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Veja as dicas dos campeões da redação do Enem

Veja as dicas e trajetórias dos estudantes que obtiveram acima de 900 na redação do mais concorrido vestibular do país

Por Ana Lourenço
Atualizado em 27 out 2017, 15h36 - Publicado em 24 out 2017, 19h26

É preciso muito treino e estudo para ir bem na redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Sob esses dois pilares, trazemos aqui dicas dos campeões da redação do Enem 2016, aqueles que obtiveram nota superior a 900 no maior vestibular do país.

Persistência

Veja as dicas dos campeões da redação do Enem
João Pedro, de 20 anos ()

Engana-se quem acha que é preciso ter algum talento nato para arrasar na redação. O estudante João Pedro Carvalho Rocha, de 20 anos, que obteve 920 no exame deste ano, conta que o resultado é fruto de cinco anos de dedicação. “Em 2012 obtive 440 pontos na redação. Em 2013, apenas 280 pontos. Em 2014 levei mais a sério, pois era meu último ano do ensino médio, mas tive uma grande decepção com a nota, que foi de 580 pontos. Em 2015, consegui ver melhora, com 720 pontos. E, em 2016, parece que foi a redenção, 920 pontos”, conta.

Também é o caso de Loise Nascimento, que tirou 960 na redação este ano e quer cursar Odontologia na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). “No primeiro ano do ensino médio, tirei 840. No segundo ano fui para 700 e no terceiro 640, o que me deixou muito mal, porque não consegui boa média para ingressar na faculdade”, conta. Mesmo desanimada, ela continuou estudando sozinha. “Nunca fui aluna ‘notão’, mas quando estava no terceiro ano começou a bater a realidade de que precisava estudar mais”, explica.

Foi justamente a decepção pela nota do ano anterior que a fez querer se superar e aumentar sua média. “Na área de matemática minha nota nunca foi muito boa. No cursinho, meus professores me incentivaram a melhorar a nota de redação para compensar o desempenho em exatas”, conta Loise. “Creio que para todos o Enem é bem cansativo. Mas para mim sempre foi mais, porque sou classificada como sabatista pelo MEC, então era um ‘chá de cadeira’. Mas sempre tentei manter a cabeça tranquila.”

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Já João Pedro conta que a diferença entre seu resultado de 2016 e o dos anos anteriores esteve no seu modo de encarar a prova. “Vi o Enem com mais maturidade e entendi o que é necessário em um texto dissertativo-argumentativo. Comecei a ler e escrever mais. Na reta final, eu fazia um simulado por semana”, conta.

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Ele diz que, ao mesmo tempo que estudava, já estava matriculado no curso de Arquivologia da Ufes, mas não parou de se preparar para o Enem, que vai usar para tentar Direito. O ano atribulado foi conciliado com sua campanha para vereador na cidade de Ibatiba (ES), em que terminou como primeiro suplente de sua coligação.

Quer fazer uma boa redação? Siga essas dicas

– Leia muito e mantenha-se sempre atualizado
– Estude história, filosofia e sociologia
– Treine bastante o tipo dissertativo
– Não desista caso tire uma nota ruim
– Leia redações de anos anteriores que obtiveram nota mil

Treino

O desafio, para Leonardo Sá, foi conseguir conciliar os estudos para o Enem com o terceiro ano do ensino médio e o cursinho Radical, do Rio de Janeiro, que fez à noite. O estudante obteve 920 na redação e terminou com uma média de 806 pontos. “Minha estratégia era fazero maior número possível de exercícios. Também resolvi sete provas anteriores do Enem e cinco simulados do mesmo modelo”, conta.

Ele diz, também, que fazia duas redações por semana, mas já chegou a fazer uma por dia. “No total, foram cerca de 56 redações feitas, sempre tentando reduzir o tempo e aumentar a qualidade da escrita. No começo, eu levava 1h20 para fazer uma, mas depois já terminava em 50 minutos. O que me auxiliou foi entender o modo de correção adotado pelo Enem”, explica Leonardo.

O vestibulando de Engenharia Química explica que outro ponto-chave na sua preparação foi manter o ritmo todos os dias e abdicar das férias. Além disso, ele recomenda bastante leitura e manter-se atualizado em atualidades. “Estar informado é extremamente útil para desenvolver uma boa redação. Estava sempre conectado a sites informativos. Quando tinha um intervalo, sempre via as notícias pelo celular.”

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Estrutura do texto

Veja as dicas dos campeões da redação do Enem
Isabela Andreotti, de 18 anos ()

A vestibulanda de Administração Cibele Máximo da Silva, de 19 anos, também prometeu a si mesma que tiraria uma nota acima de 800 na redação após se deparar com o resultado de 480 no Enem 2015. “Quando vi minha nota, fiquei chocada, chorei bastante. Depois de um tempo percebi que meu erro foi a fuga parcial do tema”, explica. Para resolver o problema, ela se dedicou principalmente através da internet, com videoaulas, grupos de discussão no Facebook e exemplos de redação nota mil. O esforço lhe rendeu a nota 940.

“Segui a estrutura da redação dessa forma: introdução com intertextualidade, desenvolvimento com alguma fonte ou dados confiáveis, e a proposta de intervenção com bastantes agentes. Como sou boa em humanas, usei dados históricos para sustentar meu argumento. Na introdução usei uma notícia sobre uma menina do Rio de Janeiro que foi apedrejada em 2015 ao sair de um culto de candomblé. Mostrar repertório cultural é importante”, diz Cibele.

Já Isabela Andreotti, ex-aluna do Colégio Bandeirantes, em São Paulo, conta que seu foco sempre foi a Fuvest, o vestibular da USP, mas acabou se adaptando à redação do Enem e obteve nota 940.

“O Enem tem várias regrinhas de estrutura, o que é importante saber, mas minha dica é não ficar apostando em qual tema vai ser, porque pode ser qualquer coisa. O jeito é ir se informando ao longo do ano e sempre tentar ter uma visão crítica, formar uma opinião”, explica Isabela, que pretende cursar Farmácia e Bioquímica.

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Wallysson Canuto, de 19 anos ()

O estudante José Wallysson de Barros Canuto, de 19 anos, conta que tirou 920 pontos na redação após uma preparação de apenas três meses. Ele conta que não há fórmula: “Pude comprovar que não existe nada que venha sem esforço e sem muita determinação. A fórmula é apenas conhecer a estrutura da redação do Enem e praticar, escrever muitos textos e ficar atento ao que é preciso melhorar, nada mais”, conta o estudante, que quer fazer Medicina.

Outro fator que o ajudou foi ter feito um curso específico de redação. “Para os textos, eu costumava sempre fazer buscas na internet enquanto estava escrevendo as propostas que o curso me passava, às vezes eram três ou até mais por semana. Então, procurava situações históricas, frases e autores relevantes que pudessem ajudar”, explica.

O que uma boa proposta de intervenção tem?

Geralmente, propostas sólidas e que sejam viáveis. Os estudantes também recomendam usar mais de um só agente. “Desenvolvi minha proposta com múltiplos agentes, cada um responsabilizado por garantir que a situação proposta seja melhorada. Cobrei do governo a promoção do conhecimento das diversas religiões por meio de palestras, campanhas publicitárias e ações na internet. Das Igrejas, pedi para educarem seus fiéis a lidarem com as diferenças, uma vez que o Estado é laico, e da sociedade cobrei o combate a qualquer tipo de discriminação religiosa, por meio de denúncias a quem pratica tal ato”, conta Cibele Máximo.

Estude com as redações dos estudantes

João Pedro Carvalho Rocha, 920

Durante a formação do estado brasileiro de direito, do Oiapoque ao Chuí, a intolerância religiosa é uma problemática advinda dos nossos colonizadores portugueses. Seja na discriminação religiosa, predominantemente, de matrizes religiosas africanas. Seja na transformação do estado que deveria ser laico.

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O lema defendido, na Revolução Francesa, impulsionada pelos ideais iluministas, diz a respeito da ‘Igualdade, Fraternidade, e Liberdade’, que pode ser incorporado quando se fala da intolerância religiosa, principalmente, de matrizes religiosas africanas. Quando há intolerância religiosa, existe a falta de “Igualdade” do cidadão poder se tratado de forma igual, há ausência de ‘Fraternidade’ de se respeitarem e se amarem, entre as pessoas, como pregou Jesus Cristo, e existe a omissão de ‘Liberdade’, o livre-arbítrio,  de poder escolher a crença que quer seguir e depositar sua fé.

Outrossim, a intolerância religiosa, no Brasil, que é um país colonizado e catequizado por portugueses, impede o país de se tornar, de fato, laico, de respeitar todos os cleros, e religiões, e de quem não acredita em nenhuma religião. A intolerância religiosa é alimentado por líderes religiosos, sociedade e quem detém o poder, devido, a acreditarem que sua religião é superior as outras – vide o Estado Islâmico, –  inflando o preconceito e discriminação com quem pensa e deposita sua fé em alguma crença diferente ou nenhuma.

Exposta a problemática sobre a intolerância religiosa no Brasil, faz-se presente medidas que possam conter essa onda de intolerância e desrespeito com a diversidade religiosa, através de projetos de leís mais rígidas que coíbam qualquer tipo de discriminação; propagandas e conscientização nos canais de TV’s defendendo o respeito as outras crenças; e garantias, através, dos nossos parlamentares, que o estado necessita ser laico, para que haja democracia, pois como dizia Marthin Luther King, um grande líder religioso que transformou o mundo ‘O que me preocupa não é grito dos maus. É o silêncio dos bons.’

José Wallysson de Barros Canuto, 920

A intolerância religiosa no Brasil é um problema muito presente. Fiéis de diferentes denominações sofrem constantemente com atitudes discriminatórias. Neste sentido, o problema é condicionado ao legado histórico-cultural e o desrespeito às leis. Segundo a história, as primeiras civilizações envolviam-se em conflitos e sofriam com o abuso de poder de impérios e povos mais poderosos, comprova-se isso nas invasões Vikings. Desse modo, medidas são pertinentes para combater a intolerância religiosa.

Mandela, líder sul-africano, combateu as diferenças existentes em seu país. Ele dizia que a criança não nasce odiando e desrespeitando as religiões, mas ela aprende isso, podendo também ser ensinada a amar. Logo, os pais são inteiramente responsáveis pelo conhecimento que passam a seus filhos, assim como, pelas atitudes provocadas por sua descendência, seguindo um legado histórico-cultural de discriminação e intolerância.

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Segundo a Constituição Brasileira, todo cidadão é assegurado pela liberdade de crença religiosa. No entanto, percebe-se o desrespeito a Constituição, pois são crescentes os crimes envolvendo religiosos, sendo que muitos ainda não são denunciados. Nesse ínterim, muitos são provocados pela própria família e através da omissão do Estado.

Portanto, propostas fazem-se necessárias para combater a problemática. Assim, o Governo Federal deve garantir o cumprimento do Código Penal que garante a punição e detenção de crimes que ferem a laicidade do Estado que, por sua vez, também deve assegurar que as escolas cumpram a BNCC, promovendo debates e discussões entre alunos e pais sobre o respeito às religiões. Por fim, isso resulta no que Mandela afirma, ‘A educação é a arma mais poderosa para combater a violência’. Quem sabe, assim, a intolerância religiosa é extirpada do Brasil.

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