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Redação para o Enem e Vestibular

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Dicas de redação, propostas e análises de texto para mandar bem no Enem e nos vestibulares
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Análise da proposta de redação: “os muros visíveis e invisíveis que separam as pessoas” – retirada do vestibular 2010 da UFBA

Selecionamos duas redações para serem analisadas pelos professores do cursinho Oficina do Estudante. O tema proposto foi retirado do vestibular 2010 da UFBA e pedia para que os estudantes realizassem um texto argumentativo que discutisse a desigualdade reveladora de muros visíveis e invisíveis no Brasil, sugerindo alternativas de mudança. Confira as análises. Texto 1: Pelo poder […]

Por Mariana Nadai
Atualizado em 24 fev 2017, 15h54 - Publicado em 7 Maio 2013, 23h36

Selecionamos duas redações para serem analisadas pelos professores do cursinho Oficina do Estudante. O tema proposto foi retirado do vestibular 2010 da UFBA e pedia para que os estudantes realizassem um texto argumentativo que discutisse a desigualdade reveladora de muros visíveis e invisíveis no Brasil, sugerindo alternativas de mudança. Confira as análises.

Análise da proposta de redação: “os muros visíveis e invisíveis que separam as pessoas” – retirada do vestibular 2010 da UFBA

Texto 1:

Pelo poder da não invisibilidade

A câmera focaliza uma mãe e seu filho descendo uma rua arborizada de calçadas bem feitas. A criança questiona a mãe sobre um menino parado no meio do caminho, sujo e maltrapilho. A mulher se encarrega de afirmar para o garoto que não tem nada ali, como nós vemos, mas é só quando somos convidados a ver o ponto de vista da criança é que percebemos que fomos enganados, com uma das constatações mais simples: o garoto ainda não sabe fingir.

A invisibilidade que as pessoas adquirem sem serem personagens de história de super-herói já foi retratada em propagandas publicitárias no horário nobre. Já foi tema de livros, filmes e exposições. O pior cego é aquele que não quer enxergar, e nós mal estamos habituados a olhar para os dois lados da rua na hora de atravessarmos o semáforo.

Quando aplaudimos a queda de um ou outro tijolo, temos que nos encarregar de destruir aquele que também vem a existir em nossas mentes. É preciso estar preparado para outro pedaço do mundo até então desconhecido. Saber que mudar de janela, ou atravessar uma linha antes riscada no chão, nos insere em uma realidade diferente. Porque o novo – mesmo que já exista há muito tempo – aos olhos de quem avista pela primeira vez é sempre assustador.

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Para colocar todos os muros abaixo, é preciso inserir. Engolir o desconforto e ter a certeza de que não podemos nos limitar a cuidar só do que possuímos a nota fiscal. É preciso cuidar das pessoas e dar a elas a mesma oportunidade de quem mora deste ou do outro lado da barreira. A partir daí o visitante pode escolher se vai ou se fica, mas quem é bem recebido uma vez, se torna visitante assíduo até já se achar dono das mesmas terras.

Só haverá espaço para solução quando começarmos a construir pontes ao invés de muros e formos aqueles que tudo querem enxergar e nada esconder debaixo dos nossos tapetes ou camas.

A análise:

O tema proposto da redação era “muros visíveis e invisíveis que separam as pessoas”, em um texto argumentativo em prosa. Porém, o estudante da redação acima passa pela questão dos muros de maneira muito superficial e apenas no final do texto. A maior parte do texto é dedicado a discussão de como as pessoas não enxergam o que é diferente ou inaceitável socialmente. Como no penúltimo parágrafo há uma referência do muro, não pode se dizer que houve fuga do tema, mas foi apenas nesta parte do texto que ficou visível a relação do texto com a proposta. Com relação a argumentação, o autor apresenta questões interessantes, que poderiam ser bem trabalhadas, mas não desenvolve seus argumentos de forma a convencer seu leitor.

Outra questão que estava clara na proposta era a obrigatoriedade em apresentar soluções para o tema, o que você apresentou de maneira genérica e pouco esclarecedora. Este é um erro comum em redações de vestibular, mas o candidato não pode se esquecer de que convencer seu interlocutor a fazer o que é proposto faz parte do cumprimento da proposta.

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Texto 2:

As Paredes Visíveis e Invisíveis que Separam as Pessoas

Em uma casa as paredes têm como função a divisão dos cômodos, restringindo o acesso e visualização da mobília de determinado cômodo e permitindo uma certa privacidade a seus moradores. Literalmente o significado da palavra parede seria essa, por tanto são paredes visíveis que separam as pessoas, com suas cores e texturas.

Ao decorrer de sua vida o ser humano constrói e destrói paredes sem se dar conta, pois são invisíveis a seus olhos, mas sua forma de pensar as determinam, nestas não há cores ou texturas. Porém afetam os outros indivíduos ao seu redor, dependendo de sua formação, do seu convívio e posição social.

Um grupo de pessoas ao agirem ou pensarem que seus semelhantes são diferentes deles pelo simples fato de não desfrutarem as regalias de uma camada social rica, estão criando uma parede invisível no âmbito econômico para separá-los destas pessoas que eles julgam inferiores. O preconceito das classes mais ricas pelas mais pobres há muito tempo esta presente na vida do homem deste as antigas civilizações.

A discriminação étnica perpetuou até os dois últimos séculos do milênio passado na forma mais sub-humana possível a escravidão, em que os negros escravizados sofriam as mais absurdas ações de seus senhores por se julgarem como etnia superior, como se fosse motivos para justificar tais atrocidades. Outro exemplo foi o extermínio de milhares de Judeus durante a II Guerra Mundial.

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As principais paredes que dividem os seres humanos, não são paredes visíveis e sólidas, e sim os preconceitos que cada pessoa tem sobre os seus semelhantes seja por diferenças econômicas, étnicas, religiosas enfim são barreiras que para serem ultrapassadas, demanda do bom senso de cada um, para que as relações humanas sejam menos hostis e conflituosas.

A análise:

O autor do texto escolheu uma dissertação clássica como tipo textual para sua proposta. Com relação ao cumprimento da proposta, o autor apresentou uma argumentação simples, mas muito bem feita, mostrando desde a introdução do que iria tratar e dando conta de seu recorte, utilizando-se de diferentes exemplos e associando os muros visíveis aos invisíveis de maneira clara.

Já na conclusão, o autor não se saiu muito bem, apresentando um fechamento generalizado e nenhuma proposta efetiva para solução do problema. Como esta proposta de solução fazia parte da proposta, o autor poderia receber uma pontuação média. É preciso tomar cuidado!

Outra questão que precisa ser trabalhada é a pontuação e o uso de conjunções. O mau uso dos elementos coesivos e textuais pode diminuir a nota do candidato em quesitos como modalidade e coesão/coerência, a depender da planilha de correção do vestibular

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*análises feitas pela professora Thalita Cristina Souza Cruz, mestre em Linguística pela Universidade Estadual de Campinas e corretora de redações da Oficina do Estudante.

 

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