‘Matéria dada, matéria estudada’: essa é mesmo uma boa técnica?
Em alguns pontos, te explico porque essa estratégia pode tomar muito seu tempo e não trazer resultados
Esse é um daqueles bordões tão arraigados na cultura dos estudos, que quase todo aluno o internaliza sem questionar muito. Matéria dada, matéria estudada. Mas será que a melhor forma de se organizar em um ano de vestibulares é mesmo essa?
Bem, se você acompanha minha coluna aqui no GUIA DO ESTUDANTE há algum tempo, a resposta fica até meio óbvia: não. E eu vou te explicar o porquê em alguns pontos.
Ponto 1: Você precisa de tantas aulas?
O primeiro deles nem está no momento de revisão em si, mas nas aulas. Será que todas as aulas são mesmo necessárias? É importante questionar se você realmente precisa assistir novamente uma aula de uma matéria que já domina – e, seguindo a lógica do “matéria dada, matéria estudada”, você perderia ainda mais tempo depois se aprofundando naquele assunto.
Ponto 2: Listas enormes não melhora a memorização de longo prazo (a que importa)
O segundo motivo para não seguir essa estratégia é que, normalmente, ela envolve a resolução de listas infindáveis de exercícios. Às vezes, são dezenas de questões, e você já teria absorvido o conteúdo resolvendo apenas 3 ou 4 quatro delas. No curto prazo o estudante pode até pensar que resolver mais exercícios vai fazer aprender melhor, mas se ele retornar para aquele conteúdo meses depois, perceberá que ele não ficou tão fixado assim na memória.
É neste momento que entra minha dica da prática espaçada de estudos: ao invés de resolver 50 questões daquela matéria que você estudou no dia da aula, faça apenas algumas, para se assegurar de que realmente entendeu. Deixe o restante para resolver depois de algum tempo, em curtas revisões espaçadas ao longo das semanas. Assim, sua memória fixa melhor o conteúdo no longo prazo.
Ponto 3: A matéria não estudada é esquecida
E falando em revisões espaçadas, uma outra desvantagem do “matéria dada, matéria estudada” é que ele não permite que você retome conteúdos que já foram vistos há algum tempo e que precisam ser revisados. Você fica preso apenas ao conteúdo visto naquele dia, naquela semana. O ideal, reforçando mais uma vez, é que as revisões do que você já estudou aconteçam semanalmente.
Ponto 4: Não tem foco no que aumenta sua nota
Para encerrar, um outro problemão dessa estratégia de estudar apenas os conteúdos das aulas do dia é que você se deixa guiar pelo cronograma de aulas da escola ou do cursinho, que por vezes dão a mesma ênfase para todas as disciplinas. Explico melhor. Muitas vezes, você vai ter a mesma quantidade de aulas de História e Biologia, sendo que o segundo requer muito mais tempo de estudo porque conta com uma carga maior de conteúdos.
Ponto 5: Não prioriza os assuntos que mais importam pela TRI e mais caem
Isso sem mencionar que você acaba engessado e não consegue priorizar aquilo que faz mais sentido de acordo com a prova que está prestando: no Enem, por exemplo, Matemática é uma das disciplinas que mais pesam na nota, e é preciso dominar assuntos básicos como aritmética ou regra de três. Seguindo o cronograma da escola, a tendência é que você acabe mergulhando – ou se afogando – em conteúdos complexos e que não têm tanta incidência na prova.
+ Matemática no Enem: o que mais cai na prova e como estudar
Ponto 6: Estuda em excesso, mas tem baixo rendimento
A última dica e alerta que eu deixo sobre a técnica de “matéria dada, matéria estudada” é que, por vezes, ela acaba consumindo uma quantidade de horas gigante do estudante, que passa todas as horas do dia em aula, ou revendo o conteúdo visto nela. Essa não é uma rotina saudável, mesmo em ano de vestibular. O ideal é que você separe uma parte do seu tempo para se alimentar bem, exercitar-se e descansar!
Fez sentido agora?
Susane Ribeiro foi aprovada em engenharia aeronáutica no ITA, em medicina na USP e na Unicamp e criou o Método Sniper de Questões. Ela tem um canal no YouTube onde dá dicas para estudar melhor e manter a motivação.