Brasil Colônia: Entradas e bandeiras
Nas entranhas do Brasil
As ações dos bandeirantes e dos jesuítas foram responsáveis diretas pelo processo que desconcentrou a população da colônia da faixa litorânea.
Entre os séculos XVII e XVIII, exploradores paulistas penetraram nos sertões brasileiros e estenderam como nunca os limites da colônia. Essas expedições de desbravamento do interior do Brasil ficaram conhecidas como entradas e bandeiras. De maneira geral, dizemos que as entradas eram as campanhas oficiais financiadas pelo governo e as bandeiras resultavam da iniciativa de particulares, partindo, principalmente, da capitania de São Vicente. Apesar de não terem inicialmente como meta a conquista de novos território, elas acabaram se transformando no maior ciclo de crescimento dos domínios portugueses na América.
Índios e negros
Nas últimas décadas da União Ibérica (1580-1640), época em que Portugal estava submetido ao domínio espanhol, os holandeses tomaram dos portugueses os principais pontos de tráfico de escravos na costa africana, levando à falta de mão de obra no Brasil. A solução encontrada foi a substituição dos negros pelos indígenas.
Em São Vicente, desde o início da colonização, eram organizadas expedições rumo ao interior para o aprisionamento de índios, utilizados como escravos. Além da experiência na atividade, outro fator que contribuiu para fazer da capitania o principal núcleo de irradiação das bandeiras foi o desapego da população à terra, já que a capitania se empobreceu por ter fracassado na produção do açúcar.
Como não havia mais muitos índios nas áreas próximas ao litoral, as expedições tiveram de adentrar mais profundamente o território. As incursões eram comandadas por portugueses e descendentes de lusitanos, como Antônio Raposo Tavares e Fernão Dias Pais Leme. Por conhecerem bem os sertões, muitos bandeirantes foram contratados por fazendeiros e administradores coloniais para combater índios e negros que resistiam à escravidão. Era o sertanismo de contrato. As mais conhecidas expedições foram feitas pelo paulista Domingos Jorge Velho.
Em busca do ouro
Em 1648, Portugal retomou o controle sobre o tráfico negreiro no Atlântico. Paralelamente, a produção de açúcar no Brasil começava a entrar em decadência. Os dois fatores contribuíram para o aparecimento de outro tipo de expedição, as bandeiras de prospecção, que buscavam metais preciosos.
As primeiras bandeiras rumaram à região do atual estado de Minas Gerais, permitindo o surgimento da atividade mineradora no século XVIII. Em seguida, direcionaram-se a Mato Grosso e a Goiás. Os principais líderes dessas bandeiras foram os paulistas Bartolomeu Bueno da Silva e Manuel de Borba Gato.
Jesuítas
Os primeiros jesuítas chegaram ao Brasil em 1549. Sua ação visava, fundamentalmente, converter os índios ao catolicismo e educar os colonos. Para catequizar os nativos, os membros da Companhia de Jesus criaram povoados indígenas, conhecidos como missões, em torno dos quais foram fundadas vilas e cidades.
Devido ao interesse dos colonos em escravizar os indígenas, os jesuítas levaram as missões para o interior do país, o que ajudou a desbravar o território da colônia. Além da catequização, as missões desenvolveram várias atividades econômicas com a mão de obra indígena. No Vale Amazônico, por exemplo, a extração das drogas do sertão (cacau, cravo, guaraná, entre outras) permitiu o início da ocupação portuguesa sobre o noroeste da colônia. No extremo sul, a pecuária e a mineração foram as principais atividades.
As missões duraram até 1759, quando o Marquês de Pombal expulsou os jesuítas, alegando que a Companhia de Jesus ocupava funções mais políticas do que religiosas, ameaçando o poder da Coroa. O governo português também se ressentia da proteção dos jesuítas aos índios.