O leitor Felipe Soares nos mandou um e-mail sobre o mercado de trabalho para Arquitetura. Ele está preocupado porque tem ouvido falar sobre uma possível crise nessa área.
“Como está o mercado de trabalho agora? Existe emprego? Seria de grande ajuda se pudessem tirar essas dúvidas.”
Nós já respondemos aqui no blog uma pergunta sobre a necessidade em saber desenhar bem nessa profissão. Agora conversamos com Adriano Soares, arquiteto formado pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Ele já trabalhou de forma autônoma e em parceria com escritório de arquitetura. Atualmente trabalha como arquiteto colaborador no escritório Libeskindllovet Arquitetos.
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Confira o panorama que ele fez sobre a profissão no Brasil:
“O mercado da construção civil depende muito de como vai a saúde econômica do país. Se o país está bem economicamente, há mais construções, logo, mais empregos. Se está mal, constrói menos. Como hoje estamos vivendo uma situação delicada do ponto de vista econômico (a inflação aumentou, o país tem crescido menos e o mercado imobiliário está começando a estagnar), é possível afirmar que o setor está menos aquecido que há alguns anos. Mas isso não quer dizer que é uma “crise” real. Se por um lado há menos construções, por outro, existem novas possibilidades e modalidades que não haviam antigamente.
Hoje o profissional de Arquitetura tem um leque maior de atuação no mercado, que muitas vezes não se restringe somente à parte de construção, mas também de gestão (de projetos, obras diretas e empreendimentos) e design de interiores (há muitos arquitetos trabalhando com design, decoração e até mesmo em consultoria de interiores). Além disso, estão surgindo mais vagas específicas para arquitetos em concursos públicos, o que pode também ser uma outra opção de carreira.
A profissão também não se restringe às construções, obras e desenhos. A carreira de arquiteto e urbanista te proporciona uma visão de cidade e comunidade privilegiada em relação a outras carreiras. Ou seja, há muitos arquitetos seguindo carreiras políticas, trabalhando em ONGs, desenvolvendo pesquisas em habitação popular, prestando serviços gerais a comunidades carentes.
Quando eu me formei, há quatro anos, o mercado estava bastante aquecido. Nunca me faltou trabalho. Comecei em pequenos escritórios de Arquitetura, como arquiteto colaborador e, paralelamente, fui desenvolvendo trabalhos por fora como freelancer (reformas de residências, representações de desenhos em 2D e 3D etc). Esse é um caminho natural para os recém-formados que estão atrás de um lugar ao sol. Mesmo para quem almeja abrir seu próprio escritório no futuro – acredito que uns 80% dos arquitetos desejem isso – é importante passar por esse caminho para ganhar experiência e entender como funciona a dinâmica do mercado. O meu desejo é ter meu próprio escritório, mas ainda tenho muito chão pela frente até chegar lá.”
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