“Além de passar no Enem, a gente espera também que eles saiam bem de saúde.” Essa é a maior preocupação de Vera Whately, mãe de João Whately, 18, que vai prestar o exame pela primeira vez, em uma universidade no bairro de Botafogo, Rio de Janeiro. A mãe diz que o filho se preparou bem durante o ano, mas que tem medo da aglomeração dentro da sala, mesmo com o uso da máscara e álcool em gel. “Nós tomamos todos os cuidados como distanciamento, mas sabemos que nem todas as famílias seguem isso”.
No mesmo local, a psicanalista Daniela Machado, 43, tentará agora o Enem 2020 para entrar no curso de Musicoterapia. Ela conta que está tranquila para fazer a prova, mas preocupada com os estudantes que estão indo de transporte público. Mesmo assim, adotou, além da máscara e do álcool em gel, uma touca para fazer o exame.
Apesar dos riscos, Pedro Lelis, 18, diz que está confortável em realizar a prova presencialmente: “Confio nos órgãos de saúde e no Inep”. Mesmo assim, ele diz que, se pudesse voltar no tempo, teria feito inscrição para o Enem Digital que, além de ser mais para o fim do mês, reunirá só 100 mil estudantes, bem menos do que os 5,8 milhões da versão tradicional do exame. O estudante, que é aluno de uma escola privada no Rio, está prestando para o curso de Matemática na UFRJ e, preocupado com o covid-19, não saiu nem para comemorar o aniversário, na semana passada.
Já Talita Chaves, com também 18, tem mais preocupações. A estudante, que vai realizar o exame neste domingo na Universidade Mackenzie, em São Paulo, soube que estava grávida em junho de 2020. Os cuidados redobraram e os planos para usar a nota do Enem para cursar Direito não recuaram. “O momento mais tenso foi quando minha mãe pegou covid-19, em março. Mas depois segui focada e em quarentena. As consultas para acompanhar a gravidez eram rápidas e sempre de máscara”, conta Talita ao lado da mãe, Cileia.
Vera Lucia Nigri, 16, sonha em cursar Medicina e, mesmo neste ano atípico, decidiu fazer, sim, o exame como treineira. Ao lado da mãe, Ana Nigri, a estudante conta que a rotina de estudos não mudou muito na quarentena, mesmo com o ensino a distância. Isso porque Vera sempre teve o hábito de estudar em casa para lidar com o a disortografia, um transtorno de aprendizado em que a pessoa apresenta dificuldade em escrever sem erros ortográficos.
Reencontros
O momento de entrada do vestibular também foram momentos de reencontros depois de tempos de isolamento social e ensino remoto. Os amigos Kauê, 17, e Erik, 16, estudam na mesma escola, mas não se viam presencialmente há meses. Hoje a dupla se reencontrou para fazer a prova do Enem na Universidade Mackenzie (SP).
Na frente da universidade Santa Úrsula, no Rio de Janeiro, Maria Lins, 19, quase não reconheceu Thomaz Lacerda, 19, que raspou o cabelo durante a quarentena. A dupla, junto com os outros amigos, contou a situação engraçada e depois, posaram para foto para a redação do GUIA, antes da prova.
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