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“Anjo Negro” – resumo da obra de Nelson Rodrigues

Entenda o enredo da obra

Por Redação do Guia do Estudante
Atualizado em 12 abr 2018, 15h32 - Publicado em 28 set 2012, 17h36

– Leia a análise de Anjo Negro

O livro é dividido em três atos.

Primeiro Ato
Na sala da casa de Ismael e Virgínia, vela-se a morte prematura do terceiro filho do casal. Chega o irmão de criação de Ismael, chamado Elias, que é um homem branco muito bonito e cego. Ele deseja ver a criança, mas é impedido por Ismael. Então, Elias fala que veio trazer um recado de sua mãe, dizendo que Ismael havia sido amaldiçoado por ser um filho ruim.

Após isso, Ismael e Virgínia discutem dentro do quarto. Ela está trancada no quarto e impedida de ver o filho morto. Ismael diz querer que ela engravide novamente, mas ela se recusa a ter relações sexuais com ele e Ismael a tranca no quarto novamente.

Na próxima cena, Virgínia está chorando no quarto enquanto na sala algumas senhoras ainda comentam que ela não foi ver o filho morto. Quando o corpo é levado para ser enterrado, uma empregada sobe ao quarto e Virgínia implora para que a deixe sair. Durante a conversa, a empregada acaba revelando que Elias se encontra na casa. Virgínia oferece dinheiro à empregada e consegue sair do quarto. Elias e Virgínia se encontram e conversam longamente, revelando-se a história das personagens.

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Elias conta que Ismael odeia ser negro e que odeia sua mãe, pois ela é negra. Além disso, por conta de seu ódio e inveja, Ismael cegou Elias propositadamente.

Virgínia conta como se casou com Ismael. Por ter ficado órfã, Virgínia foi morar com sua tia e primas. Quando tinha 15 anos, o noivo da prima caçula a assedia. A prima vê o ocorrido e se enforca. Quando a tia fica sabendo o que aconteceu, ela trama sua vingança contra Virgínia. Ela convida Ismael para ir a sua casa e o manda ir ao quarto da sobrinha e estupra-la, o que ele faz. Após isso, ele compra a casa e passa a manter Virgínia presa.

Segundo Ato
Após contarem essas coisas um ao outro, Virgínia e Elias revelam que sentem afeição um pelo outro e, após terem relação sexual, planejam fugir. Por temer que Elias volte e os flagre, Virgínia expulsa Elias e eles discutem. A tia e suas filhas chegam na casa e ouvem vozes na casa. A tia vê Elias descendo as escadas e vai até o quarto. Ela vê Virgínia arrumando a cama, consegue fazer com que a moça confesse sua traição e a ameaça.

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Ismael chega em casa e vai direto para o quarto, onde encontra Virgínia com atitudes muito amorosas. Os dois acabam discutindo e Ismael acusa Virgínia de ter matado seus filhos por eles serem negros. Ela confessa e diz que matou este último afogado e os outros dois por envenenamento. Ismael diz que o próximo filho ele não a deixará matar. Virgínia se diz uma nova mulher e que não matará o próximo filho, mas pede que ele expulse a tia da casa.

Ismael pergunta porque ela deseja o próximo filho se ela nunca o amou. Então, a tia chega nesse exato momento e diz que é porque o filho é de Elias. Ismael expulsa a tia e suas filhas da casa. Ismael diz que como Virgínia matou os filhos dele, ele irá matar o filho branco de Virgínia e Elias. Então, para salvar seu filho, ela vai buscar Elias que está em outro quarto esperando-a. Quando eles retornam ao quarto onde Ismael está esperando, Ismael mata Elias com um tiro. Pensando que Virgínia está morta, a tia e suas filhas comemoram na sala.

Terceiro Ato
Já se passaram 16 anos após o ocorrido e Ana Maria, filha branca que Virgínia teve, já completou 15 anos. Durante uma conversa, Virgínia diz que Ismael é quem cegou Ana Maria com ácido e ele consente. Virgínia exige conversar a sós com a filha, algo que Ismael nunca deixou que ela fizesse, e diz que irá contar toda a verdade para a menina.

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Depois de anos fora, a tia retorna à casa com o corpo de sua última filha. Todas as outras haviam morrido virgem, mas esta não. Ela havia mandado a filha a ir sozinha a um poço onde sempre ficava um mendigo. Ele estupra a moça e a mata. Após contar isso, a tia ameaça Virgínia dizendo que Ana Maria também morrerá virgem. Furioso, Ismael protesta.

Após isso, Ismael autoriza Virgínia a passar três noites sozinha com a filha. Ele diz que Virgínia pode contar tudo a menina, inclusive que ele é negro. Por fim, ele diz que após isso é para ela sair de casa, pois ele não a quer mais.

Virgínia e Ana Maria conversam durante três noites, mas a jovem não acredita em nada do que a mãe diz. Virgínia diz que a ama e planeja fugirem juntas, dizendo que levará a filha a um lugar onde existem muitos homens brancos que a amarão. Então, Ana Maria revela que possui uma relação de homem e mulher com Ismael e que o ama. Espantada, Virgínia fala que realmente sempre a odiou e que na realidade planejava abandonar Ana Maria nesse lugar cheio de homens para que a jovem ali se degradasse. Ana Maria diz que as três noites já acabaram e expulsa a mãe do quarto.

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Virgínia conversa com Ismael e ele diz que ama Ana Maria. Ele diz para Virgínia ir embora, pois passará o resto da vida com a filha dela. Ela fala que a jovem jamais o amaria se pudesse ver o rosto de Ismael e que portanto só Virgínia poderia ama-lo de verdade. Ismael se convence de que Ana Maria é apaixonada por um homem branco que na verdade só existe nas histórias que ele conta para ela, e decide matar Ana Maria. Ismael vai buscar a jovem dizendo que vão passear e então ele e Virgínia trancam a menina em um mausoléu de vidro que tem na casa. O casal vai para o quarto consumar seu amor enquanto a Ana Maria morrerá aos poucos.

Personagens
Ismael: médico negro, violento e sem escrúpulos. Por não se aceitar como negro, deixa sua filha cega para que ela não saiba que ele é negro.
Virgínia: mulher branca que torna-se vítima sexual e esposa de Ismael.
Ana Maria: filha branca de Virgínia com Elias. É abusada sexualmente por Ismael.
Elias: branco, irmão de criação de Ismael. Ficou cego provavelmente por culpa de seu irmão.
Tia: mulher cruel, vingativa e que superprotege suas filhas.
Primas: filhas da tia. Com exceção de apenas uma delas, todas morrem virgem.

Sobre Nelson Rodrigues
Nelson Falcão Rodrigues nasceu no Recife, em 23 de agosto de 1912, e mudou-se ainda criança para o Rio de Janeiro. Aos 13 anos começou a trabalhar em jornal. Escreveu sua primeira peça, “A Mulher sem Pecado”, em 1941. Dois anos depois, a montagem de Vestido de Noiva revolucionou o teatro nacional e transformou-o num dos principais dramaturgos brasileiros.

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Sua obra teatral é assim classificada pelo crítico Sábato Magaldi: peças psicológicas (nas quais se incluem as duas primeiras), peças mitológicas (“Anjo Negro” e “Álbum de Família”) e tragédias cariocas (“A Falecida” e “O Beijo no Asfalto”). Suas obras causaram polêmica ao abordar temas sexuais e morais, como o tabu do incesto e a infidelidade, de forma mórbida, obsessiva e moralista.

Sua vida pessoal foi marcada por tragédias, como o assassinato do irmão e o choque por saber que seu filho fora torturado pela ditadura militar, regime que Nelson apoiou. Escreveu também os romances “Meu Destino É Pecar” e “O Casamento”, além de livros de crônicas. Morreu no Rio de Janeiro, em 21 de dezembro de 1980.

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