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HQ narra Guerra da Bósnia sob ótica das vítimas civis no conflito

Formato de HQ personifica o terror do conflito nas expressões dos personagens e nas cenas de uma Sarajevo arrasada pela guerra

Por da redação
Atualizado em 27 set 2017, 15h28 - Publicado em 27 set 2017, 15h25
HQ narra Guerra da Bósnia sob ótica das vítimas civis no conflito
(Reprodução/Divulgação)

A máquina de fax era o que permitia a Ervin Rustemagić manter contato com o restante do mundo nas tentativas de mobilizar ajuda ou para relatar o cotidiano de um conflito que parecia não ter fm.

O cerco à capital Sarajevo em 1992, episódio que dá início à Guerra da Bósnia, altera completamente a vida do editor de histórias em quadrinhos de origem bósnio-muçulmana. Após terem destruído sua casa e o estúdio que servia de abrigo a ele, Ervin e sua família passam a conviver com o medo e a insegurança, sob o barulho constante das explosões de granadas sérvias.

A “limpeza étnica” promovida pelos sérvios era implacável. O simples ato de sair à rua poderia ser fatal, dada a quantidade de bombardeios diários e de franco-atiradores posicionados no alto dos prédios, remunerados conforme o número de pessoas que matavam. Casas eram saqueadas e destruídas, mulheres eram tomadas como prisioneiras sexuais e execuções em massa se tornavam cada vez mais frequentes.

A falta de eletricidade ou de linhas telefônicas somava-se à escassez de água e comida. Os comboios sérvios controlavam as fronteiras, impedindo que qualquer pessoa não autorizada deixasse a cidade. No entanto, ficar em Sarajevo por mais tempo significava aguardar uma morte trágica e iminente.

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Os 18 meses em que a família Rustemagić viveu de perto o horror da guerra são descritos com detalhes nas mensagens enviadas por Ervin por meio dos antigos aparelhos de fac-símiles (fax), que transformam desenhos e textos em papel em imagens enviadas por linha telefônica. Destinadas a amigos da indústria editorial de várias partes do mundo, suas mensagens retratam as tentativas da família de deixar o país.

Coube ao quadrinista norte-americano Joe Kubert, amigo pessoal de Ervin e destinatário de boa parte dos fax, reunir e interpretar o material utilizado para a criação de Fax de Sarajevo. Kubert possui carreira relevante como desenhista de quadrinhos, colaborando em empresas como a DC Comics e a Marvel.

A opção do autor pelo formato de HQ confere à história maior dinamismo, personifica o terror do conflito nas expressões dos personagens e nas cenas de uma Sarajevo arrasada pela guerra. Colocados na íntegra ao longo da história, os fax conduzem a narrativa, estabelecendo uma espécie de diário de guerra.

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Apesar de ter ganhado versão nacional apenas em 2016, a obra foi originalmente publicada em 1996, e venceu importantes prêmios internacionais de quadrinhos, como o Eisner e Harvey Awards, dos Estados Unidos, e o do Festival de Angoulême, na França.

A Guerra da Bósnia completa, em 2017, 25 anos de seu início. Foi o mais sangrento conflito armado na Europa desde a II Guerra Mundial.

HQ narra Guerra da Bósnia sob ótica das vítimas civis no conflito
(Reprodução/Divulgação)

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FAX DE SARAJEVO
Autor: Joe Kubert
Editora Quadrinhos Via Leitura , 208 páginas.

 

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Estudo
HQ narra Guerra da Bósnia sob ótica das vítimas civis no conflito
Formato de HQ personifica o terror do conflito nas expressões dos personagens e nas cenas de uma Sarajevo arrasada pela guerra

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