Quando falamos de autoconsciência emocional não estamos nos referindo à uma habilidade que seja facilmente adquirida – ou que se restrinja a saber do que você gosta e do que não gosta – mas, ao mesmo tempo, já é enorme a quantidade de conteúdos de fácil acesso que temos hoje para aprender mais sobre o assunto. E, especialmente, à medida que adquirimos mais conhecimentos sobre o tema, a principal ferramenta de que precisamos para colocá-los em prática está sempre totalmente à disposição: nós mesmos!
Beabá do conceito
O termo “autoconsciência emocional” pode realmente parecer algo muito complexo. Para facilitar, vamos primeiro dividir as palavras deste conceito?
- Auto = sobre si mesmo;
- Consciência = ter conhecimento, saber ou estar ciente sobre algo;
- Emocional = sobre nossos sentimentos e emoções, o que se passa dentro de nós nas mais diversas situações.
Dessa maneira, autoconsciência emocional é um termo para denominar a busca por um conhecimento maior de si mesmo e por estar ciente da existência das nossas emoções, com o objetivo de compreender o que sentimos e vivenciamos no dia a dia.
Sendo a base e o primeiro passo de uma habilidade mais ampla, que é a inteligência emocional, autoconsciência emocional envolve estar atento(a) a diferentes aspectos do nosso “eu”, incluindo nosso temperamento, nossas crenças, ideias, comportamentos, valores e sentimentos. Uma pessoa que possui essa habilidade bem desenvolvida tem conhecimento sobre o que sente e de que forma essas emoções afetam positiva ou negativamente o seu desempenho no contexto profissional e pessoal. Por isso, aprender a olhar para suas características é uma estratégia eficiente na construção de um caminho de sucesso e bem-estar. Saber responder com propriedade à famosa pergunta “quais seus pontos fortes e fracos?” pode te levar muito além da conquista da sonhada vaga no processo seletivo que tanto deseja.
Apesar de ter o foco mais interno, também abrange o que chamamos de autoconsciência emocional “pública”, que é a nossa percepção sobre como nossas emoções afetam os outros. Além disso, esse olhar para fora é essencial no aprendizado de identificar emoções. Observar o comportamento de outras pessoas aumenta o nosso referencial e nos ajuda, inclusive, a interpretar melhor o jeito mais adequado de abordar cada pessoa e assim ter um retorno mais positivo (para a pessoa e para nós mesmos), além de melhorar nossa empatia.
Antes de seguir, é válido reforçar que conseguimos aumentar consideravelmente o resultado de qualquer aprendizado quando adequamos as dicas e os conteúdos que recebemos ao nosso contexto, gostos e rotina – não tire isso da mente ao ler os pontos abaixo, combinado?
Dicas para desenvolver sua autoconsciência emocional
É bem provável que a essa altura já esteja claro que autoconsciência emocional é uma habilidade que pode ser desenvolvida e que passa por uma análise aprofundada do seu comportamento e emoções. Agora, afinal, como se desenvolve isso no dia a dia? Algumas dicas bem práticas para você que quer começar a se conhecer melhor são:
- Busque informações sobre o assunto – canais no Youtube, páginas em redes sociais, livros, cursos, podcasts, etc;
- Encontre amigos ou se reúna com pessoas que estejam dispostas a conversar abertamente sobre esses temas;
- Identifique possíveis padrões nos seus comportamentos – começando por observar seu humor ao longo do dia, do mês, no trabalho e em casa, ao encontrar determinadas pessoas, etc;
- Responda a pergunta “o que estava passando pela minha cabeça no momento?” em situações que você perceber mudanças no seu humor – responda da maneira mais genuína e sincera (e quanto mais próximo da situação, mais você ajuda a sua memória a recuperar os pensamentos e sentimentos corretos);
- Pratique atividades que te ensinem e ajudem a se concentrar no presente e em você, como a meditação – especialmente práticas de mindfulness;
- Anote os aprendizados, descobertas e respostas que for tendo sobre você mesmo(a) – use o que for mais prático para você (celular, post it, agenda etc) para tentar driblar a preguiça e o esquecimento.
Por último, reflita se você quer mesmo iniciar esse processo. Aumentar seu nível de consciência pessoal não é garantia de que você descobrirá apenas características das quais se orgulhe, mas isso também pode abrir um leque de oportunidades incríveis de melhoria. São exatamente as pessoas que conhecem suas particularidades as mais capazes de compreender como podem mudar a sua forma de agir e utilizar essas características a seu favor para alcançar objetivos e obter melhores resultados.
Sobre a autora
Shirley Canabrava é formada em Psicologia pela Universidade Federal de Juiz de Fora. Atua como psicóloga clínica, com atendimentos online e no seu consultório em São Paulo. É cofundadora da Mental Happy, consultoria de saúde mental para empresas especializada na saúde emocional de lideranças e funcionários.
Este texto foi originalmente publicado no portal Na Prática, parceiro do Guia do Estudante.