super necessário para construir o tom de conversa. Use verbos, pronomes e até expressões vocativas (“caro diretor”, “querida colega”) para deixar claro quem está falando e para quem. Isso fortalece a identidade do texto e mostra que você entendeu direitinho o gênero.

Fuja dos clichês

“Venho por meio desta…”? Só se for numa carta de 1820. A ideia é adaptar a linguagem ao contexto e ao destinatário, sem parecer robô. Seja natural, mas respeite o grau de formalidade que a situação exige.

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Carta exemplar

Uma das propostas de redação da Unicamp 2024 foi o tema do trabalho análogo à escravidão, que deveria ser escrita no gênero de carta denúncia. Veja um exemplo de redação considerada exemplar pela banca, escrita por Mariana Genuíno Torres, de Brasília, aprovada em Medicina.

Aqui, vale notar que a candidata soube explorar bem a coletânea, não apenas copiando informações, mas atrelando dados fornecidos nos textos de apoio para embasar seu raciocínio e dar mais credibilidade ao tema defendido.

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“Ao Excelentíssimo Senhor Ministro do Trabalho, venho por meio desta denunciar uma situação ilegal que presenciei ao visitar a casa de meu colega de classe. Senhor Ministro, sou vestibulanda e cidadã ativa dos direitos humanos e o que presenciei é, simplesmente, tenebroso.

Deparei com uma funcionária que morava nessa casa e era considerada parte da família, mas que não era livre para morar em sua própria residência, nem tinha carteira de trabalho assinada, era cerceada em seu direito de ir e vir, de férias remuneradas e ainda era paga com um baixo salário e maus-tratos verbais. E de se esperar que essa situação seja do século XV, mas é de 2023.

A vista disso, venho ressaltar que, apesar de a abolição ter ocorrido em 1888, o século XXI carrega traços dessa mazela dentro de muitas casas brasileiras, mascarada pelo serviço doméstico. Uma prova disso é que, em 2023, 1.443 pessoas em condições análogas à escravidão foram resgatadas pelo Ministério do Trabalho e do Emprego. Esse serviço e uma herança passada entre gerações desde o Período Colonial e ainda permeia os costumes da Casa-Grande e Senzala, nos quais a classe privilegiada vive bem na Casa-Grande e os escravizados e trabalhadores sofrem na senzala. Assim, há a herança dos papéis servis para os empregados domésticos que sofrem maus-tratos e têm seus direitos trabalhistas negados.

Ademais, Senhor Ministro, é preciso evidenciar que alguns desses abusos sofridos pela classe das domésticas é mascarado por “truques práticos” adotados pelas donas de casa para que o funcionário não perceba a violência. Dessa forma, chamar o empregado como “parte da família” é uma forma de opressão que impede o trabalhador de lutar pelos seus direitos, como a carteira assinada, pois o impede de ir contra “sua família” . Isso foi comprovado por dados recentes divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que mostraram queda no número de carteiras assinadas de trabalhadores domésticos em 2023.

Logo, deve-se fazer cumprir os direitos trabalhistas dos trabalhadores domésticos para que toda a sociedade possa viver em harmonia. Por isso, peço resgate dessa empregada doméstica, pois ela, assim como todos, merece ter seus direitos e liberdades garantidos pelo Estado. Para mais informações sobre os dados dessa mulher, peço que entre em contato.

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Respeitosamente.”

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