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Estudo

ARTHUR SCHOPENHAUER

Além de ser o filósofo da representação, Schopenhauer é conhecido como o filósofo da vontade

por Guia do Estudante Atualizado em 18 ago 2017, 16h12 - Publicado em
16 ago 2017
12h58

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Arthur Schopenhauer

ORIGEM

Danzig (atual Gdansk, Polônia) (1788-1860)

CORRENTE FILOSÓFICA

Idealismo Alemão

PRINCIPAIS OBRAS

O Mundo como Vontade e Representação; Sobre a Vontade da Natureza; Parerga e Paralipomenta

FRASE-SÍNTESE

“Para a maioria dos homens, a vida não é outra coisa senão um combate perpétuo pela própria existência, que ao final será derrotada.”


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BIOGRAFIA

Arthur Schopenhauer nasceu em Danzig (atual Gdansk, Polônia), em 22 de fevereiro de 1788. Filho de ricos comerciantes prussianos, foi educado para seguir a profissão do pai e, aos 12 anos de idade, empreendeu uma série de viagens pela Europa. A morte de seu pai permitiu-lhe abandonar a carreira comercial e voltar-se para o estudo universitário. Em 1813, doutorou-se pela Universidade de Berlim com a tese Sobre a Quádrupla Raiz do Princípio de Razão Suficiente. Em 1818 publica sua principal obra, O Mundo como Vontade e Representação. A partir de 1831, estabelece-se em Frankfurt, onde leva uma vida solitária. Ao longo da vida, ele teve problemas com a família, falta de reconhecimento da universidade (seu curso na Universidade de Berlim contou com apenas quatro ouvintes), doenças e dificuldades econômicas. Morre em 21 de setembro de 1860, vítima de ataque cardíaco, aos 72 anos.

“Imaginemos, por um instante, que a humanidade fosse transportada a um país utópico, onde os pombos voem já assados, onde todo o alimento cresça do solo espontaneamente, onde cada homem encontre sua amada ideal e a conquiste sem qualquer dificuldade. Ora, nesse país, muitos homens morreriam de tédio ou se enforcariam nos galhos das árvores, enquanto outros se dedicariam a lutar entre si e a se estrangular, a se assassinar uns aos outros.”

A FILOSOFIA DE SCHOPENHAUER

Retrato de Shopenhauer
Retrato de Shopenhauer (Reprodução/Reprodução)

Como se observa nas passagens iniciais de O Mundo como Vontade e Representação, o ponto de partida do pensamento de Schopenhauer é: “O mundo é minha representação”.

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“Todo objeto, seja qual for a sua origem, é, enquanto objeto, sempre condicionado pelo sujeito e, assim, essencialmente, apenas uma representação do sujeito.” Em outras palavras, tudo o que existe para mim é o que eu percebo a partir de formas a priori de consciência (tempo, espaço etc.). O real, enquanto coisa em si, é impenetrável a nosso conhecimento, que atinge apenas as representações. Essas representações se interpõem entre nós e o real como um véu que o encobre. Schopenhauer é um dos primeiros filósofos ocidentais modernos a valorizar o pensamento oriental, vendo afinidades entre sua visão e o hinduísmo, para o qual a realidade é encoberta pelo “véu de Maia”.

Além de ser o filósofo da representação, Schopenhauer é conhecido como o filósofo da vontade. A Vontade é a próxima essência da subjetividade, isto é, é a própria essência do “eu”. Irracional, desprovida de conhecimento, causa em si mesma, sem fundamento, possuidora de um infinito desejo de afirmar-se, a Vontade é o que faz as aves migrar e os tigres acasalar. Nos outros animais, a Vontade se expressa no instinto.

Diferentemente de outros animais, o homem possui consciência de sua vontade: “A Vontade é um cego robusto que carrega um aleijado que enxerga” – esse aleijado é a nossa consciência. No homem, a Vontade é o fundamento do querer viver, do sentimento de posse, do dominar, do afirmar-se: “A vida humana, pois, passa-se toda em querer e em adquirir”.

Daí surge um paradoxo. Estamos a todo momento buscando realizar nossa vontade, que é insaciável. Segundo Schopenhauer, “o desejo, por sua natureza, é dor: sua realização traz rapidamente a saciedade; a posse mata todo o encanto; o desejo ou a necessidade de novo se apresentam sob nova forma: senão, é o nada, é o vazio, é o tédio que chega”. Se nós matássemos toda a nossa vontade, nosso destino seria inevitavelmente o tédio. Eis a condição trágica da vida humana: “Para a maioria dos homens, a vida não é outra coisa senão um combate perpétuo pela própria existência, que ao final será derrotada”. Definitivamente, o homem não está programado para ser feliz.

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Diante disso tudo, o que fazer? Se a Vontade nos levará a um “vale de lágrimas”, como mitigar o sofrimento? A arte e a experiência estética são uma maneira de mitigarmos o sofrimento: na música se ouve a vontade, a essência da vida, se expressando. Por isso, a máxima de Schopenhauer: “A música é a vitória do sentimento sobre o conhecimento”.

Além disso, inspirado na ideia oriental do nirvana, Schopenhauer prevê a força da intelectualidade para amainar a Vontade, negando o querer, neutralizando os desejos: “Sem a negação completa do querer, não há salvação verdadeira, libertação efetiva da vida e da dor”. Ao desprendermo-nos da vida e de sua torpe essência, estamos indiferentes ao querer, aos desejos, à Vontade, que reclama sua satisfação sexual. Se não fizermos isso, nossa vida será uma tortura da Vontade insaciável.

Schopenhauer hoje

Nosso “filósofo da vontade” foi fundamental para o desenvolvimento das reflexões sobre a psicologia. Schopenhauer defendeu a ideia de que o homem não é um ser unificado e racional, que age conforme os interesses, mas um ser fragmentado e passional, que age influenciado por forças que fogem de seu controle. Hoje, mais do que nunca, debate-se no cotidiano a influência das paixões (ou do inconsciente, na linguagem atual) em nossa vida: qual é a raiz da depressão, do suicídio e da síndrome do pânico? Por que essas questões aparecem atualmente mais do que nunca? Em outras palavras, hoje se admite que existem instâncias não racionais que influenciam enormemente nossa vida e que, de alguma forma, precisamos lidar com elas. Assim, a visão schopenhaueriana de um ser não estritamente racional parece mais atual do que nunca.

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