No edital do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2010 a regra era clara: “Durante a realização da prova, não será admitido a utilização de lápis, borracha… relógio…”. Mas, na realidade prática foi outra.
Na sala onde a estudante Viviane Noia, de 17 anos, realizou o exame, na Faculdade Sumaré, zona Oeste de São Paulo, uma das unidades de aplicação do exame na capital paulista, os estudantes não só podiam usar lápis e consultar o relógio livrement, como eram orientados para isso.
“Os fiscais da minha sala disseram que podia usar lápis durante a prova. Isso, sem contar que tinha muita gente usando relógio numa boa, ninguém falou nada. Eu não levei nem celular com medo de alguma repreensão”, reclama a estudante.
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Para a estudante Yasmine Alimar, de 18 anos, que também realizou a prova na faculdade Sumaré, o maior problema do Enem foi o atraso para começar a prova, ocasionado pelo erro no gabarito. “Logo que entregaram os gabaritos as pessoas da minha sala começaram a reclamar da inversão das questões. Os fiscais disseram para não começarmos a prova. Depois de muito tempo falaram para preencher o gabarito normalmente. Isso atrasou muito o começo do Enem”, diz a estudante.
Yasmine se sentiu lesada pelo atraso. “Acabei a prova 3 minutos antes do fim e, apesar do atraso no começo, ninguém tinha dito que teríamos mais tempo para fazer a prova. Para mim acabou ficando bem corrido, foi muito ruim. Achei o exame muito desorganizado”, critica.
O estudante Victor Nicole Mendes, de 18 anos, explica que na sala onde realizou o Enem, também na Faculdade Sumaré, a orientação foi diferente da passada para Yasmine. “Na minha sala a prova não atrasou. Os fiscais entregaram o Enem e já avisaram sobre o erro. Pediram para os candidatos fazerem a prova sem preencher o gabarito. Mas teve gente que preencheu e se sentiu prejudicada”, diz o estudante.
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Para Victor, o relógio fez falta durante a prova. “Não levei relógio porque tinham dito que não podia, mas foi bem ruim. Não tinha noção de quanto tempo faltava para acabar a prova. A fiscal da minha sala até desenhou um relógio na lousa, mas ela não atualizava porque ficava conversando e esquecia”, lamenta o estudante.
Enunciados grandes
“Eu gosto de ler a prova com calma, grifar as partes importantes. Mas, os enunciados eram muito grandes e acabou ficando cansativo”, diz Yasmine Alimar. Para ela, a promessa do ministro da Educação, Fernando Haddad, de deixar os enunciados do Enem menores não foi cumprida.
Viviane Noia teve a mesma impressão. “A prova estava muito comprida. Achei a parte de humanas até que fácil, mas ciências da natureza, além de ter muito conteúdo, tinham questões enormes”, afirma a estudante.
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Para o estudante Victor Nicole Mendes, a prova longa também foi um problema. “Eu li a primeira prova, de ciências humanas, inteirinha. Fiquei muito cansado e na hora de responder a parte de ciências da natureza eu me desesperei. Isso foi bem ruim”, desabafa Victor.