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A vitória de Thelma do BBB20 contra a desigualdade no curso de Medicina

A Thelma foi a grande vencedora do Big Brother Brasil e trouxe uma discussão importante sobre representatividade

Por Juliana Morales
29 abr 2020, 18h41

A edição 20 do Big Brother Brasil, que terminou na última segunda-feira (27), ficou marcada, logo no início do programa, pela união das mulheres contra um grupo de homens, que levou em massa para dentro da “casa mais vigiada do país” o machismo e todos resquícios da masculinidade tóxica.

Além disso, paralelo aos conflitos e “panelinhas” que já estavam sendo criadas desde os primórdios do jogo, Babu, um ator convidado, e Thelma, uma inscrita, selaram uma parceria instantânea ao se conhecerem, quando o muro que dividia famosos e anônimos caiu. Distante de ser apenas uma aliança de votos, eles se reconheceram com os cabelos afros, os desafios sociais e econômicos que enfrentaram e com a luta racial.

 

 

A forma como Thelma era tratada, em algumas situações, por GizellyIvy e Marcela, foi o mote para abrir o debate sobre o feminismo branco e o silenciamento dos discursos minoritários (de raça, por exemplo) dentro da luta das mulheres por igualdade de gênero. Mas como uma espécie de resumo, bonito e bem escrito, da resistência feminista e racial, aspectos importantes dessa edição, Thelma se consagrou a campeã na recente final.

 

 

Sua trajetória no jogo foi linda. E se, lá dentro, para vencer uma importante prova do líder, ela ficou 26 horas, acordada e em pé, fora do reality sua resistência é mil vezes maior. Ela é médica anestesiologista em São Paulo. Foi preciso três anos de estudos e uma bolsa de 50% na mensalidade do cursinho para conseguir uma vaga em medicina.

Com muito esforço, Thelma conseguiu bolsa integral para estudar em um dos cursos mais disputados do país na Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP), onde se formou em 2011. Segundo Babu, inclusive, a médica era uma referência para a filha dele, que sonha em cursar medicina.

Desigualdade de gênero em Medicina

Um grupo de estudantes da Faculdade de Medicina da Universidade de Tulane, nos Estados Unidos, protagonizaram uma foto, usando seus jalecos brancos, em frente a uma antiga fazenda de pessoas escravizadas em Louisiana, que atualmente é um museu. O clique foi postado por uma das alunas em seu perfil no Instagram, em dezembro de 2019, e viralizou nas redes sociais.

A foto foi ideia do aluno Russell Ledet. Em entrevista à revista People, ele explicou: “Minha filha de 8 anos disse: ‘Pai, significa muito ser um médico negro na América. Se você pensa sobre onde começamos… chegamos longe. Eu estava tipo ‘Você está certa, acho que mais de nós devemos ver isso”.

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No Brasil, o cenário também é desigual e preconceituoso. Em dezembro de 2019, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que, pela primeira vez, o número de negros (pretos e pardos) nas universidades públicas ultrapassou o de brancos, chegando ao patamar de 50,3%, mas isso não significa que o problema foi solucionado.

Apesar das ações afirmativas terem feito a diferença, ainda há questões estruturais, que somada com a alta competitividade do vestibular, dificultam uma distribuição equânime de negros e brancos em determinadas carreiras.

Quando os cursos são considerados individualmente, a pesquisa mostra que o acesso a carreiras mais concorridas e com maior remuneração ainda têm percentual menor de negros matriculados, como Medicina (39,9%). Outros exemplos são: Engenharia (40%), Odontologia (38,7%) e Direito (43,8%).

Representatividade

Em um cenário desigual, profissionais como Thelma têm um papel tão importante de representatividade e força. Nessa linha, selecionamos três produções cheias de conquistas e coragem. Confira!

Self Made

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Os episódios da série recém lançada pela Netflix contam a história da pioneira e magnata dos cuidados com os cabelos negros, Madam C. J. Walker, e como ela superou preconceitos e desafios para se tornar a primeira milionária americana self-made.

Estrelas além do tempo

Lutando contra os preconceitos de gênero e racial, um trio de mulheres afro-americanas, funcionárias da NASA, ajudaram a lançar com sucesso sua primeira viagem ao espaço nos anos 60.

Roxanne Roxanne 

Baseado na vida de Roxanne Shante, o filme original Netflix, de 2017, conta a história de uma jovem com apenas 14 anos, prestes a ser uma lenda do Hip-Hop, na década de 80. Forte, ela luta e enfrenta os perigos da rua, para sustentar sua família e realizar seus sonhos.

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