Com uma carreira iniciada nas HQs de vanguarda nos Estados Unidos, Joe Sacco tornou-se sinônimo do jornalismo em quadrinhos, linguagem inovadora surgida nas últimas décadas. Suas obras mais conhecidas, sobre o conflito na Palestina e a Guerra na Bósnia, trazem a realidade crua de zonas de confronto armado, com informações apuradas com rigor jornalístico, na forma de gibi. O resultado são histórias envolventes, que ensinam muito sobre temas importantes da atualidade.
Nascido em 1960, em Malta, ilha no mar Mediterrâneo, no sul da Europa, Joe Sacco entrou na Universidade de Oregon, nos Estados Unidos, no fim dos anos 1970. Passou a década seguinte trabalhando para pequenas editoras.
O cenário da época era marcado pela contracultura e pela pop art, que, desde os anos 1960, tornaram os quadrinhos coisa de “gente grande”, com a expansão das HQs underground. Um nome de destaque é Robert Crumb, com sua visão cáustica e engraçada da sociedade. Os primeiros quadrinhos de Joe Sacco são visivelmente inspirados em Crumb. Aos poucos, desenvolve seu próprio estilo.
Ele descobre a reportagem em desenho com o relato de uma viagem para a Europa com uma banda de rock. Em 1991, Sacco sofre o impacto da realidade dos palestinos ao passar dois meses em Israel e nos territórios ocupados, tomando notas e desenhando. Tudo isso vira uma grande reportagem em quadrinhos: Palestina – Uma Nação Ocupada é lançada em 1993. Com ela, Sacco torna-se conhecido e ganha diversos prêmios. Em seguida, lança Palestina – Na Faixa de Gaza, hoje reunidos em um único livro, Palestina.
Joe Sacco termina em 2000 outra grande reportagem: Área de Segurança Gorazde, HQ sobre um pequeno enclave muçulmano em meio à guerra étnica na Bósnia, cenário de massacres e crueldades com base em diferenças culturais, linguísticas e religiosas. Gorazde é uma das obras mais contundentes sobre a guerra de desagregação da antiga Iugoslávia, uma terrível barbárie sobre o solo da Europa.
De volta à Palestina, dez anos depois, lança outra obra densa, Notas Sobre Gaza, na qual aborda um episódio esquecido pelos livros de história, mas que simboliza uma história em que, ao longo do tempo, acumularam-se rivalidade e ódio: o massacre de centenas de palestinos por forças de Israel nas cidades de Khan Younis e Rafah, na Faixa de Gaza, em 1956.
Uma marca comum a esses trabalhos de Joe Sacco é que o autor dá voz a dezenas de pessoas que perderam pais, irmãos e filhos em conflitos, e que ainda sofrem suas consequências. Com frequência, ele narra suas próprias dificuldades em lidar com o peso da situação e de seus próprios sentimentos. Assim, aproxima o leitor da difícil e contraditória realidade, fornecendo-lhe uma preciosa vivência para entender os acontecimentos.
Palestina
Editora Conrad | 286 páginas
Área de Segurança Gorazde
Editora Conrad | 232 páginas
Notas sobre Gaza
Editora Conrad | 432 páginas