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Aprenda a vencer a mania de deixar tudo para depois

Especialistas dão dicas para você deixar de ser um procrastinador

Por Por ANDRÉ BERNARDO
Atualizado em 16 Maio 2017, 13h51 - Publicado em 1 mar 2011, 13h01

Aprenda a vencer a mania de deixar tudo para depois
Tá enrolando, né?

Qual foi o último texto interessante que você abandonou a leitura pela metade? Não faz muito tempo? Atenção: você pode ser um estudante procrastinador e nem desconfiar.

De origem latina, a palavra “procrastinação” significa adiamento, demora, delonga. Ou em bom português: enrolação. Segundo Sean McCrea, psicólogo da Universidade de Konstanz, na Alemanha, todos nós, sem exceção, procrastinamos. “O problema é quando a procrastinação torna-se um hábito difícil de ser combatido ou, pior, quando começa a prejudicar o desempenho nos estudos, diz.

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Não é tarefa das mais complicadas identificar um estudante procrastinador: ele está sempre chegando atrasado ao colégio, nunca entrega os trabalhos na data prevista e, na maioria das vezes, só estuda para as provas na véspera. Aluno do 9º ano do Colégio Mopi, no Rio de Janeiro, Gustavo Roedel de Gouveia, 15 anos, se considera um tanto procrastinador. “Sempre deixo tudo para última hora. Acabo esquecendo e, quando lembro, faço tudo correndo”, admite o estudante, que já providenciou uma agenda para anotar as datas de entrega de trabalhos e pesquisas escolares.

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MEDO DO FRACASSO
Estudo realizado pelo psicólogo Joseph Ferrari, da Universidade DePaul, nos Estados Unidos, mostra que o hábito de adiar tarefas não é exclusividade dos brasileiros. Muito pelo contrário. Segundo a pesquisa, feita em 15 países – entre eles EUA, Canadá, Inglaterra, Polônia e Arábia Saudita -, 20% dos alunos podem ser considerados procrastinadores crônicos. “Estudantes procrastinam por vários motivos. Mas o principal deles parece ser o medo do fracasso”, afirma Ferrari, que acaba de lançar o livro Still Procrastinating? The No Regrets Guide to Getting It Done (“Ainda procrastinando? O guia para resolver isso sem arrependimento”, em tradução livre).

“Eventualmente, podem até falhar numa tarefa ou outra. Mas o importante é lembrar que deram o melhor de si para executá-la”, opina Ferrari.  Tão paralisante quanto o medo do fracasso é a mania de perfeição, que parece acometer alguns alunos na hora de fazer trabalhos ou estudar para provas. Essa é a opinião de Jane Burka, coautora do livro Procrastination: Why You Do It, What To Do About It Now (“Procrastinação: Por que você faz isso, o que fazer sobre isso agora”, em tradução livre).

“Procrastinadores tendem a acreditar que só serão aceitos socialmente se forem perfeitos. E perfeição, convenhamos, é algo que não existe. Por isso, estudantes procrastinadores acham que têm que produzir algo extraordinário em vez de produzir algo simplesmente bom”, analisa.

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TÁTICAS INFALÍVEISBacharel em Biologia, Breno Girassol Hattori, 24 anos, admite já ter tido os seus dias de procrastinador. Tanto que chegou a fundar uma comunidade no Orkut sobre o tema. “Quando estudava na Unesp, estudava apenas na noite anterior”, confessa. Hoje, Breno, que está no 1º ano de Medicina da Universidade São Francisco (USF), considera-se mais responsável e “menos procrastinador”. Mesmo assim, sempre que surge a tentação de deixar para amanhã o que pode fazer hoje, ele procura pensar nas “possíveis consequências” da procrastinação. “Muito embora ainda não tenha me livrado do hábito, progredi bastante na tentativa de evitá-lo”, avalia.

Sim, pensar nas “possíveis consequências” de uma procrastinação crônica, como ter de pagar multas por atraso ou perder prazos importantes, pode ser uma boa estratégia. Mas não é a única. Para Jane Burka, o melhor a fazer é dividir a tarefa em pequenas subtarefas. E estabelecer um prazo para cumprir o compromisso. “Calcule o tempo que você vai precisar para cada subtarefa e procure fazer um pouco de cada vez. Se for o caso, recompense a si mesmo a cada subtarefa realizada”, aconselha. “Normalmente, uma das maiores dificuldades é começar. Depois que você começa, descobre que a tarefa não é assim tão chata ou maçante quanto imaginava”.

Sean McCrea concorda. E acrescenta que ainda não inventaram uma arma mais eficaz para combater a procrastinação do que a boa e velha motivação. Em outras palavras: é preciso saber por que você está fazendo aquilo. “Minha experiência revela que quando uma tarefa é particularmente difícil é sempre motivador lembrar a si mesmo de vez em quando por que é tão importante realizá-la”, avisa McCrea.Yasmin Gonçalves Barros, 12 anos, tem procurado seguir essa tática. “Tento enfiar na cabeça que ser procrastinadora não leva a lugar nenhum e, a cada dia que passa, vou ter mais trabalho acumulado. É melhor fazer o que tem que ser feito logo no dia”, raciocina a estudante do 8º ano do Colégio Mopi.

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