Idade Contemporânea: Revolução Chinesa
RADICALIZAÇÃO Estudantes da Guarda Vermelha erguem cópias de O Pequeno Livro Vermelho de Mao Tsé-tung: culto ao líder provocou perseguições
O gigante comunista
Sob a liderança de Mao Tsé-tung, o movimento revolucionário transformou a sociedade chinesa
Com o fim da II Guerra Mundial e a eclosão da Guerra Fria, o mundo presenciou um conjunto de movimentos revolucionários. Um dos mais importantes ocorreu na China no final dos anos de 1940 e causou grande impacto geopolítico por envolver uma civilização milenar, de grande população e extenso território.
Guerra Civil
A Revolução Chinesa de 1949 foi o resultado de uma longa batalha iniciada logo depois do fim da I Guerra Mundial, em 1921, com a fundação do Partido Comunista Chinês (PCC). Os comunistas consideravam que a instauração da República, em 1911, e a chegada ao poder do Partido Nacionalista não resultaram em um Estado efetivamente soberano nem proporcionaram reformas sociais profundas que melhorassem a vida dos trabalhadores urbanos e rurais chineses.
Desde então, a China viveu períodos alternados de guerra civil entre nacionalistas e comunistas e períodos de aliança, nos quais esses dois grupos lutaram juntos contra agressões estrangeiras — o Japão invadiu o país durante a década de 1930 e no decorrer da II Guerra Mundial. O fim da II Guerra e a expulsão das forças japonesas do território chinês abriram um novo período de acirrada disputa de poder entre nacionalistas e comunistas.
O líder dos nacionalistas, Chiang Kai-chek (1887-1975), não resistiu ao avanço dos guerrilheiros camponeses comandados pelo líder comunista Mao Tsé-tung. Em 1º de outubro de 1949, Mao proclamou a República Popular da China e reorganizou o país nos moldes comunistas, com a coletivização das terras e a expropriação das grandes empresas, que passaram para o controle estatal. Chiang Kai-chek refugiou-se na Ilha de Taiwan (Formosa) e fundou a República da China. Ainda hoje, Taiwan se auto-intitula a “verdadeira China”, mas é considerada uma “província rebelde” pelo governo de Pequim.
Revolução Cultural
Com a ascensão dos comunistas ao poder, várias tentativas de economia planejada foram implementadas, como o Grande Salto para Frente (1958-1962), com o objetivo de acelerar o processo de industrialização e a modernização da sociedade chinesa. No entanto, o resultado foi um caos econômico, que causou a fome e a morte de milhões de camponeses. Nesse cenário, começaram a surgir críticas, no interior das fileiras do PCC, à liderança de Mao Tsé-tung. Para neutralizar seus opositores e reverter um movimento que considerava ameaçar as conquistas da revolução, Mao desencadeou a Revolução Cultural.
Ele convocou os jovens e, com eles, organizou as Guardas Vermelhas, unidades paramilitares encarregadas de enfrentar os burocratas, o “revisionismo burguês” e manter vivo o “espírito revolucionário”. O grupo, que chegou a ter 11 milhões de integrantes, perseguiu membros rivais do PCC e pessoas acusadas de conservadorismo. As Guardas Vermelhas também combateram o pensamento do filósofo Confúcio (século V a.C.), que durante milênios influenciou a sociedade chinesa. Com a perseguição a qualquer ideia considerada reacionária, a Revolução Cultural resultou em escolas fechadas, no ataque (não apenas verbal) a intelectuais e no culto exagerado à personalidade de Mao.
As Guardas Vermelhas começaram a perder poder quando racharam em várias facções, cada uma acreditando ser a legítima representante de Mao. A Revolução Cultural foi encerrada após a morte do líder, em 1976. Com isso, abriu-se caminho para a ascensão de Deng Xiaoping à chefa do Partido Comunista Chinês. Suas reformas, baseadas na abertura econômica do país ao mercado internacional e no aproveitamento da abundante mão de obra para produzir artigos para a exportação, deram o impulso necessário para a China se transformar na superpotência de hoje.