Aprenda a memorizar mais e melhor
Nosso cérebro é uma máquina que sempre pode ser aprimorada. Conheça técnicas e veja as dicas de quem manja tudo do assunto
por André Bernardo
Se o cérebro humano é realmente o computador mais moderno que existe, alguns estudantes adorariam poder aumentar a capacidade de memória de seus PCs naturais. Mas, ao contrário do que alguns vestibulandos imaginam, fazer um upgrade do gênero não é assim tão difícil ou complicado. Segundo o neurologista Ivan Antonio Izquierdo, coordenador do Centro de Memória da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), “em alguns casos, memória é dom, mas na maioria é treino”.
– 8 dicas para aprimorar a memorização
“A leitura ainda é o melhor exercício para estimular a memória de um indivíduo. Supera a prática de outras atividades, como xadrez e palavras-cruzadas, em muito”, afirma Izquierdo.
Mas não basta simplesmente ler. É preciso refletir sobre o que está sendo lido. Segundo especialistas, se o aluno estiver desatento ou distraído, não conseguirá fixar bem as informações desejadas. “Uma das maiores aliadas da memória é a atenção. Sem prestar atenção, ninguém memoriza nada”, alerta a neurocientista Silvia Helena Cardoso, da Universidade de São Paulo (USP).
Para fixar a atenção do aluno sobre o material que ele deseja memorizar, Silvia recomenda ler em voz alta. E, se possível, gravar o que está sendo lido para ouvir depois. “Estudos recentes revelam que a repetição auditiva permanece por mais tempo na memória do que a imagem visual. Por isso mesmo, ouvir o número de um telefone ajuda a gravá-lo mais do que simplesmente vê-lo escrito num pedaço de papel”, observa Silvia Helena.
Além da técnica de ler em voz alta, há outras igualmente valiosas como grifar os trechos mais importantes ou estabelecer associações mnemônicas. Uma das mais famosas é “Minha Vó, Traga Meu Jantar: Sopa, Uva, Nozes e Pão”. As iniciais da frase relembram o aluno da ordem dos planetas no Sistema Solar: Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano, Netuno e Plutão.
Para a fonoaudióloga Ana Alvarez, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), nenhuma técnica de memorização, por mais infalível que seja, trará bons resultados se o aluno for desorganizado: “Se você não tiver disciplina para estudar, não conseguirá organizar as informações em seu cérebro. Na hora da prova, quando precisar encontrar uma informação, vai demorar a localizá-la”.
Autora dos livros Exercite sua Memória, Deu Branco e Cresça e Apareça, Ana Alvarez sugere aos estudantes que aprendam a fazer um resumo da matéria estudada. “Recomendo sempre que, ao final da aula, os alunos façam uma rápida síntese do que aprenderam. É como se fosse a ata resumida de uma reunião importante. Na aula seguinte, antes de retomar a matéria, o aluno deverá reler a síntese da aula anterior”, ensina.
Não por acaso, a neurocientista Silva Helena Cardoso costuma comparar a memória humana a um quebra-cabeça. “A cada dia, cada um de nós acrescenta uma nova peça ao gigantesco quebra-cabeça montado em nosso cérebro. Por isso, é importante, sempre que possível, estabelecer conexões entre o que está sendo aprendido e o conhecimento já armazenado em nossa mente”, conclui.
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