Litosfera: Relevo em movimento (forças endógenas e exógenas)
Eu tenho a força!
Os vigorosos agentes internos e externos que, a cada segundo, modelam o relevo
O relevo é resultado da dinâmica de fenômenos internos e externos sobre a camada mais superficial da Terra, a litosfera. Depressões, planícies, planaltos e montanhas foram esculpidos no decorrer de milhões de anos – e continuam em constante transformação. A qualquer momento, por exemplo, terrenos podem ser elevados por pressões de dentro do planeta ou mesmo ser gastos por agentes do intemperismo, mudando de cara e ganhando novas curvas.
Duas ações combinam-se para modelar o relevo: as forças internas ou endógenas, que dão as linhas mestras do relevo, e as externas ou exógenas, que modificam as formas já existentes. Veja a seguir as forças que esculpiram – e continuam esculpindo – os contornos do planeta.
Forças internas
Também chamadas de endógenas, são as forças responsáveis por dar forma ao relevo. São três os agentes internos do globo: o tectonismo, o vulcanismo e os abalos sísmicos.
Tectonismo
São os lentos deslocamentos das placas tectônicas, que podem ser vertical ou horizontal. Quando é vertical (epirogênese), levanta ou abaixa a crosta durante um prolongado espaço de tempo. É o que ocorre, por exemplo, na Península Escandinava, que se eleva alguns centímetros todo ano. Quando o movimento de uma placa em relação a outra é horizontal (orogênese), uma acaba entrando embaixo da outra (a subducção). É o processo que resulta na formação das imensas cadeias de montanhas e de fossas. Veja exemplos de como as placas tectônicas se movimentam.
E O VENTO MUDOU As dunas exemplificam como o relevo está sujeito a transformações
Vulcanismo
ACESSO ÀS PROFUNDEZAS Os vulcões, como o Parinacota, no Deserto do Atacama, no Chile, são fendas por onde o magma sai
O documentário Tudo sobre Vulcões, do Discovery Channel, apresenta imagens de uma série de erupções vulcânicas e teorias desenvolvidas por cientistas que podem ajudar a prever esses fenômenos.
Os vulcões são fendas na crosta terrestre por meio das quais o magma, o material em estado líquido-pastoso vindo do manto, atinge a superfície. Existem dois tipos básicos de vulcão: o explosivo e o não explosivo. O primeiro aparece nos pontos de encontro das placas tectônicas, os grandes blocos que formam a litosfera – seu melhor exemplo está nos vulcões que desenham o Cinturão de Fogo, em torno do Oceano Pacífico. Esse tipo se caracteriza também pela lava quase sólida, além de expelir poeira e uma mistura de gases e vapor-d’água. A lava desses vulcões vem das profundezas da Terra, onde a temperatura elevada derrete a rocha da crosta oceânica e faz com que ela se misture à água do mar. É justamente a presença de água que confere o caráter explosivo ao vulcão. Isso ocorre porque, conforme a lava sobe, o vapor-d’água é liberado da rocha e esbarra numa tampa formada pelo material endurecido da explosão anterior, aumentando a pressão até explodir de vez. Já os vulcões não explosivos, como os do Havaí, ficam bem no meio de uma placa tectônica, longe do choque entre elas. Esse tipo surge quando ocorre alguma fissura na crosta terrestre por onde a lava pode escorrer. Essa lava é mais líquida e incandescente.
POMPEIA
UMA REGIÃO VITIMADA PELA FÚRIA DO VESÚVIO
Hoje, parece impossível viver à beira de um vulcão e não se dar conta do perigo. Mas era assim que os moradores do balneário romano de Pompeia levavam a vida no ano de 79, pois já fazia quase 2 mil anos que o Monte Vesúvio não entrava em erupção. Quando a montanha soltou um estrondo, o chão tremeu e uma nuvem preta encobriu o sol, as pessoas saíram para a rua, curiosas. Alguns minutos depois do primeiro rugido, o vulcão lançou uma saraivada de pedras e começou a fazer as primeiras vítimas. Outras morriam ao respirar a fumaça. No fim do processo, duas avalanches cobriram Pompeia com 6 metros de cinzas e pedras, matando 16 mil pessoas. A coisa aconteceu de forma tão rápida que é como se as cidades tivessem ficado congeladas no tempo, tornando-se os registros mais detalhados da era romana que chegaram até nós. A foto ao lado mostra o “Jardim dos Fugitivos”, que abriga diversos corpos fossilizados, cobertos pelas cinzas do Vesúvio.
Abalos sísmicos
São tremores na superfície terrestre causados pelo movimento das placas tectônicas ou em virtude da grande energia liberada pelo vulcanismo. Eles se propagam a partir do hipocentro (foco de contato entre as placas) em ondas pelas rochas, atingindo regiões distantes do epicentro (ponto na superfície da Terra diretamente acima do local onde se registra a maior intensidade do tremor). A cada vez que as enormes placas se encontram, grande quantidade de energia fica acumulada em suas rochas. De tempos em tempos, o arsenal é liberado de forma explosiva – essa liberação pode ser sentida por meio de terremotos que chacoalham as áreas continentais do globo, geralmente nas bordas das placas. Quando os abalos sísmicos ocorrem no fundo oceânico, são batizados de maremoto. Esses últimos podem causar os temíveis tsunamis, ou ondas gigantes.
Haiti
Violento terremoto devasta País pobre
No dia 12 de janeiro de 2010, a terra tremeu violentamente no Haiti. Em apenas um minuto, o terremoto de 7 pontos na escala Richter derrubou 90% das construções de sua capital, Porto Príncipe. Mais de 3 milhões de pessoas – um terço da população haitiana – foram afetadas pelo tremor. O número de mortos é estimado entre 220 mil e 250 mil.
O terremoto no Haiti foi uma tragédia anunciada. A ilha de Hispaniola, que abriga o Haiti e a República Dominicana, fica sobre a fenda entre duas grandes placas tectônicas, a do Caribe e a Norte-Americana. E regiões desse tipo estão sujeitas a abalos sísmicos. País mais pobre das Américas, o Haiti já tinha enormes carências mesmo antes da catástrofe. Em 2017, seis anos após o terremoto, 50 mil pessoas ainda vivem em acampamentos improvisados. Sem perspectivas, muitos haitianos acabam migrando para nações como o Brasil, onde esperam uma oportunidade de recomeçar a vida.
Terremotos no Brasil
As regiões mais propícias a terremotos localizam-se na junção das placas tectônicas. Isso explica a maior incidência de tremores em países como Chile, Japão e Irã. Como o Brasil fica bem no meio da placa Sul-Americana, uma região bem mais estável, não há abalos sísmicos de grandes proporções. Mas isso não significa que estamos livres de tremores. Fenômenos de pequena intensidade podem se manifestar como reflexo de outros ocorridos em locais mais distantes em razão de pequenas falhas nas placas. Em abril de 2008, um abalo de 5,2 pontos na escala Richter atingiu a cidade de São Paulo e assustou milhares de moradores. Um ano antes, um tremor de 4,9 pontos na cidade de Itacarambi, no norte de Minas Gerais, provocou a primeira vítima fatal de terremotos no Brasil, depois que uma parede caiu sobre uma criança de 5 anos.
Também chamadas de exógenas ou agentes esculpidores, são as forças que modelam o relevo terrestre. Os principais agentes desse grupo são a erosão e o intemperismo:
EROSÃO
A exposição prolongada a agentes naturais provoca o desgaste das rochas e dos solos. O processo de desintegração e consequente transporte do material decomposto recebe o nome de erosão. Veja os principais elementos causadores desse fenômeno. ^
INTEMPERISMO
É o processo de degradação das rochas provocado por fenômenos químicos e físicos.
- INTEMPERISMO QUÍMICO ocorre quando a rocha tem sua composição química alterada pelo efeito da água e da umidade no decorrer dos anos, provocando sua decomposição.
- INTEMPERISMO FÍSICO ou mecânico consiste na fragmentação das rochas por meio de alguns dos seguintes processos:
- solidificação da água: a água em estado líquido se infiltra na fenda das rochas, onde fica acumulada. Com a queda de temperatura, a água se solidifica, passando a ocupar um volume 10% maior que o do estado líquido, o suficiente para fragmentar a rocha.
- raízes de plantas: o crescimento das raízes das árvores por entre as rochas alarga as fendas e ajuda a desintegrar sua estrutura.
VENTOS As dunas dos desertos e as paisagens das praias são exemplos clássicos de formação por erosão eólica.
RIOS Vales, cânions e planícies nos mais diversos continentes são moldados pelo movimento sinuoso das águas dos rios.
MARES O choque das ondas do mar em paredões litorâneos provoca o desgaste da superfície, dando origem às falésias.
GELEIRAS Os fiordes na Península Escandinava, no norte da Europa, também são formados pelo deslocamento das geleiras e pelo desgaste que elas provocam nas montanhas.