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Nova operação deflagra esquema de fraudes em vestibulares

Grupo tentou fraudar processos seletivos por todo o país, incluindo o Enem 2016; Inep afirmou que candidatos beneficiados serão eliminados

Por Pedro Peduzzi, da Agência Brasil
31 out 2017, 12h13

A Divisão Especial de Repressão ao Crime Organizado (Deco), da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), informou que a quadrilha investigada na segunda etapa da Operação Panoptes, deflagrada nesta segunda-feira (30), tentou fraudar concursos públicos e vestibulares de todas as instituições organizadoras de processos seletivos, não se restringindo apenas aos concursos promovidos pelo Centro Brasileiro de Pesquisa em Avaliação e Seleção e de Promoção de Eventos (Cebraspe) – o antigo Cespe, da Universidade de Brasília. Há suspeitas de que eles tentariam fraudar também o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) deste ano, mas até o momento isso ainda não foi oficialmente confirmado.

De acordo com os investigadores, no caso de vestibulares, a quadrilha cobrava entre R$ 80 mil e R$ 160 mil. Já no caso dos concursos públicos, o valor cobrado era de 20 vezes o valor do salário a ser recebido. “Muitos davam um sinal entre R$ 10 mil e R$ 20 mil e, depois de assumirem o cargo, faziam empréstimos consignados para pagar o restante”, explicou o delegado Maurilio Coelho Lima, da Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Deco).

Segundo o delegado-chefe adjunto da Deco, Adriano Valente, o chefe da quadrilha é Hélio Ortiz, preso desde a primeira etapa da operação. “Eles tentavam fraudar todos os concursos, não apenas o Cebraspe. Todas as bancas de todos os concursos sofreram tentativas de fraudes. Todos serão objetos de medidas mais duras pela Polícia Civil do Distrito Federal”.

Até o final da manhã de ontem, três dos cinco mandados de prisão preventiva já haviam sido cumpridos. Um deles é Ricardo da Silva Nascimento, um ex-funcionário do Cebraspe que já havia sido demitido por suspeitas de participação nessa organização. Ricardo trabalhava no Cebraspe desde 2014, e vinha sendo investigado desde 2016.

“É muito importante frisar que o Cebraspe não participa dessa organização criminosa, e que vem colaborando desde o início, trazendo todas informações necessárias para que pudéssemos pedir a prisão preventiva do Ricardo, que era responsável por digitalizar os gabaritos das provas”, disse o delegado Valente.

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Valente informou que só nas contas de Ricardo foram movimentados cerca de R$ 1 milhão com essas fraudes em 2016. “Ele recebia o gabarito e, antes de digitalizá-los, preenchia as questões com a resposta correta”, acrescentou.

De acordo com o delegado, também foram alvo de prisão preventiva Weverson Vinícius da Silva que, segundo os investigadores, aliciava candidatos a pagarem pela aprovação. Valente citou o nome de outras duas pessoas – Alda Maria de Oliveira e Milson Iran da Silva – que, por terem colaborado com as investigações, já foram colocadas em liberdade. “Eles aliciavam candidatos voltados a vestibulares, em especial para o curso de medicina”.

Segundo o delegado Lima, da Deco, os criminosos não tinham o menor pudor para oferecer as vagas. “Eles ofereciam [as vagas] até para pessoas que viam nas ruas com apostilas no braços. Muitos desses abordados disseram se sentir intimidados. Afinal, estudavam há muito tempo e tinham medo de não passar. Com isso acabaram aceitando a proposta”, disse.

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“A PCDF vai chegar em todos que fraudaram e que entraram pela porta dos fundos em concurso públicos. Inclusive estamos abertos para quem quer evitar o constrangimento de ser conduzido na frente de familiares ou de colegas de trabalho. Nossa sugestão é que nos procurem antes que isso aconteça, porque temos algumas confissões que explicaram todo o passo a passo”, acrescentou o investigador. Segundo Valente, há “mais de 100 suspeitos praticamente confirmados. Alguns dos ouvidos, inclusive, já confessaram o cometimento do crime”.

Em Goiás foi preso André Luiz dos Santos Pereira, que teria comprado vaga para um dos certames. De acordo com os delegados, André também está envolvido com o caso da moeda virtual Kriptacoin, investigada no âmbito da Operação Patrik. “Depois de se envolver com a quadrilha [para adquirir uma vaga em concurso público], André se interessou e passou a ajudar Ortiz, também aliciando outros candidatos. Mais recentemente, ele atuou de forma mais próxima a Ricardo. André cresceu nessa organização. Inclusive parte do dinheiro obtido por ele com a fraude em concursos foi investida na Operação Kriptacoin”, informou o delegado Valente.

De acordo com a PCDF, foram pedidos cinco mandados de prisão preventiva, três de prisão temporária e oito conduções coercitivas. Também estão sendo feitas buscas em 16 endereços localizados em Goiânia e em cinco regiões do DF. A primeira fase da Operação Panoptes foi deflagrada em agosto.

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