por Fábio Brandt
“O porre do fim de ano pode ter efeito comprometedor na hora de fazer vestibular no dia 3”, afirma Ana Cecília Marques psiquiatra especialista em dependência química e conselheira da Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas (Abead). Ela menciona o dia 3, domingo, porque nele já haverá aplicação provas – a da Fuvest, por exemplo. Os principais sintomas sentidos por quem protagonizou uma bebedeira, de acordo com a médica, são perda da memória recente, prejuízo da capacidade de concentração e de atenção e podem agir sobre o indivíduo por semanas.
“Pode ter amnésia mesmo”, alerta Ana Cecília, reforçando que os conteúdos aprendidos ou revisados nos dias anteriores à bebedeira podem sumir ou se embaralhar na mente do candidato por causa da bebida. Ela recomenda aos vestibulandos que curtam as festas de fim de ano sem beber e adverte: “é uma festa que pode acabar mal. O vestibular é uma virada na vida da pessoa, que vai definir a vida. Às vezes, um ano a mais de cursinho faz diferença”.
Mesmo o consumo de pouco álcool não é recomendado. “Quando o usamos em pequena dose, ele nos descontrai e nos dá a sensação de sermos melhores do que somos. Tal sentimento fica bem retratado nas frases do tipo: bebendo, dirijo melhor, danço melhor etc”, ressalta o psiquiatra Sérgio de Paula Ramos, também conselheiro da Abead.
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A eliminação do etanol pelo corpo normalmente ocorre até 24 ou 48 horas após o consumo, informa Ana Cecília. Caso a pessoa tenha problemas de fígado ou de rim, o metabolismo será mais demorado. “E ela pode nem saber que tem esses problemas”, lembra a médica. Quem tem hábito de beber muito e com frequência também demora mais para eliminar o álcool e ficar livres de seus efeitos, acrescenta a médica. “Quem bebe bastante, desde os 15 anos, e bebe mais de seis vezes por mês, já tem mais problemas”.
Além disso, há o fator natural: apesar das estatísticas sobre o tempo de eliminação do álcool, o metabolismo de cada pessoa responde de forma diferente à ação da substância e pode causar surpresas indesejadas. “Tem quem tome duas doses e parece que tomou um litro. È igual tomar remédio, tem gente que não se dá bem com certos remédios. Não dá pra prever”, diz a médica.
Ana Cecília alerta ainda sobre os efeitos catástróficos que outras drogas, como a maconha, podem ter para os vestibulandos. “Tem os mesmos efeitos, mas demora muito mais pra sair do organismo. Se o indvíduo é usuário frequente, pode ficar com THC [tetrahidrocanabinol, substância presentre na maconha] no organismo até meses”, explica, concluindo: “vestibular e bebida é que nem beber e dirigir, não pode beber nada”. O doutor Sérgio é mais taxativo: “álcool antes do vestibular é receita certa para fazer cursinho novamente no ano que vem”, sentencia, sugerindo concentração na prova para, no réveillon de 2010, comemorar a passagem para o terceiro semestre da faculdade.
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