Redação do Enem: como construir uma boa proposta de intervenção
Conheças as principais estratégias para tirar nota máxima nessa competência
Imagine que você está a um parágrafo de uma redação nota mil no Enem: compreendeu a proposta de redação, já tinha algum repertório sobre o assunto e reuniu bons argumentos para explicar suas causas, tudo isso em um texto coeso e coerente. Agora só falta cumprir a última das cinco competências da prova e elaborar uma proposta de intervenção para agir sobre o problema apresentado.
A nota da proposta vai variar de 0 a 200 em grupos de 40 — ou seja, você pode tirar 0, 40, 80, 120, 160 ou 200 pontos. Para te ajudar a conquistar a maior nota dessa escala, elencamos aspectos importantes para a construção de uma ótima proposta de intervenção. Anota aí!
Antes de mais nada, é bom explicar. “Proposta de intervenção” é o conjunto de argumentos que você precisa apresentar na redação a fim de resolver, propor melhorias ou ao menos lidar com a situação do tema.
Nem inédito, nem óbvio demais
Como os temas propostos na redação do Enem têm, geralmente, raízes profundas e estruturais, é irreal imaginar que você precisa sugerir algo único e nunca experimentado antes na humanidade para resolver o problema. Por isso, citar a reformulação de medidas já experimentadas no passado ou que funcionaram em países de realidade próximas à brasileira pode ser uma boa ideia.
É importante mencionar, no entanto, que não adianta também citar exemplos que já se mostraram ineficazes ou então que são óbvios e pouco práticos em termos de resultados. Em uma outra reportagem publicada aqui no GUIA, a youtuber Débora Aladim cita o exemplo do uso da conscientização por meio da educação como solução para todos os problemas. Embora a educação tenha um peso e deva ser explorada, não resolverá sozinha problemas que envolvem impunidade, falta de recursos e outros aspectos.
Detalhe sua proposta
Se você está finalizando o texto e sua proposta de intervenção acabou com duas ou três linhas, repense se está realmente propondo uma boa solução. No livro Redação Infalível, Débora Aladim lembra que a proposta de intervenção te dá poderes de presidente para atuar na resolução de qualquer problema: você precisa convocar setores, mobilizar dinheiro para isso, pensar no desenvolvimento da ação e nos impactos que ela trará. Por isso, verifique se sua proposta responde às seguintes perguntas:
- O que precisa ser feito?
- Quem vai fazer?
- Como?
- Quais resultados espero disso?
Essas perguntas não precisam ser respondidas apenas uma vez, já que a ideia da proposta de intervenção é mobilizar todas as esferas necessárias para sanar (ou minimizar) o problema. Por isso, fique atento à próxima dica!
Entenda como atua cada agente
Você já deve ter ouvido de professores de que o ideal na proposta de intervenção é mobilizar o governo em conjunto com a sociedade, certo? Acontece que nenhum dos dois é uma massa homogênea que atua desordenadamente. Nem todas as funções competem ao governo federal, por exemplo. Se você quer discutir mudanças no sistema penal, pense que é necessário também envolver o Ministério da Justiça e todos os níveis governamentais, como a Câmara dos Deputados e o Senado, pelos quais uma proposta de lei teria que passar antes de ser implementada.
Para não errar feio na hora de nomear os responsáveis por cada atribuição na proposta, se informe sobre como atua cada ministério, as Forças Armadas, os tipos de polícias (como a federal, a rodoviária e a civil) e as instâncias de governo (federal, estadual e municipal).
Por que ainda é importante respeitar os direitos humanos
Até 2017, um item sempre aparecia em todos os editais do Enem: desrespeitar os direitos humanos na redação implicava em nota zero. Desde o ano passado, no entanto, o item foi vetado, e a menção aos direitos humanos agora aparece somente na competência 5, de proposta de intervenção — “elaborar proposta de intervenção para o problema abordado, respeitando os direitos humanos”.
Ou seja, embora não zere a redação, desrespeitar os direitos humanos nessa competência pode te tirar os 200 pontos da proposta de intervenção. Além disso, para além da pontuação que você ganha ou perde com isso, o respeito aos direitos humanos está previsto na Constituição Brasileira.