Toda hora ouvimos falar de novas dicas para quem quer ir bem no Enem e em outros vestibulares. Vale a pena aproveitar um pouco de tudo, mas algumas estratégias são mais bem embasadas do que outras. É o caso da “pega-varetas”, como explica o professor Rodrigo Machado, do Anglo Vestibulares.
“Para ter sucesso no vestibular, precisamos de três coisas: conteúdo, equilíbrio psicológico, preparo físico e uma boa estratégia de prova”, explica o professor. A tática funciona em qualquer prova de vestibular, especialmente o Enem – que, no caso, faz sentido em relação ao sistema de pontuação da prova, a famosa teoria de resposta ao item (TRI). Esse sistema considera que um estudante que acerte mais questões fáceis do que difíceis faz mais sentido do que o contrário – afinal, se você acerta as difíceis, não há por que errar as fáceis!
Isso é o que se chama de coerência pedagógica, o que assume que o padrão de prova de um estudante comum seria vários acertos em questões fáceis, alguns acertos em questões médias e menos acertos em questões difíceis. Aos candidato s que seguem esse comportamento, o cálculo da TRI assume que não chutou, portanto, nota mais alta para ele! A estratégia pega-varetas respeita essa coerência e propõe um modo de fazer prova igualzinho ao velho jogo que dá o nome a ela.
Porém, a técnica faz completo sentido também para quem vai prestar outros vestibulares comuns que não utilizam a TRI, porque o método pega-varetas se baseia na tática de começar a prova pelas questões fáceis, depois passar para as médias e, em seguida, para as difíceis. Isso garante que você não acabe chutando, sem querer e por falta de tempo, alguma questão fácil que seria um ponto garantido caso você tivesse tido tempo de resolvê-la.
Entender o método é simples: “Imagine que você tem várias varetas espalhadas. Para pegar o maior número possível delas, você sempre vai nas que estão mais fáceis de alcançar, certo?” Do mesmo jeito é com as questões. As fáceis são as que você responde de imediato, às vezes com uma continha simples. As médias são as que você sabe o conteúdo, mas vai precisar pensar um pouco mais. As difíceis são as que você não sabe a matéria, ou sabe pouco, ou possui cálculos mais complexos.
Mas como identificá-las no meio da prova? O professor Vinicius Haidar, coordenador do Colégio e Curso Poliedro, dá a dica. “No início da prova, leia cada questão, do começo ao fim, e faça a seguinte reflexão: ‘eu sei essa questão? Ela é fácil de resolver?’. Se for, já resolva. Se for uma questão que é relativamente simples, você sabe fazer, mas vai levar algumas contas, deixa para depois. Fazendo isso, você consegue resolver as fáceis em menos de 3 minutos, que é o tempo médio que você tem para fazer cada uma. Quando chegar no final, você vai ter olhado a prova inteira em pouco mais de uma hora. Terminando esse primeiro processo, você volta ao começo da prova e faz a mesma reflexão: resolva as que sabe, e deixe de lado as que vão levar mais tempo”, finaliza.
Veja o método passo a passo
1. Comece a prova lendo questão por questão. As que você considerar fáceis, já responda imediatamente. |
2. Nas médias, marque um “M”; nas difíceis, marque um “D”, mas não as responda enquanto faz a leitura inicial da prova. Responda somente as fáceis. |
3. Terminando a leitura das questões (e supondo que você respondeu somente as fáceis e marcou as difíceis e as médias), o professor estima que o tempo de prova terá passado em 1h15. Assim, você já terá “matado” as fáceis e terá bastante tempo para se dedicar às outras. |
4. Comece respondendo somente as que você marcou como médias. Terminadas as médias, vá para as difíceis, que você poderá responder na última hora de prova. |
Os benefícios desse método são que a sua prova respeitará a coerência exigida no exame: você terá mais acertos de questões fáceis e médias, o que fará sua nota subir. Da mesma forma, evite ao máximo responder às questões na ordem. Se você acabar tendo que chutar nas últimas 15 ou 20, corre o risco de passar por questões fáceis que você faria se tivesse tempo.
O professor Rodrigo também recomenda que, se realmente for preciso recorrer ao chute, que o faça com inteligência. “Dê uma lida nas alternativas, especialmente se a questão for muito difícil e você não tiver ideia de como respondê-la. Às vezes tem alguma resposta muito absurda que você já pode descartar, o que aumenta a chance de o chute ser certeiro”, explicou.