O presidente do Inep, Manuel Palácios, afirmou nesta quarta-feira (8) que não há motivos para anular as três questões do Enem 2023 que foram alvo de críticas da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA). Em entrevista à Folha de S. Paulo, Palácios reafirmou que os itens da prova cobravam dos candidatos apenas interpretação de texto, e que o estudante “não precisa concordar” com o texto apresentado na questão. Reforçou, ainda, que a preparação da prova segue critérios técnicos e não tem interferência do governo.
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Prova dessa isenção, indica o presidente do instituto, é que os professores responsáveis pela elaboração desta edição foram selecionados em edital público realizado em 2020, ainda no governo Bolsonaro. “Os professores selecionados por critérios públicos abordam textos que têm circulação na vida brasileira, na universidade, nas escolas, na vida científica. Ninguém precisa concordar”, disse à Folha.
Segundo Palácios, o instituto não deve anular as questões alvo de críticas, já que elas não apresentaram prejuízo aos candidatos. “O que justifica a anulação é o caso de um item não ter uma resposta correta bem construída, ou se ele não produz informação relacionada efetivamente com a habilidade avaliada, que é parte do currículo”, conclui.
Entenda a polêmica
A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), formada por congressistas ligados ao agronegócio brasileiro, divulgou na última segunda-feira (6) uma nota criticando três questões da prova de Ciências Humanas do Enem 2023 e pedindo o cancelamento dos itens. Segundo os parlamentares, as perguntas não tinham critério científico e eram puramente ideológicas.
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Dois dos itens abordavam a relação das atividades agropecuárias com a devastação ambiental e dos modos de vida tradicionais, e um falava a respeito do turismo espacial capitaneado por bilionários. Embora a questão 89 do caderno branco – que gerou a maior onda de críticas – trouxesse de fato críticas contundentes ao agronegócio no enunciado, nenhuma delas pedia um posicionamento dos candidatos sobre o tema. Eles deveriam apenas interpretar o argumento do autor do texto.
Em entrevista ao GUIA DO ESTUDANTE, o professor de Geografia Luis Felipe Valle reforçou ainda o embasamento científico das questões, que traziam textos de pesquisadores universitários renomados na área. “Não cabe dizer que houve qualquer tipo de inclinação ideológica ou mesmo juízo moral, e sim uma análise muito séria sobre problemas que a gente precisa enfrentar”, afirmou.
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