Enem 2019: segundo dia foi mais conteudista que em anos anteriores
Enquanto algumas questões exigiam muitos cálculos, outras pediam conhecimentos técnicos mais específicos
Para os candidatos que saíram desolados da prova do segundo dia do Enem 2019, vale aquela velha máxima repetida pelos professores: não foi uma prova mais difícil apenas para você, mas para todos! No geral, esse é o balanço feito por professores dos cursos Anglo, Poliedro e Oficina do Estudante ouvidos pelo GUIA: uma prova mais conteudista, com cálculos mais complexos em Matemática e Física e, no geral, alguns assuntos não esperados como algoritmos e atomística. Até a prova de Biologia surpreendeu pelos conhecimentos mais técnicos exigidos.
Apesar disso, conteúdos clássicos em cada uma das disciplinas, que historicamente são cobrados no Enem, continuaram com espaço na prova. Além disso, foi uma prova bem distribuída em termos de subárea de cada matéria. Confira as impressões de alguns professores sobre cada disciplina neste segundo dia.
Matemática
A prova de Matemática, apesar de composta majoritariamente por temas clássicos de Enem, surpreendeu por conta dos cálculos exigidos. Fernando da Espiritu Santo, gerente de inteligência educacional e avaliações do Poliedro, destacou que em algumas questões era necessário realizar vários cálculos para se chegar à alternativa correta. Daniel Perry, coordenador do curso Anglo, aponta que, embora as questões fossem bem contextualizadas, não era possível resolvê-las sem dominar os conteúdos aos quais elas se referiam, e por isso a prova pode ser lida como mais “conteudista”.
Entre os assuntos cobrados, ambos destacam as duas questões de logaritmos (pouquíssimo frequentes em anos anteriores), as funções trigonométricas e os cálculos mais complexos mesmo em probabilidade, análise combinatória e estatística.
Física
Sem dúvidas, é também uma das disciplinas que ficaram mais complexas este ano. O professor Marcelo Pavani, diretor do cursinho Oficina do Estudante, afirmou ao GUIA que embora as questões fossem, em sua maioria, clássicas para o modelo de prova do Enem, os cálculos para se chegar à alternativa correta eram mais difíceis de serem feitos sem calculadora.
Já o professor Eduardo Lessi, do curso e colégio Poliedro, foi mais enfático, e classificou a prova como bem mais complexa que a dos anos anteriores. Além dos cálculos excessivos, ele chama a atenção também para alguns conceitos menos trabalhados por professores em sala de aula. Segundo Lessi, as questões mais simples não foram deixadas de lado, mas as difíceis foram mais frequentes. Já para Perry, do Anglo, a prova pode ser classificada como trabalhosa, mas também com assuntos bem distribuídos.
Química
Eis uma prova que gerou opiniões diversas entre os professores. Enquanto Perry a descreveu, com base na avaliação dos professores do Anglo, como “uma prova bastante semelhante ao ano anterior, considerada mais fácil e mais rápida”, Pavani a destacou como uma prova mais difícil do que o normal.
Pavani aponta que “a operacionalização das questões era difícil de se fazer no contexto de uma prova de 90 questões em 5 horas”. Juliana Roveri, professora de Química do Poliedro, classifica como uma prova bem elaborada, com conteúdos coerentes, bastante interdisciplinaridade, mas um pouco mais conteudista. Como conteúdo de destaque ela aponta os que envolviam processos ecológicos.
Biologia
Daniel Perry e Marcelo Pavani classificam a prova de Biologia como mais difícil que a dos anos anteriores. Para Perry, em 2019 ela foi a grande surpresa nesse aspecto. Embora em termos de temática a prova tenha se mantido semelhante às últimas edições, inclusive com a predominância de ecologia, os conteúdos cobrados foram mais técnicos e os textos de apoio, mais curtos. Entre os assuntos menos cobrados nos anos anteriores, Pavani destaca as questões que envolviam hemodiálise e hormônios. Para ele, a prova pedia um aluno bem preparado.