
Para alguns, pensar no assunto já é motivo de calafrios. Outros são mais tolerantes e logo se recordam de animações como “Ratatouille” ou “Por Água Abaixo”. Afinal, como se referir a um grupo destes polêmicos roedores? Será que o coletivo de rato é ratada? Ratice? Ratazana em grupo? Essa dúvida parece roer a mente de muita gente.
Chamamos Margarete Xavier, autora de Língua Portuguesa do Fibonacci Sistema de Ensino, para resolver essa charada e ainda dar uma verdadeira aula sobre roedores e gramática!
Segundo a professora, o coletivo de rato é rataria. A palavra se origina de “rato” + o sufixo “-aria”. “Rato, segundo dicionários etimológicos, provavelmente vem do latim vulgar rattu. De origem incerta, supõe-se que seja palavra formada por onomatopeia, por semelhança com o som do ato de roer feito por esse roedor. É vocábulo comum às línguas românicas e germânicas. Rata é do século 10; ratão data de 1813; rataria, de 1890; ratazana, de 1874”, explica Margarete.
Sim, até a palavra “rataria” tem história. E é muito mais antiga do que parece!
5 frases com “rataria” para treinar
Margarete também separou cinco frases com uso real do coletivo de rato pra você não esquecer mais:
- O gato saiu em busca da rataria do paiol.
- Uma rataria atacou o milho armazenado na despensa.
- Quando o gato dorme, a rataria sai da toca.
- Um gato feroz vigia o buraco no rodapé da cozinha, tocaiando a rataria.
- Todas as ratoeiras estão armadas para acabar com a rataria da casa.
E vale lembrar: no sentido figurado, “rato” pode significar “indivíduo que pratica pequenos furtos” ou alguém que frequenta constantemente um lugar, como em “rato de biblioteca” e “rato de laboratório”.
Bônus literário: a “Assembleia dos Ratos”
Conhece essa fábula clássica de Monteiro Lobato, “Assembleia dos Ratos”? O autor usa a palavra “rataria” para falar do coletivo desses roedores. Confira o texto abaixo:
“Um gato de nome Faro-Fino deu de fazer tal destroço na rataria duma casa velha que os sobreviventes, sem ânimo de sair das tocas, estavam a ponto de morrer de fome.
Tornando-se muito sério o caso, resolveram reunir-se em assembleia para o estudo da questão. Aguardaram para isso certa noite em que Faro-Fino andava aos miados pelo telhado, fazendo sonetos à lua.
– Acho – disse um deles – que o meio de nos defendermos de Faro-Fino é lhe atarmos um guizo ao pescoço. Assim que ele se aproxime, o guizo o denuncia e pomo-nos ao fresco a tempo.
Palmas e bravos saudaram a luminosa ideia. O projeto foi aprovado com delírio. Só votou contra, um rato casmurro, que pediu a palavra e disse:
– Está tudo muito direito. Mas quem vai amarrar o guizo no pescoço de Faro-Fino?
Silêncio geral. Um desculpou-se por não saber dar nó. Outro, porque não era tolo. Todos, porque não tinham coragem. E a assembleia dissolveu-se no meio de geral consternação.
Dizer é fácil; fazer é que são elas!”
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