Em 2050, a população mundial será de 9,6 bilhões de habitantes, de acordo com estimativas da Organização das Nações Unidas (ONU). Embora o crescimento demográfico ocorra em ritmo menor em relação ao registrado nas décadas passadas, o planeta vai contar com mais 2,4 milhões de habitantes até lá. Como não restam muitas fronteiras agrícolas, ou seja, novas terras que podem ser usadas para o plantio, como lidar com a necessidade de aumentar a produção de alimentos?
Diante dessa questão, a biotecnologia – ramo da ciência que aplica os conceitos da engenharia genética na geração de novos produtos – apresenta duas alternativas para aumentar a produtividade agrícola: o uso de sementes transgênicas e de agrotóxicos. Mas a utilização desses recursos causa polêmica em virtude de eventuais riscos para o meio ambiente e a saúde humana.
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Transgênicos
Transgênicos são Organismos Geneticamente Modificados (OGM), ou seja, que sofreram uma alteração em seu DNA por meio da engenharia genética (com a inserção de genes de uma espécie em outra) para ter uma característica que não possuíam antes. O principal objetivo seria o desenvolvimento de plantas mais resistentes a pragas e a insetos e o consequente aumento da produção agrícola.
As culturas transgênicas, principalmente de soja, milho e algodão, aumentam em todo o mundo. Já são transgênicos 80% da soja e 30% do milho plantados no planeta. O Brasil é o segundo maior plantador mundial de sementes transgênicas, atrás apenas dos EUA.
Os críticos argumentam que a transferência de genes de uma espécie a outra pode provocar a contaminação dos ecossistemas e comprometer a biodiversidade. Um dos maiores receios é que, numa plantação, sementes modificadas sejam levadas pelo vento ou pela chuva para áreas de espécies silvestres, afetando as plantas nativas ou a saúde de animais e, daí, desequilibrando todo o ecossistema. Além disso, não se conhecem todos os efeitos colaterais dos transgênicos sobre os organismos animais e humanos.
No Brasil, desde 2003, uma lei federal obriga que os produtos que levam matéria-prima transgênica, como óleo de soja, fubá e derivados, tragam no rótulo um “T” preto sobre um triângulo amarelo. No entanto, em abril de 2015, a Câmara dos Deputados aprovou um projeto de lei que dispensa a obrigatoriedade do símbolo nos rótulos dos alimentos. O projeto ainda depende de aprovação no Senado.
Agrotóxicos
O Brasil é o maior consumidor mundial de agrotóxicos – os produtos (inseticidas, fungicidas e herbicidas) utilizados na agricultura para controlar insetos, doenças (causadas por fungos, por exemplo) ou plantas daninhas que causam prejuízos às culturas.
Os agricultores justificam o uso dos agrotóxicos como indispensáveis para a produção em larga escala. Mas entre os pesticidas utilizados no país estão alguns potencialmente cancerígenos e que já foram proibidos em diversos países e na União Europeia, como o glisofato. Segundo análise por amostragem de alimentos da cesta básica, realizada pela própria Anvisa na cidade de São Paulo, em 2014, quase um terço deles tinha agrotóxicos proibidos ou em quantidade acima da permitida por lei. Entre os danos à saúdo associados ao consumo de alimentos com agrotóxicos estão câncer, infertilidade, impotência, abortos, malformações fetais, desregulação hormonal e efeitos sobre o sistema imunológico.