O mistério de Caravaggio: roubo de obra natalina continua sem solução
O quadro representa o nascimento de Jesus e foi pintado por um dos precursores do barroco. Mas não é só isso que o tornou mundialmente famoso
A obra natalina “Natividade com São Francisco e São Lourenço”, do italiano Caravaggio, foi pintada há mais de três séculos, em 1609. Ela retrata o nascimento de Jesus ao lado da Sagrada Família e dos santos Francisco e Lourenço. Caravaggio, cujo nome real era Michelangelo Merisi, pintou principalmente obras de temas religiosos e seu estilo influenciou o movimento barroco. Mas não é apenas as qualidades artísticas deste quadro natalino e de seu autor que tornaram a obra célebre: entre 17 e 18 de outubro de 1969 a tela foi roubada, e ainda hoje não foi encontrada. Este tornou-se um dos roubos mais conhecidos da história da arte.
Conheça a história cercada de mistério.
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O sumiço do quadro
O quadro de Caravaggio foi roubado de um oratório barroco na capital siciliana Palermo. No dia seguinte ao roubo, o estado da moldura que abrigava a pintura chamou atenção: a tela, apesar das dimensões, foi recortada com uma faca de forma extremamente precisa, sem deixar vestígios. “Natividade com São Francisco e São Lourenço” media 2,68 metros de altura por 2 metros de largura.
Desde então, o furto está na lista dos dez principais crimes de arte não resolvidos pelo FBI. A hipótese central é de que uma máfia italiana, Cosa Nostra, teria articulado o roubo, mas o difícil mesmo é localizar o paradeiro da obra. Há relatos de diferentes suspeitos do crime que narram múltiplas versões para o destino da pintura.
Primeiro, por volta de 1980, o mafioso Francesco Marino Mannoia afirmou que a pintura havia sido destruída e queimada. Mais tarde, a versão ganhou mais detalhes, quando já nos anos 2000 o mafioso Gaspare Spatuzza complementou o relato afirmando que o quadro foi escondido em um chiqueiro com porcos e acabou comida por ratos. Seus restos teriam sido queimados pela máfia, como disse Mannoia anos antes.
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Vendida em pedaços
Uma versão “menos pessimista”, no entanto, foi apresentada por Gaetano Grado em 2018. Depois de ser preso, o mafioso afirmou que o quadro roubado de Caravaggio havia sido levado para a Suíca por Gaetano Badalamenti. Um negociante de arte sugeriu, então, que a máfia siciliana partisse a tela em diversos pedaços para conseguir vendê-la mais discretamente no mercado ilegal.
O fato é que, picada ou não, roída por ratos ou inteira, a tela que retrata o nascimento de Jesus Cristo nunca mais foi vista. Há quem diga que, se encontrada, ela poderia entregar a identidade dos criminosos por meio das impressões digitais, e isso seria mais um dos dificultadores na solução do crime.
Em entrevista ao Deutsche Welle (DW), Antonio Rosato, voluntário do grupo especializado em recuperação de obras de arte roubadas Extroart, afirmou que mesmo se a obra estiver nas mãos de um inocente, a pessoa pode não revelar à polícia por medo da máfia. “Estou convencido de que um dos fortes dos criminosos organizados é sua habilidade de jogar com a ignorância de muitos e de explorar seu temor”, afirma.
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