A primeira vez em que se usou o termo “bullying” como o conhecemos foi em 1970, quando o pesquisador e psicólogo Dan Olweus da Universidade da Noruega o aplicou. Depois de uma pesquisa com 84 mil estudantes, cerca de 400 professores e mil pais de alunos, o psicólogo determinou o termo no gerúndio do verbo inglês “bully” para diferenciar agressões entre estudantes. A partir de então, a luta contra o bullying começou. Atualmente, temos mais acesso e liberdade para falar sobre o assunto e o combate a essa agressão se tornou mais aberto.
Mas ainda que tenhamos maior facilidade em reconhecer um caso de bullying, as marcas deixadas por essa agressão, visíveis ou não, são inevitáveis. O que fazer para curar as feridas do bullying e seguir em frente? Primeiro de tudo, o apoio emocional e psicológico é de extrema importância nesse momento, então não hesite em pedir ajuda. A psicóloga Claudia Santos Ferreira, que trabalha na rede de ensino PENSI, falou com o GUIA sobre o tema.
Trabalhe a autoaceitação e respeite suas diferenças
A adolescência é um momento de renovação das nossas referências. A busca pelo pertencimento ao grupo pode parecer normal nesse momento. Por isso, segundo Claudia, é importante que o adolescente entenda que não são suas diferenças que causam o bullying, mas sim a postura de se permitir ser visto da maneira que os agressores apontam.
É importante “poder estar à vontade com ele mesmo e saber que não tem que ser de tal jeito para ser respeitado”, afirma. Nesse momento, é preciso se fortalecer nas suas diferenças e perceber que você pode pertencer exatamente por trazer características novas e única para os ambientes que frequenta. Então, trabalhe o autoaceitação e tenha orgulho daquilo que te faz único.
Converse com pessoas com experiências semelhantes
O medo de falar sobre esses acontecimentos acaba sendo normal porque você pode perder a confiança nos outros. Mas saiba que você não é o único que passou por isso: estreitar laços com pessoas com a mesma experiência pode te fazer se sentir muito melhor. O processo de ressignificação desses momentos, diz Claudia, faz com que você se identifique e mude a percepção sobre o que aconteceu.
Acredite no seu poder de mudança
Infelizmente, o bullying ainda é comum pois surge de processos inerentes ao ser humano – como sentir-se mais forte que o outro. Isso não quer dizer que você não tem poder sobre a situação. Ao se sentir em uma cena que pareça semelhante ao bullying que você sofreu, lembre-se: algumas situações se repetem como uma oportunidade para se refazer. A sua atitude pode mudar a situação, o que nos leva ao próximo tópico.
Dialogue com você mesmo
Sim! Converse com você mesmo. De acordo com a psicóloga, o diálogo é uma ferramenta importante para entender a situação. Questione-se sobre o que você está sentindo, por que você acha que está se sentindo dessa maneira e, também, se o que estão dizendo sobre você é verdade – por exemplo, você compartilha daquelas opiniões? Você precisa compartilhar dessas opiniões?
“Ao pensar sobre isso, o estudante acessa aquela situação internamente e consegue separar e perceber que a repetição da situação depende exclusivamente do momento dele”, afirma Claudia.
Cerque-se de modelos inspiradores
Como dissemos no primeiro tópico, as diferenças devem ser valorizadas. Então busque referências ao seu redor que te lembrem sempre sobre isso.
Procure ambientes seguros
Ainda que seja difícil evitar completamente o bullying, um ambiente seguro favorece o respeito e a empatia entre as pessoas. Para Claudia, ambientes que incentivam situações de disputa e competitividade podem reproduzir um modelo que favorece essa situação. Portanto, tente buscar ambientes – dentro ou fora da escola – que sejam de cooperação e que valorizem a consciência coletiva, em que você possa se sentir fortalecido e, também, seguro para falar sobre seus sentimentos.