Com cerca de 18 milhões de participantes em 99,8% dos municípios, a Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (Obmep) desempenha um papel importante na educação do país, de acordo com Claudio Landim, coordenador-geral do projeto. “Quando a escola se envolve é possível observar resultados positivos sobre todos os alunos. Esse estímulo tem reflexo em avaliações nacionais, como a Prova Brasil, Pisa e o Enem”, avalia.
Criada em 2005, a Obmep tem como principal objetivo promover o estudo da matemática nas escolas. Além de detectar talentos na área de ciências exatas, os medalhistas também recebem incentivos em programas de formação que estimulam o ingresso em universidades. “Muitos alunos descobrem que a competição abre perspectivas profissionais e aproveitam essas oportunidades”, comenta Landim.
No Programa de Iniciação Científica JR. (PIC), destinado a medalhistas da olimpíada, os alunos têm acesso a uma rede de professores que os auxiliam a ampliar o conhecimento científico na área. Aqueles que participam do projeto recebem um incentivo financeiro mensal concedido pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). E o melhor: o estudante pode colocar a experiência no currículo.
“Há vários casos de participantes da Obmep que são os primeiros da família a entrar em uma universidade ou a terem profissões que nenhum parente havia tido antes”, destaca o coordenador-geral.
Segundo Landim, estudos demonstram que quando a Obmep é aplicada no ensino fundamental, principalmente em escolas comprometidas com o projeto, isso proporciona o equivalente a um ano e meio a mais na grade de ensino de matemática. “A instituição que se dedica ao projeto traz resultados extraordinários para os seus alunos”, comenta.
No caso do ensino médio, ele explica que o desempenho é observado no Enem. “Vejo exemplos de escolas que aumentaram em mais de cem pontos a média dos estudantes, enquanto que em outras matérias esse índice se manteve”.
Caso de sucesso
Quando o assunto é medir o impacto da Obmep na educação de jovens de escola pública, a cidade de Cocal dos Alves, no interior do Piauí, ganha destaque. O município com pouco mais de 6,1 mil habitantes ficou conhecido como a “capital da matemática”. O apelido faz referência ao grande número de medalhistas na competição.
De 92 medalhas de ouro conquistadas no Piauí ao longo das 15 edições da olimpíada, 45 são de estudantes da cidade. “Os três médicos que trabalham no município foram medalhistas e ingressaram na universidade por conta da Obmep”, destaca Landim.
Com orçamento de cerca de R$ 35 milhões ao ano, a competição é realizada pelo Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA), promovida com recursos do Ministério da Educação (MEC) e do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTI).
Na avaliação de Landim, a competição, que apesar de tudo ainda tem um baixo orçamento, não tem a pretensão de mudar o ensino da matemática no país. Porém, a organização oferece material didático e informação para todas as instituições que buscam evoluir esses índices. “Funcionamos como se fosse uma tábua em que a escola pode se apoiar para melhorar a qualidade na disciplina”, ressalta.
Vagas em universidades
Nos últimos anos, para ingressar em cursos de graduação, algumas universidades substituíram o vestibular tradicional pela reserva de vagas destinadas a medalhistas em competições científicas. A Obmep é utilizada em três das setes melhores instituições públicas do país: USP, Unicamp e Unesp.
Para Landim, essa será uma tendência cada vez mais adotada pelas instituições que querem atrair os melhores alunos. “O que é mais vantajoso para uma universidade: selecionar um aluno que sabe responder perguntas simples ou um que tenha talento? Quando eles [medalhistas] terminam a graduação, saem como profissionais excepcionais”, avalia.
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Mais sobre a Obmep
A Obmep é um projeto nacional destinado a escolas públicas e privadas de todo o país. A competição acontece em duas fases: a primeira é composta por um prova de múltipla-escolha com 20 questões. A segunda tem seis questões discursivas (o aluno precisa explicar como chegou ao resultado).
A avaliação é dividida de acordo com o grau de escolaridade do estudante: nível A (4º e 5º ano), nível 1 (6º e 7º ano), nível 2 (8º e 9º ano) e nível 3 (ensino médio).
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