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“Falcões Noturnos”: entenda a obra de Edward Hopper

Um dos pontos culminantes do realismo americano do século 1920, obra expressa a solidão e a alienação do homem moderno

Por Redação do Guia do Estudante
Atualizado em 24 abr 2023, 17h08 - Publicado em 24 abr 2023, 16h46
obra está exposta no Instituto de Arte de Chicago.
 (Wikiart/Reprodução)
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19Entre os muitos cenários triviais de sua terra, como farmácias, apartamentos, lojas, rodovias, saguões de hotéis e postos de gasolina, Edward Hopper (1882-1967) retrata em Falcões Noturnos um ícone americano: o bar. A obra mais famosa do pintor, nascido em Nyack, Nova York, tem em comum com os demais ambientes representados por ele “públicos ou não” uma espécie de “desertificação” que sempre atraiu sua sensibilidade. Neles, há grandes espaços vazios a preencher; neles, a solidão impera e ronda as poucas almas que ali vagueiam.

Produzida em 1942, Falcões Noturnos revela um silêncio opressivo. Muito além da economia dos poucos elementos retratados, a obra leva o espectador a interpretar situações, elaborar narrativas para a cena diante da qual o artista o coloca. Com isso, o olhar ultrapassa os aspectos pictóricos para atingir o imaginativo, o não-conhecido. Como apontou o próprio autor, “Falcões reproduz a luz noturna ideal de uma rua”, a qual não apenas sugere uma espessa camada de silêncio, como ainda denuncia o vácuo emotivo e a corrompida relação do homem com seu meio. Frequentemente estranha, na obra do americano a luz sempre tende para o drama e o suspense.

Ela tanto pode ser natural, incidindo timidamente sobre uma construção, quanto abrupta e artificial, irrompendo num ambiente privado. Não por acaso, o modo de Hopper tratá-la, dramatizando os aspectos arquitetônicos, inspirou cineastas. O bar de Falcões Noturnos, por exemplo, foi reproduzido pelo alemão Wim Wenders no filme O Fim da Violência (1997).

Hopper transitou por diferentes suportes. Trabalhou com a gravura, a aquarela e a pintura a óleo, debruçando-se sobre temas em que predominam a introspecção e a estagnação do ser humano. De suas múltiplas experiências, resultaram telas intimistas em que personagens solitários se mostram como produto da vida moderna. Ao discurso e à ideologia de patriotas inflamados pelo american way of life (o modo americano de vida), Hopper responde com o vazio e a melancolia. Nesse sentido, exerce influência decisiva sobre a geração da pop art e sobre os artistas hiper-realistas dos Estados Unidos das décadas seguintes.

Na primeira década do século 20, o pintor estudou em Paris, onde as vanguardas europeias estavam em plena efervescência, mas depois se declarou indiferente a esses movimentos. Estudiosos acreditam que a ascensão do fascismo contribuiu para o afastamento de muitos artistas americanos, que passaram a ver a arte moderna europeia como reflexo da decadência do Velho Mundo.

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Essa circunstância provocou uma autoavaliação da cena americana das artes visuais, que igualmente impulsionou o realismo. Conforme declarou o próprio Hopper, sua maior referência foi Robert Henri, fundador da escola Ashcan, realista, que exercitava o olhar de seus alunos, entre eles o do próprio pintor, na contemplação dos aspectos cotidianos da vida urbana.

Falcões Noturnos/Edward Hopper
Técnica: Óleo sobre tela
Tamanho: 84,1 x 152,4 cm
Local: Instituto de Arte de Chicago (EUA)

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Repertório Cultural
“Falcões Noturnos”: entenda a obra de Edward Hopper
Um dos pontos culminantes do realismo americano do século 1920, obra expressa a solidão e a alienação do homem moderno

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