Nos últimos anos, na lista de preferência dos vestibulandos, a graduação em Psicologia vem alcançando as primeiras posições, encostando em cursos tradicionalmente muito procurados, como Direito, Medicina e Administração. Na Fuvest 2016, por exemplo, Psicologia (59,80 candidatos por vaga) foi o segundo curso mais concorrido, atrás apenas de Medicina Ribeirão Preto (71,93) e superando Medicina São Paulo (58,75). A procura também foi grande na Unesp: o número de inscritos passou de 3 mil para 4 mil entre 2012 e 2016.
Outras pesquisas indicam o mesmo fato. Segundo a Num.br, empresa especializada em levantamento Big Data (o imenso volume dados que circula na internet), Psicologia foi o terceiro curso superior mais buscado na rede no primeiro semestre de 2016 – atrás de Medicina e Direito. Já no site Quero Bolsa, plataforma que reúne cerca de 700 faculdades de todo o país que oferecem descontos e bolsas de estudo, a carreira aparece como a quarta mais procurada no mesmo período, superada apenas por Direito, Administração e Enfermagem.
Quais os motivos que explicariam esse grande apelo da Psicologia?
Segundo Maria Stella Sampaio Leite, psicanalista e orientadora profissional da Colmeia – Instituição a Serviço da Juventude, em São Paulo, alguns fatores ajudam a entender esse cenário. “Um deles é que hoje em dia, diferentemente de anos passados, a Psicologia deixou de ser uma alternativa eminentemente feminina. Atualmente é uma área procurada também por homens”, diz. Outra razão, segundo ela, é que “o tratamento psicológico, aos poucos, vem deixando de ser tabu, aquilo que tem que ser mantido em segredo. Buscar o psicólogo é um recurso muito mais conhecido para os diferentes sofrimentos da alma.”
Várias possibilidades de trabalho
Outro forte motivo apontado por Maria Stella é que há um mercado em expansão. A psicóloga Mariana Nunes da Costa Marco, com experiência também em orientação educacional, completa: “A psicologia vai muito além do consultório e hoje é encontrada em outros campos: educação, hospitalar, organizacional, políticas públicas, esportes, social, comunitária, trânsito entre outras. Essa amplitude de atuação aumenta a chance de ser desejada”, afirma.
Veja um vídeo sobre a carreira
Psicologia: confira 10 áreas de atuação além da clínica
Luís Sérgio Sardinha, coordenador dos cursos de Psicologia da Universidade Braz Cubas e da Universidade Anhanguera de São Paulo, em Santo André (SP), exemplifica esse grande leque de atuação do profissional. “Na área de Recursos Humanos, cabe ao psicólogo o desenvolvimento de processos de treinamento e desenvolvimento de pessoas e equipes, visando o crescimento profissional desses funcionários e contribuindo para uma melhor competitividade das empresas. Na Psicologia Escolar, ele lida com dificuldades de aprendizagem e auxilia na escolha profissional.”
“A expansão do mercado de trabalho e as especificidades de atuação na área têm permitido que o profissional tenha boa remuneração, assim como satisfação com o trabalho que desenvolve”, afirma Glaucia Guerra Benute, coordenadora do curso de Psicologia do Centro Universitário São Camilo, em São Paulo (SP).
Caroline de Oliveira Zago Rosa, coordenadora do curso de Psicologia do Centro Universitário Barão de Mauá, em Ribeirão Preto (SP), vê ainda um outro motivo: “devido ao estresse do dia a dia, tem se percebido o aumento significativo de doenças mentais, como por exemplo a depressão e a síndrome do pânico. Todos esses fatores não somente levam a divulgação do conhecimento da profissão de psicólogo como mostram, na prática, a atuação, a importância e a forma de trabalho desse profissional”.