(Imagem: Thinkstock)
Você sabe o que faz um engenheiro químico? Esses profissionais geralmente atuam com a otimização de processos industriais que ocorrem a partir de transformações físicas ou químicas. Ou seja, eles são responsáveis por simplificar e facilitar os procedimentos industriais, de modo que a empresa produza mais e gaste menos. A atuação desse engenheiro é ampla e versátil: ele pode trabalhar tanto em áreas como a indústria do petróleo quanto no campo do meio ambiente e das energias sustentáveis. Se você se interessa por essa carreira, vai querer saber um pouco mais sobre a graduação de Engenharia Química da Unicamp. Ministrado em Campinas, no interior de São Paulo, o curso existe há 35 anos e foi avaliado com 5 estrelas pelo Guia do Estudante 2014.
A cada ano, 100 novos alunos ingressam em Engenharia Química por meio do processo seletivo da universidade. O curso possui duas turmas, uma em período integral, que recebe anualmente 60 estudantes e tem duração mínima de cinco anos, e outra no período noturno, com 40 alunos e seis anos de duração. O curso da Unicamp aborda disciplinas gerais nos primeiros anos, como cálculo, química, física e programação, que fazem parte do Ciclo Básico, e depois se aprofunda em matérias mais específicas da Engenharia Química, como reatores químicos, termodinâmica e separações.
Saber ler em inglês é um dos pré-requisitos para os estudantes, já que boa parte dos livros didáticos e dos artigos acadêmicos está escrita nessa língua. Além disso, quem tem vontade de ser engenheiro químico também precisa estar disposto a encarar umas (muitas) continhas matemáticas ao longo do curso. “Temos que fazer muito muito muito cálculo! Ter o domínio de HP (calculadora utilizada por engenheiros), Excel, e outras ferramentas é essencial”, lembra a aluna do décimo semestre Mariana Zanetti.
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Ao contrário do que a maioria dos estudantes de ensino médio pensa, o campo de atuação do engenheiro químico pouco tem a ver com a química propriamente dita. “Na verdade, o curso devia se chamar engenharia de processos e tem muito mais física do que química! Mas mesmo assim ele é muito interessante”, explica o estudante do décimo período, Guilherme Gomes. Ele conta que, além da área de processos industriais, o engenheiro químico também pode atuar em pesquisa e desenvolvimento de produtos, na área ambiental e com projetos de equipamentos e plantas.
A vontade de exercer uma função que pudesse impactar positivamente a sociedade foi o que motivou o aluno do quarto ano Bruno Leite a optar por Engenharia Química. O estudante conta que pretende trabalhar, quando formado, nas áreas ligadas ao meio ambiente ou que tenham enfoque em desenvolvimento de produtos. “Quero atuar em algo no qual meu trabalho influencie diretamente no dia a dia do consumidor”, afirma. Além da afinidade com matemática e química, o impulso social também foi o que motivou Mariana a ingressar no curso da Unicamp. A aluna ressalta, porém, que a falta de matérias de humanas ao longo da graduação a decepcionou. “Claro que é um curso de exatas, mas ainda assim gostaria que houvesse mais interface com a sociedade, principalmente por se tratar de uma universidade pública.”
Tanto Mariana quanto Bruno não têm dúvidas de que o curso de Engenharia Químico é bastante acadêmico. O modelo da graduação não difere muito de outras áreas da Unicamp, que é uma universidade direcionada à formação de pesquisadores. Apesar de ter disciplinas laboratoriais durante oito semestres, Bruno questiona como se dá a aplicação dos conceitos aprendidos em sala de aula. “Muitas vezes os laboratórios consistem em coleta de dados amostrais que vão gerar apenas uma discussão num relatório sobre algum tema de alguma disciplina”, explica. “O curso se volta mais para fundamentos, teoria e projetos do que para a aplicação prática e para a interface com a indústria”, completa Mariana. A estudante conta que as disciplinas de operações unitárias, em que os alunos aprendem a projetar equipamentos, são suas preferidas. “É quando nós sentimos realmente engenheiros!”
Engenharia Química X Química
Por se tratar de uma profissão muito versátil, muitas pessoas confundem a atuação e o campo de estudos do engenheiro químico com o de um profissional da Química. A diferença entre essas duas profissões está, basicamente, na escala: enquanto o químico trabalha em escala laboratorial, o engenheiro químico atua em escala industrial. “Enquanto o químico faz o bolo, o engenheiro químico foca em produzir toneladas de bolo!”, brinca Bruno. Além disso, segundo Guilherme, o curso de Engenharia é voltado a questões mais práticas, como design de equipamentos, otimização de processos industriais e análise econômica, ao passo que o curso de Química, embora tenha matérias práticas, é majoritariamente teórico. O estudante ainda explica que a Engenharia Química se difere das outras engenharias por ser “o único curso no qual há um estudo de reações químicas e processos de separação, como filtração, destilação, extração etc”.
Palavra de Estudante
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Bruno Leite: “O que mais me fascina na Unicamp é que, por ser uma universidade no interior, você tem contato com pessoas de todo o Brasil e vivencia diariamente o ambiente universitário, já que muita gente não é de Campinas e vem morar aqui só para estudar. A universidade oferece várias oportunidades de atividades extracurriculares e eu recomendo a todos que aproveitem isso ao máximo. Fui parte da Empresa Júnior de Engenharia Química (Propeq) durante três anos, sendo minha ultima posição a de Diretor de Projetos Sociais. Coordenava uma equipe de nove voluntários membros da empresa com o objetivo de desenvolver, aplicar e gerenciar projetos sociais em Campinas e seus arredores.” Mariana Zanetti: “As áreas de trabalho em Engenharia Química são as mais diversas possíveis! Desde engenharia de processo, projeto ou produção dentro dos mais diversos tipos de indústria, até áreas comerciais como marketing e vendas, e até mesmo consultorias estratégicas e mercado financeiro. O engenheiro é muito reconhecido e valorizado pelo mercado. Então existe uma gama vasta de oportunidades. Com a preparação adequada e boa vontade todos conseguem seu estágio. O que não significa, necessariamente, que o emprego é garantido. Muitas vezes se pede uma experiência que recém-formados não têm, e as vagas são poucas para muita gente tentando.” Guilherme Gomes: “A recepção dos calouros na Unicamp é bem tranquila e sossegada. Há o trote com tinta, pedágio e tudo mais, mas os veteranos respeitam quem não quer participar. Além disso, na Unicamp há o Trote da Cidadania, no qual os calouros se envolvem em atividades beneficentes em creches, casas de repouso e em outras instituições ou ONGs de Barão Geraldo (bairro de Campinas onde está localizada a universidade).” |