Milhares de pessoas mortas — com famílias que nem puderam se despedir. Dezenas de milhares de internadas – muitas lutando para conseguir respirar. Milhões saindo às ruas por necessidade, mas com medo. E milhões que, presos em casa, podem se considerar privilegiados nesse triste cenário de pandemia.
Entre os confinados, milhões de estudantes, como você. Que, há mais de um mês, deixaram de ir para as salas de aula, de encontrar um professor, de bater papo no intervalo. Alguns continuam tendo aulas online. Outros são convidados a entrar numa plataforma ou a assistir a aulas pela TV.
Com mais ou menos estrutura, o que esses alunos vivem hoje é muito diferente da rotina certinha da escola. Você pode ver a aula enquanto mexe no celular, e dificilmente vai levar a mesma bronca. Pode deixar de cortar o cabelo (até porque não tem cabeleireiro mesmo), de passar desodorante (apesar dos protestos da família) e até de estar mesmo presente (ou só eu que vi o espertinho que se filmou para fingir presença na aula online?). Na prática, pode dar o velho “migué” de internet ruim enquanto continua vendo Netflix na tela paralela.
Mas é exatamente essa a grande oportunidade do coronavírus para você, estudante.
Você está em casa. Sem supervisão de adultos — que estão surtando com o próprio home office ou tendo que sair, como sempre, para pagar os boletos. E sem a tutoria da boa e velha escola. Você, nesta pandemia, é seu próprio mestre. A quarentena é o mais próximo da vida adulta que você vai chegar sem precisar esperar entrar em faculdade ou trabalho.
A pandemia, estudante, é a sua oportunidade de desenvolver sua disciplina e sua responsabilidade. Aquelas que usamos quando não tem ninguém vendo. Quando só um vírus invisível espera lá fora e o Enem pode até ser adiado. Aquela que vai te acompanhar pro resto da vida. Havendo outra pandemia ou não (esperamos que não!).
Se, no meio desta pandemia, você conseguir gerenciar bem seu tempo, sua concentração, sua motivação, seu bem-estar físico, é muito provável que já esteja preparado para dar mais passos rumo à autonomia. Se não está conseguindo, é hora de pensar como você tem encarado suas tarefas diárias. A gente faz o que tem que fazer não porque tem alguém olhando. Mas porque, no final, espera que tudo o que a gente faz contribua para a vida que queremos levar no futuro.
Se a Covid-19 tem nos ensinado sobre a curva de crescimento exponencial, a microbiologia do vírus e as pandemias que mudaram a história da humanidade, certamente tem muito mais a ensinar sobre como gerimos a nós mesmos diante da tensão em momentos de crise. E isso pode ser útil não só para o Enem, mas para a vida.
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