O mundo vive a mais grave crise de refugiados desde o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945. São 65,6 milhões de pessoas que foram obrigadas a deixar seus lares, fugindo de guerras, conflitos internos, perseguições políticas e violações de direitos humanos.
A maioria dos refugiados vem da África e do Oriente Médio. A Guerra da Síria é a maior responsável pelo crescimento neste atual fluxo. Desde 2011, o país enfrenta uma sangrenta guerra civil que parece longe de terminar. Estima-se que o conflito no país governado pelo ditador Bashar al-Assad já matou mais de 250 mil pessoas e provocou o deslocamento de outras 5,5 milhões, o que corresponde a um quinto da população do país.
Depois dos sírios, os maiores grupos de migrantes, por nacionalidade, são formados por afegãos (2,5 milhões), sudaneses do sul (1,4 milhão) e somalis (1 milhão). São países envolvidos em conflitos internos, que provocam fuga em massa de sua população.
EUROPA
O continente recebeu mais de um milhão de refugiados em 2015 e outros 400 mil em 2016. A principal porta de entrada no continente é a Grécia ou a Itália e, para chegar lá, muitos migrantes desafiam os mares revoltos do Mediterrâneo. A travessia é perigosa, feita em embarcações precárias, geralmente superlotadas. Segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM), mais de 5 mil deslocados morreram ou desapareceram durante as travessias no ano passado, número recorde.
Para os que conseguem fazer a travessia e chegar ao próspero continente europeu, os problemas não terminam. O destino final dessa massa humana são os países menos afetados pela crise econômica que há anos ronda o Velho Continente, como Alemanha, Suécia e Áustria. Para chegar até lá, os migrantes precisam cruzar diversos países, onde nem sempre são bem recebidos. A resposta de muitos governos é carregada de racismo e xenofobia, com um discurso que defende medidas extremas, que vão de prisão à deportação dos migrantes.
AS PRINCIPAIS ROTAS
As travessias do Mediterrâneo em direção ao continente europeu são divididas em três grandes rotas.
– A rota do Mediterrâneo central parte da Líbia e tem como principal destino a Itália, notadamente a ilha de Lampedusa, próxima à costa africana.
– A rota do Mediterrâneo ocidental também reúne refugiados africanos, que partem do Marrocos, Tunísia e Argélia e buscam desembarcar na costa da Espanha.
– A rota do Mediterrâneo oriental é aquela que faz a ligação entre a Turquia e a Grécia.
Além das rotas pelo Mediterrâneo, vale ressaltar que uma parte reduzida dos migrantes chega por terra, atravessando a Turquia, muitas vezes a pé, até alcançar os territórios búlgaro ou grego.
OUTRAS REGIÕES
Ao contrário do que muitos possam pensar, a Europa não é o principal destino dos migrantes sírios. Segundo dados da Anistia Internacional, mais de 90% dos refugiados sírios estão concentrados em cinco países do Oriente Médio e África: Turquia, Líbano, Jordânia, Iraque e Egito. A Turquia já recebeu mais de 2 milhões de sírios, enquanto o Líbano, um país mais pobre e com um território cem vezes menor do que a Europa, acolheu mais de um milhão. Esse número, ressalve-se, é superior ao total de migrantes que ingressaram no continente europeu em 2015.
ENTENDA OS TERMOS
Durante a crise dos refugiados, muitos termos que emergem no noticiário podem causar confusão. Por isso, é preciso fazer algumas distinções conceituais entre eles:
– O migrante é qualquer pessoa que muda de região ou país.
– O migrante econômico é a pessoa que muda de região ou país, por vontade própria, para escapar da pobreza e em busca de melhores condições de vida
– O refugiado é qualquer pessoa que muda de região ou país tentando fugir de guerras, conflitos internos, perseguição (política, étnica, religiosa etc.) e violação de direitos humanos.
– O solicitante de asilo é a pessoa que pediu proteção internacional e aguarda a concessão de status de refugiado.
A distinção entre esses conceitos é muito importante do ponto de vista legal. Isso porque apenas os refugiados encontram acolhimento na Convenção das Nações Unidas sobre o Estatuto dos Refugiados, de 1951, e nas diretrizes da União Europeia para obtenção de asilo. Já quem deixa a pobreza em seu país para encontrar emprego em outra nação, os migrantes econômicos, não tem direito a requerer asilo.
Muitos países europeus barram a entrada de imigrantes ilegais sob a justificativa de que a maioria desses estrangeiros que chega à Europa são migrantes e não refugiados. Mas o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) contesta o argumento, afirmando que oito em cada dez migrantes provêm de países em conflito ou sob regime de exceção, como Síria, Afeganistão, Iraque e Eritreia.
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