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As peculiaridades das redações na segunda fase da Fuvest, Unicamp e Unesp

Confira quais foram as propostas de redação dos três principais vestibulares de São Paulo nos últimos cinco anos. 

Por Juliana Morales
Atualizado em 14 dez 2021, 10h48 - Publicado em 5 dez 2019, 18h14
 (NeONBRAND/Unsplash/Reprodução)
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O ano todo você leu, buscou por repertório cultural e fez diversos textos para praticar a escrita. Além disso, mostrou dedicação nas aulas de português, pensando em acertar tudo de gramática e ortografia na redação, né? É, sabemos da importância de escrever um bom texto no vestibular.

 

 

Com as provas da segunda fase – que é justamente onde aparecem as propostas de redação – chegando, é o momento de analisar mais uma vez, particularmente, como cada processo seletivo cobra o texto do candidato. Eles têm peculiaridades nos gêneros e temas, então, é importante você saber o que vai encarar para entrar na universidade que deseja.

Os professores Ana Cristina Campedelli e Marcelo Maluf, da Oficina do Estudante, nos ajudaram a selecionar as características predominantes da redação pedida nos três principais vestibulares de São Paulo: Fuvest, Unicamp e Unesp. Confira também quais foram as propostas de redação de cada um nos últimos cinco anos. 

Fuvest

A Fuvest segue um modelo bem tradicional de avaliação cobrando uma dissertação argumentativa, sem apresentar um problema, diferentemente das redações propostas pelo Enem. A banca exige a análise de um fenômeno sociológico, social e comportamental.

Assim, suas propostas de redação são conhecidas por proporem reflexões abstratas e filosóficas, como confirmam os últimos cinco temas exigidos pelo vestibular da USP.

2015: O tema “‘Camarotização’ da sociedade brasileira: a segregação das classes sociais e a democracia” abriu uma discussão sobre as relações entre a segregação de classes sociais e a lógica democrática de acesso aos espaços e aos bens de consumo no Brasil.

2016: A frase-tema foi As utopias: indispensáveis, inúteis ou nocivas?”. Em meio a crises políticas e democráticas, o candidato teria que dissertar sobre a função das utopias tanto para a vida privada quanto para questões políticas. 

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2017: Apoiado no famoso texto “O que é esclarecimento?”, de Immanuel Kant (1724-1804), a discussão parte da pergunta:O homem saiu de sua menoridade?”. Nesse caso, a proposta era refletir como o ser humano para se tornar independente, e, portanto, alcançar a “maioridade”, necessita tomar suas próprias decisões.

2018: A partir da polêmica da exposição “Queermuseu, alvo de protestos por grupos conservadores em 2017, o candidato refletiu: Devem existir limites para a arte?”.

2019: Na última prova, a Fuvest focou no processo histórico: “De que maneira o passado contribui para a compreensão do presente?”. Revisionismo, evolução, tensão e conflito históricos deveriam se relacionar à compreensão do presente, evidenciando a importância de pensarmos o contemporâneo não como algo “espontâneo”, mas como consequência do passado.

Entenda mais o que não pode faltar na sua redação da Fuvest

 

Unesp

De acordo com os cinco últimos temas de redação do vestibular da Unesp, podemos traçar um perfil temático da prova de redação: a problematização social. Para exemplificar, temos propostas sobre racismo, imagens trágicas, concentração de renda, voto facultativo e consumo.

O candidato precisa, então, estar inteirado sobre as discussões contemporâneas sobre o lugar do indivíduo no mundo e, por meio do texto, expressar como enxerga o funcionamento social nacional e mundialmente.

2015: A frase-tema “O legado da escravidão e o preconceito contra negros no Brasil” cobrava reflexões acerca da herança da escravidão presente no Brasil contemporâneo e sua relação com o racismo contra negros no país.

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2016: A replicação da imagem de Aylan Kurdi – a criança síria de 3 anos que morreu afogada numa praia da Turquia – morto, com o rosto enterrado na areia, foi o ponto de partida para a discussão proposta: Publicação de imagens trágicas: banalização do sofrimento ou forma de sensibilização?.

2017: A extrema concentração de renda foi colocada em questão neste ano. Na proposta “A riqueza de poucos beneficia a sociedade inteira?”, o candidato deveria discutir se o fato dos 10% dos mais ricos possuírem 85% da riqueza mundial (dados do ano 2000, citados na coletânea, de um estudo da World Institute for Development Economics Research da Universidade das Nações Unidas) beneficiaria a sociedade como um todo.

2018: Com base nas eleições nacionais de 2018, o sistema eleitoral foi mote para a discussão se “O voto deveria ser facultativo no Brasil?”. Questão comum em sociedades democráticas, o candidato deveria se posicionar frente à obrigatoriedade do voto nas eleições.

2019: Ao reescrever a frase do filósofo René Descartes (1596-1650) “Penso, logo existo.”, e transformá-la numa pergunta associada ao consumo (“Compro, logo existo?”), a Unesp propõe  reflexões a respeito da identidade do indivíduo contemporâneo ser baseada na compra de produtos.

Unicamp

A redação da Unicamp é uma avaliação de leitura e escrita. Ela trabalha com gêneros, por isso não se deve esperar um texto dissertativo convencional, como ocorre na maioria dos outros vestibulares. O candidato deve ter claro qual é a proposta temática e efetivar o que está sendo solicitado, passo a passo.

Quanto aos temas, também existe essa diversidade, uma vez que já apareceu mobilidade urbana, bibliotecas públicas, pós-verdade, intolerância, direitos humanos, oficinas culturais, desenvolvimento socioeconômico e sustentabilidade, humanização no atendimento à saúde, entre outros. Sempre com o tom crítico dos acontecimentos atuais mundiais. 

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2015: Uma das propostas era uma síntese a ser apresentada num grupo de estudos sobre a humanização do atendimento à saúde.  A outra era criar uma carta-convite direcionada à comunidade escolar para uma reunião com o intuito de discutir possíveis soluções para conflitos violentos na escola.

2016: Nesse ano, as exigências de textos eram uma resenha sobre a fábula La Fontaine (contendo um resumo do texto e relação da obra com um problema social) e um texto de divulgação científica com base no texto “O induzir das emoções”, do neurocientista António Damásio. 

2017: O candidato devia escrever uma carta sobre a relação entre o Brasil cordial e a presença de estrangeiros no país, para a seção do leitor de uma revista, respondendo o artigo “A volta de um Rio que faz sonhar”. Além de escrever o texto de apresentação de uma campanha de arrecadação de fundos para uma biblioteca.  

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2018: Primeiro, deveria ser feito um texto para uma palestra sobre fenômeno da pós-verdade, explicando o que é a pós-verdade e suas consequências. Na outra proposta, um artigo de opinião com o tema “Há limite para a liberdade de expressão?”.

2019: A partir da apresentação de uma situação de doutrinação ideológica em sala de aula: uma professora de Filosofia sofria uma tentativa de censura após uma aula sobre direitos humanos, o candidato devia elaborar um abaixo-assinado a favor da educadora e contra a censura. O segundo texto era uma postagem em fórum acadêmico, defendendo o ponto de vista escolhido, a partir de uma análise de dados do Índice de Desenvolvimento Humano  (IDH) e do Produto Interno Bruto (PIB).

Até o ano passado, o candidato deveria fazer duas redações obrigatórias de gêneros textuais diferentes. No entanto, a partir da edição de 2020, apesar de a prova ainda trazer duas propostas temáticas, o participante será obrigado a fazer apenas uma entre as apresentadas.

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Estudo, Redação
As peculiaridades das redações na segunda fase da Fuvest, Unicamp e Unesp
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