‘Não dá para se iludir’: nota mil na redação do Enem segue tentando vaga dos sonhos na USP
Catharina Simões gabaritou o texto em 2023, e agora busca a aprovação em Direito na Universidade de São Paulo
							O que faz um estudante tirar mil na redação do Enem? Treino? Familiaridade com a escrita? Senso crítico? Catharina Simões, paulistana de 19 anos, certamente cumpre todos estes requisitos, e acrescenta um último à lista: uma pitada de sorte. Ela alcançou o mil na redação do Enem 2023, cujo tema foram os “Desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil”.
Mas a nota máxima não foi suficiente para aprová-la na universidade dos sonhos, a USP, e por isso seguiu tentando a aprovação. Em 2024, sua pontuação caiu para 880 – daí a sua opinião sobre o “fator sorte”.
“É outra prova, outro ano”, avaliou em entrevista ao Alunos Nota Mil, programa do GUIA DO ESTUDANTE. Apesar da frustração inicial e cobrança de familiares, a estudante não desanimou, e na próxima semana será um dos 4,3 milhões de candidatos fazendo a prova.
+ Ela tirou mil na redação do Enem – e foi fazer um curso de exatas na USP
O sonho de estudar na Universidade de São Paulo veio no cursinho, quando ouviu os professores falarem a respeito da instituição e seu prestígio, especialmente na pesquisa acadêmica. Já a escolha pelo curso, Direito, foi uma mistura de aptidão e inspiração na mãe, que também está se formando advogada. “Pela influência da minha mãe e admiração que tenho por ela”, contou ao GUIA, completando que ela a mãe compartilham muitos valores e veem a carreira como uma forma de ajudar outras pessoas.
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No programa, Catharina também relatou como a ajuda da família e de uma professora de redação foram essenciais para que ela alcançasse a nota máxima no Enem 2023, e diz: “Se engana quem pensa que tirou uma nota mil na redação ou uma aprovação em uma faculdade top ela chegou lá sozinha, nunca é sozinho. Esse tipo de apoio a gente não esqueça”
Quer conhecer mais sobre a trajetória da aluna? Abaixo, assista ao episódio completo e leia sua redação nota mil!
Catharina Gonçalves Alexandre Simões Ferreira

O trabalho de cuidado se mostra necessário na medida em que é o responsável pelo zelo de crianças, idosos, pessoas com deficiências e afazeres domésticos. Entretanto, nota-se na comunidade brasileira, a invisibilidade desse serviço e seu protagonismo majoritariamente feminino. Isso ocorre por duas causas principais: o baixo prestígio social estigmatizado a essas tarefas e as convenções de gênero estabelecidas pela sociedade brasileira.
A princípio, o prestígio social de um trabalho é um fator importante para a determinação de seu reconhecimento e remuneração. Nesse raciocínio, atividades de cuidado são estigmatizadas dentro do corpo social como inferiores e discriminalizador pelo seu baixo nível de escolaridade. Isso acontece, pois com a predominância do capitalismo no ocidente e a Revolução Tecnológica introduzida a partir da 3ª Revolução Industrial no mundo contemporâneo, houve a crescente valorização de serviços de alto grau de especialização e nível acadêmico. Dessa forma, atividades de baixo ou nenhum valor tecnológico, como o trabalho do cuidado ou tarefas domésticas, foram socialmente marginalizadas em escala global.
Além disso, percebe-se a predominância de mulheres na realização de serviços de assistência. Essa é uma realidade que demonstra que as transformações sociais ocorridas no Brasil não foram suficientes para desconstruir convenções de gênero e seus papéis sociais, pois atividades relacionadas ao cuidado e de cunho doméstico são predominantemente associadas a mulheres. Como exemplificação, “A Hora da Estrela”, de Clarice Lispector, retrata esse cenário pela personagem Macabéa, nordestina que trabalha como empregada doméstica no Rio de Janeiro. Descrita ao longo da narrativa como pequena e invisível, ausente de acontecimentos ou importância em sua própria história, Clarice representa, dessa maneira, a invisibilidade e o preconceito da sociedade brasileira pelas mulheres que realizam o trabalho de cuidado e seus desafios.
Portanto, é necessária a aplicação de medidas para o enfrentamento da desvalorização do trabalho de cuidado no Brasil. Para isso, o Governo Executivo Federal deverá realizar ações de combate à desigualdade social sofrida por essa atividade, por meio de políticas de valorização do serviço de assistência, como a validação legal dessa prestação como trabalho remunerado e a obrigatoriedade do pagamento do salário mínimo. Assim, o Brasil se tornará um país que enxerga e prioriza todos os tipos de serviço.
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