O ministro da Educação, Camilo Santana, afirmou em entrevista à Rádio O POVO/CBN nesta segunda-feira (10) que o MEC (Ministério da Educação) pode decidir pela realização de duas versões do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) em 2024 se as discussões sobre o Novo Ensino Médio apontarem este caminho.
Desde o último dia 4, o cronograma de implementação da reforma do Ensino Médio está suspenso enquanto durar a consulta pública sobre o tema. Um dos impactos mais imediatos é a paralisação das discussões sobre um novo Enem em 2024 – o que levou à interpretação de que o exame continuaria seguindo os moldes atuais na edição do próximo ano.
“Nosso objetivo será não prejudicar nenhum estudante que já estava no Novo Ensino Médio, porque aí você tem realidades diferentes. Tem estado mais avançado na implantação. Tem estado menos avançado. Se houver necessidade, no final dessa discussão, de ter que fazer dois Enems, nós vamos fazer”, disse o ministro à rádio.
Ele havia sido questionado sobre como a realização de um Enem convencional poderia prejudicar os estudantes que já estão inseridos no formato do Novo Ensino Médio. A preocupação é a mesma da Fenep, federação que representa escolas particulares e ameaçou entrar na Justiça contra a paralisação do cronograma de implementação da reforma.
“A gente fez uma reforma na BNCC [Base Nacional Comum Curricular] e deu ao ensino médio uma terminalidade, inclusive técnica-profissionalizante, mas o ensino médio continua se balizando muito no Enem. Se você torna o Enem uma bagunça que ninguém entende, a faculdade pode não querer mais o exame“, afirmou Amabile Pacios, vice-presidente da entidade, em entrevista à Folha de S. Paulo no início do mês.
A sugestão do setor é justamente que o MEC apresente uma proposta de Enem transitório para 2024.
Elaboração do Enem
O processo de elaboração das provas do Enem é reconhecidamente complexo. Criar novas questões para o exame envolve um processo de dez etapas que passa, entre outros pontos, pela seleção de profissionais para formular as perguntas, pelo crivo de especialistas nas áreas, por fases de testagens empíricas e enfim por análises psicométricas e pedagógicas.
Só depois dessas fases as novas perguntas são armazenadas no BNI (Banco Nacional de Itens) que alimenta o exame em diferentes edições.
Todo este processo pode demorar anos – o que coloca em xeque a realização de duas versões da prova no ano que vem, sendo uma delas completamente reformulada e adaptada ao Novo Ensino Médio.