Enem 2020: expectativa x realidade dos estudantes
No temido segundo dia do Enem 2020, estudantes comentam a preparação para a prova e como avaliam a dificuldade das questões do exame
Mesmo com portões da Universidade Paulista (Unip) abertos 11h, estudantes que não se viam há tempos fizeram aglomeração no segundo dia do Enem 2020. Os candidatos paulistas, obrigatoriamente de máscaras (ainda que de diferentes estilos e cores) enfrentam neste domingo (24) a prova de Ciências da Natureza (Química, Física e Biologia) e Matemática.
O primeiro dia do Enem foi marcado pela abstenção recorde de 51,5%. O GUIA conversou com estudantes na porta da Unip para saber como foi a preparação para o Enem especificamente para esse segundo e temido dia com questões de Ciências Exatas e, no final, como de fato eles avaliaram a prova deste domingo.
Antes da prova
“Amo questões de exatas e acho mais tranquila essa segunda prova do Enem. No primeiro dia, além do incômodo da máscara, tinha muita interpretação. Saí com a cabeça fervendo. Hoje vou brilhar”, conta Natan Rodrigues, 18, que pretende usar a nota do Enem para prestar Educação Física.
Já Giovanna Maira, 18, acredita que foi bem na primeira avaliação, apesar da ansiedade gerada pelo uso de máscara no local de prova. No entanto, ela diz que não está satisfeita com a sua preparação para o dia de Ciências da Natureza e Matemática. “Ah, não rolou de me preparar como eu gostaria durante a pandemia, ainda mais para as disciplinas de exatas, em que a minha facilidade é menor”, diz.
Em 2019, Giovanna conseguiu bolsa de 70% no Sisu para cursar Direito. “Lembro do Enem que fiz em 2019 e me tranquilizo. Tomara que as questões girem em torno de interpretação como foi daquela vez. Este ano eu quero conseguir uma bolsa de 100%”, conta.
“Hoje quando lembrei que vou ter que passar horas fazendo conta, olhei para minha mãe e já disse logo: ‘Mãe, hoje o dia não vai ser bom, não’. Tô tensa”, diz bem humorada Luana, 17.
Por coincidência, ela pôde encontrar na frente dos portões da Unip parte dos amigos da escola Emef Antonio de Sampaio Doria, do Jardim Miriam. A escola é distante da universidade, localizada na região central de São Paulo.
Junto de Luana, as amigas Mariana, 17, e Milena, 16, achavam graça do encontro entre os irmãos Matheus, 20, e Victoria, 17. Apesar de todos serem da mesma turma do Antonio de Sampaio, os irmãos moram em casas distintas. Victoria mora com os pais e Matheus mora com a namorada. “Na pandemia, só assim para ver meu irmão”, diz Victória.
“Até pensei em não fazer esse Enem cheio de riscos e aglomeração. Mas, além das oportunidades que o Enem proporciona, é legal rever o pessoal”, diz Matheus. “Na primeira prova, achei que eles exageraram no vocabulário. Agora, misericórdia, tem conta. Aí, já viu! Imagens de dor e sofrimento”, brinca Victória.
Da série família unida que faz Enem, Rafaela e Beatriz Laddanza, 17 e 18 anos respectivamente, também não morrem de amores por cálculos de Física e Matemática.
Beatriz quer cursar Direito. “A primeira prova foi cansativa, mas agora é que o bicho pega. Sou muito ruim em contas. Espero que caia ecologia, química orgânica e lógica nas questões de exatas. Ah, por favor, tem que cair isso”, analisa Beatriz. “O cursinho online foi super importante e me ajudou a ter mais confiança”, diz.
A irmã Rafaela sente um pouco menos a pressão. Pra conseguir cursar Estética, a jovem terá que administrar o sentimento com as questões de exatas. “Nossa, odeio muito Matemática e matérias desse tipo. Simples assim. Mas apesar de não ter feito cursinho, muito do que minha irmã estudou acabei estudando com ela. Vai dar certo”, conta Rafaela.
Depois da prova… o grito?
Natan foi o primeiro dos entrevistados desta reportagem que terminou a prova, por volta das 17h30. “Confirmei a minha expectativa de ser uma prova bem mais tranquila de fazer, se comparada com a primeira. Teve um pouco das duas coisas: cálculos e interpretação”, diz satisfeito. Natan acredita que seu desempenho também foi superior na prova deste domingo.
Giovanna achou curiosa a questão que envolvia o universo Harry Potter. Apesar do desconforto prolongado de fazer a prova com uma máscara, ela acredita que vai conseguir melhorar as condições de sua bolsa.
“O que me surpreendeu foi que química estava bem mais difícil que matemática. Me senti desconfortável de fazer a prova de máscara, mas estou confiante no resultado”, conta Giovanna que esperou chegar em casa para tomar banho e jantar, antes de refletir sobre como o Enem a impactou. “Depois dessa maratona, agora sim, me sinto até aliviada kkkkk”, finaliza em mensagem no WhatsApp.
Victória mandou uma mensagem por WhatsApp assim que terminou a prova. “Meuuu, a prova foi bem cansativa mesmo, mas deu tudo certo. Assim, no geral para mim foi ruim, porque boa parte da prova eu não sabia. Minha opinião é a mesma sobre a primeira prova, a maioria das questões é sobre algum assunto estudado no Ensino Médio e outras são de interpretação (são as que salvam a gente de humanas kkkkkk). Então foi isso”, avalia.
A suas amigas Mariana e Luana disseram que o segundo dia do Enem fluiu melhor. “Achei a prova bastante complexa e cansativa de fazer. Porém, foi mais rápida do que a do outro domingo, que tinha muito texto. Muitas pessoas faltaram. Acredito que grande parte é por causa da pandemia ou muitos não devem ter se sentido confiantes para fazer a prova”, observou Mariana.
Luana viu que suas previsões não se concretizaram. “Confesso que me descobri uma ótima atacante. Chutei todas!! Não estava difícil, mas a pandemia afetou drasticamente o meu ensino, sabe? Sim, no final das contas, o dia do Enem foi tranquilo, mas poderia ser melhor”, diz.
Beatriz não tem certeza se foi bem. No entanto, ficou feliz que caíram questões de química orgânica e ecologia. “Foi uma questão de cada, mas cada questão vale”, diz. “A prova foi muito cansativa, mas foi muito mais tranquila do que eu esperava. Menos matemática. Aí foi o horror de sempre. Havia questões que eu não fazia ideia por onde começar”, pondera Beatriz, que acredita que conseguirá usar a nota do Enem nos seus objetivos.
“Minha irmã disse que não achou a prova difícil, mas chutou um monte de questões de matemática!”, finaliza Beatriz.