“O quarto em Arles”: entenda a obra de Vincent Van Gogh
O pintor faz o quarto de repouso sugerir sonhos e pesadelos. Veja como Van Gogh descreveu o processo de pintura da obra em cartas ao irmão
“Já que não há branco no quadro, o desenho na moldura será todo branco”, escreveu Vincent van Gogh ao irmão, Theo, sobre “O Quarto em Arles“. “Isso para compensar esse repouso forçado.” No canto esquerdo superior, há um quadro pendurado na parede, a única mancha branca em toda a tela que Van Gogh carregou de cores alegres, com o objetivo de provocar uma sensação de descanso. “Aqui a cor deve fazer tudo, acentuando e simplificando o estilo dos objetos, que deve sugerir o repouso ou o sono em geral”, prossegue na carta ao irmão. “Em suma, a observação do quadro deve repousar a mente, ou melhor, a fantasia.”
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O “Quarto em Arles” (1888) mostra o recinto para onde o artista tinha acabado de se mudar, numa pensão no interior da França. Talvez por causa da beleza que procurava imprimir em sua obras nesse período, não fez questão de que os objetos aparecessem na tela como de fato eram: estava disposto a deformar a realidade para atingir seu objetivo e reconhece, na paleta de cores, sua liberdade poética. “As paredes são violeta pálido, o piso é avermelhado, a madeira da cama e das cadeiras tem o tom amarelo de manteiga fresca, os lençóis são de um verde-limão muito claro, a coberta é escarlate.”
Com “O Quarto em Arles”, Van Gogh alcança uma nota de intimidade inédita, expondo suas emoções e preocupações mais secretas. Seu próprio quarto torna-se, assim, depositário de sonhos e pesadelos. A sensação de ler na tela as frases de uma carta, como as tantas que Van Gogh escreveu ao irmão, também se dá pela leitura das pinceladas, que revelam, no grau de precisão ou imprecisão, os sentimentos do artista. Esse tipo de pincelada aparece em obras do italiano Tintoretto, do holandês Franz Hals e do francês Édouard Manet como demonstração de habilidade técnica, ainda que Van Gogh ressaltasse a emoção.
O Quarto em Arles surgiu nos três anos que concentram a produção mais conhecida de Van Gogh, também a mais febril. Em dezembro de 1888, já sofrendo da esquizofrenia que o levaria ao suicídio, decepou um pedaço da orelha e a enviou a uma prostituta de um bordel da cidade. Em 1889, pintou o famoso “Auto-retrato com a Orelha Cortada” e, a pedido do irmão, uma cópia de “O Quarto em Arles”, com algumas modificações.
O Quarto em Arles, Vincent van Gogh
Técnica – Óleo sobre tela
Tamanho – 57 x 74 cm
Local – Museu Van Gogh, Amsterdã (Holanda)
Esse texto faz parte do especial “100 Obras Essenciais da Pintura Mundial”, publicado em 2008 pela revista Bravo!
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