Análise da redação “Altruísmo no mundo contemporâneo” – proposta retirada do vestibular da Fuvest 2011
A redação
“Primeiro eu”
Vivemos em uma época de alta competitividade, onde olhamos primeiro para nosso umbigo. Nos preocupamos com o nosso bem estar e plena satisfação e depois constatamos que somos seres que vivem coletivamente. Entretanto, não somos cem por cento egoístas nem cem por cento altruístas, temos um pouco dos dois dentro de cada um de nós. Quando se trata, por exemplo, de uma situação onde um número considerado de pessoas passa por uma situação difícil, como terremotos, enchentes ou qualquer tipo de desastre natural, grande parte da população se comove e se mobiliza em ajudar essas pessoas. Preocupações em questão ao meio ambiente – apesar de haver certas barreiras políticas e capitalistas para que alguma coisa de substancial seja feito quanto a isso – também é uma expressão da importância que algumas pessoas dão ao futuro da humanidade – mesmo que elas não façam parte desse futuro.
Em contrapartida, há despreocupação por parte de algumas pessoas, muitas vezes, infelizmente, aquelas que detêm alguma forma de poder. Como supramencionado, o governo, quando composto por pessoas que agem de má fé, deteriora a população que gere desviando verba pública, que seria de uso para células importantes da população, para usar em benefício próprio. É preciso frieza e elevado grau de egoísmo para usufruir de um dinheiro tendo consciência de quantas pessoas precisam e tem direito do investimento desse dinheiro para progresso e bem estar de suas vidas. Isso também acontece com que detêm poder privado. As pessoas não atentam para que pode ser feito em benefício do próximo. Somos fracos e, infelizmente, o que nos toca, o que chama a nossa atenção e nos desperta interesse é o prazer e felicidade solitariamente momentâneos.
A análise da redação
A proposta de redação da Fuvest 2011 tinha como tema o questionamento “O altruísmo e pensamento a longo prazo ainda têm espaço no mundo contemporâneo?”. Era esperado que uma teoria acerca disso fosse desenvolvida ao longo da redação. O texto analisado teria uma nota muito baixa, principalmente, por não apresentar elementos típicos do gênero dissertativo.
Primeiramente, a tese de seu texto (ou seja, a “resposta” à pergunta sobre o altruísmo e pensamento a longo prazo) não aparece claramente na introdução. É fundamental que, após uma breve contextualização, essa seja apresentada para ser discutida durante o desenvolvimento da argumentação.
A organização de parágrafos dissertativos também não existe. A divisão entre introdução, desenvolvimento e conclusão não foi feita, temos apenas dois parágrafos, sendo que um argumenta que ainda existe o altruísmo e o outro que não. Isso demonstra ainda outro problema, o não-posicionamento do aluno frente ao tema.
Até mesmo detalhes de linguagem estão em desacordo com o que é esperado. A palavra “onde” foi usada em contextos inadequados (“onde” deve ser usado para indicar apenas LUGAR, não seria possível em “vivemos em uma época de alta competitividade, onde olhamos….”). Muitos verbos estão conjugados na primeira pessoa do plural (nós), marca não recomendada em um texto dissertativo, que é recomendado a impessoalidade.
O candidato deveria refazer totalmente seu texto, adequando-o à estrutura dissertativa (parágrafo inicial trazendo tese, parágrafos seguintes argumentando sobre ela e uma conclusão que retomará o texto). Dificilmente seria obtida uma nota alta para ser aprovado numa segunda fase da Fuvest.
Análise feita por Ivan Perina, professor de redação da Oficina do Estudante.